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Pesquisadores nos Estados Unidos consideram deletério o uso de maconha no tratamento do HIV em pessoas de meia idade e mais velhos

Quem sente a dor excruciante da neuropatia periférica sabe bem do que eu estou falando
Quem sente a dor excruciante da neuropatia periférica sabe bem do que eu estou falando

Os últimos estudos sobre canabis (maconha) tem levado a crer que uma saúde mental ruim, desemprego, baixa qualidade de vida e falta de engajamento social estão associados ao uso de maconha, segundo os pesquisadores do relatório dos Estados Unidos no mês de Junho da 1ª edição da Revista de Síndrome Imunodeficiência Adquirida.

A um estudo com um desenho “cross-setorial” determinou que os autores foram incapazes de dizer ao certo se utilizar da maconha foi a causa ou apenas um sintoma desses problemas de saúde. “Não é possível determinar se a associação entre RMU [recente uso de maconha] e QV [qualidade de vida] e o descompromissamento social como consequência da escolha de usar ou de se automedicar com maconha, e se o uso de maconha leva à menor capacidade de agragamento, ou os dois”, explicam os pesquisadores. No entanto, acreditam que suas descobertas têm implicações para o cuidado de pacientes idosos HIV positivos e que esses relatórios sobre a utilização de canabis deveria ter como objetivp a saúde mental e apoio social às avaliações.

Com o tratamento adequado e cuidados, pacientes com HIV podem ter uma excelente expectativa de vida. Prevenção e tratamento de doenças e condições associadas com o envelhecimento são, por isso, cada vez mais os componentes importantes cuidado ao soropositivo

Os autores do estudo acreditam que o objetivo deste atendimento deve ser a promoção do “envelhecimento bem-sucedido”, que definem como a ausência de doença, um elevado nível de função física, boa saúde mental e emocional e altos níveis de engajamento social.

Pesquisas avaliando o uso de canabis por pacientes com HIV tem geralmente focado no seu uso como tratamento paliativo para o alívio dos sintomas associados à infecção pelo HIV ou tratamento com antirretrovirais. A maioria desses estudos foram realizados antes ou logo após da terapia eficaz do HIV se tornar disponível.

Uso Medicinal de canabis foi legalizado no estado americano do Colorado em 2000. Os pesquisadores da Universidade do Colorado quiseram determinar o impacto do consumo de canabis sobre os pacientes HIV-positivos na meia-idade (45 a 65 anos) sobre carga de doença, física e funcionamento mental e a qualidade de vida e o compromisso social.

O recrutamento começou no final de 2010 e a população do estudo foi composta por 359 pacientes, com idade média de 52 anos. Todos estavam tomando terapia antiretroviral e tinham uma carga viral suprimida. A contagm mediana de CD4 era superior a 500 células/mm3. A maioria dos pacientes eram do sexo masculino (85%) e brancos (75%).

Consumo recente de canabis foi relatado por 26% das pessoas. O uso da droga foi associado com maior duração desde o diagnóstico de soropositividade para o HIV (14 versus 11 anos; p = 0,04), aumentando as chances de ter um baixo rendimento anual (92% vs 80 %; p = 0,006) e o tabagismo (48% vs 29 %; p = 0,001).

Após ajuste para potenciais agentes causadores de confusão na pesquisa, não houve diferença no peso da doença relatado pelos usuários e não-usuários de canabis. Nem a função física difere de acordo com o uso da droga, embora análises preliminares sugerissem que os consumidores de canabis tivessem menor possibilidade de completar uma caminhada com um total de 400 metros.

Skeleton of the man with the backbone
Venha aqui, no meio da noite, quando eu acordo gritando, mapear os caminhos da dor. Isso, com metadona na cabeçs!

Os consumidores de canabis tiveram menor qualidade mental de vida relacionada à saúde (papel-função, p = 0,05) e funcionamento social (p = 0,048).  Além disso, pacientes que relatam uso recente de maconha também foram mais susceptíveis do que os não-usuários a estarem subempregados ou desempregados (p = 0,001).

“A meia-idade entre pessoas infectadas pelo VIH sobre a TARV, o impacto do RMU sobre envelhecimento bem-sucedido está associado a medidas selecionadas tanto do ponto de vista físico como mental QV,” concluem os autores. “O uso autorelatado de maconha pode ser usado como uma “bandeira vermelha” para a necessidade de avaliar a saúde mental e os recursos sociais para os adultos mais velhos com HIV…buscando considerar o uso de maconha ao identificar obstáculos potenciais ao envelhecimento bem-sucedido, tais como o uso dos recursos sociais e de apoio que podem melhorar o envelhecimento bem-sucedido entre adultos mais velhos com a infecção pelo HIV”.

Michael Carter

Publicado em: 15 Junho de 2015

Traduzido do original em Consider cannabis use when assessing middle-aged and older patients with HIV, say US investigators por Cláudio Santos de Souza

Reference

Allshouse AA et al. The impact of marijuana use on the successful aging of HIV-infected adults. J Acquir Immune Defic Syndr, 69: 187-92, 2015.

Nota do editor de Soropositivo.Org:

Eu não uso maconha para controlar as dores, às vezes excruciantes, que me são provocadas pela neuropatia periférica simplesmente porque não tenho liberdade jurídica para isso. Entretanto, tomo metadona, 5 vezes por dia. Uma droga que, segundo uma das duas neurologistas que me acompanham, é trinta e sete vezes mais potente que a morfina que eu, diga-se de passagem, passei 90 dias tomando, dia sim, dia não e que, hoje, nem barato dá.

Embora eu publique a notícia, ela tem cheiro de moralismo e, se uma pessoa me permitir,  eu colocarei o depoimento dela, a pessoa, aqui mesmo, nesta página.

Sobre dor e uso de maconha.

O grande problema é que o cultivo é fácil e independe do concurso da indústria farmacêutica… (…) …

O texto que segue abaixo é uma mensagem de Beto Volpe, da ONG Hipupiara, um autêntico sobrevivente

“Ainda bem que os pesquisadores são os primeiros a citar que o recente uso de maconha não pode ser associado à qualidade de vida das pessoas com HIV.

De minha parte, faço uso recreativo desde os quinze anos de idade e em duas situações ela foi fundamental para que eu ainda esteja vivo. A primeira foi em 96, durante um episódio grave de candidíase e a outra em 2003, em uma quimioterapia extremamente severa.

Em ambos os casos minha perda de peso passou dos 30 quilos, mesmo com a alimentação estimulada pelo consumo da maconha. Em outras duas ocasiões a maconha foi um excelente auxiliar, durante a evolução de necrose de cabeça de fêmur e de uma radioterapia no reto, que produziram dores fortíssimas que só eram atenuadas sob o efeito da cannabis.

Detalhe: nesse meio tempo dirigi uma ONG por quinze anos, defendi duas teses no STF em saúde pública, ganhamos várias premiações internacionais, cuidei de meu pai até seu último suspiro, ou seja, não houve prejuízo de minhas faculdades mentais e qualidade de vida. Acho que a pesquisa embola causa e efeito ao compilar os aspectos negativos da maconha, esquecendo-se que efeitos colaterais existem em qualquer medicamento. Inclusive o coquetel, responsável por quase todas as enfermidades que tive nesses 26 anos de HIV positivo.”


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