Janela Imunológica - 14 Dias

Questionadas as políticas contra gravidez adolescente

Gravidez Adolescente

A gravidez adolescente foi objeto de estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que lançou um mote de repreensão a respeito das movimentações das políticas públicas voltadas na direção de evitar a gravidez na adolescência. 

O que existe hoje em dia dentro do país em políticas públicas são limitadas em sua extensão e alcance e são estigmatizados e não evitam a gravidez adolescente e muito menos o avanço da AIDS entre as adolescentes, dado o fato de oferecerem apenas anticoncepcionais com um viés estigmatizante, conforme a análise publicada no livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil.

No capítulo batizado de “Síndrome de Juno: gravidez adolescente, juventude e políticas públicas”, em referência ao filme Juno, vencedor do Oscar 2007 de melhor roteiro original, o livro comprova que a quantidade  de mães adolescentes cai tímida e insuficientemente, tendo em vista a entrega dos comprimidos.

gravidez adolescente

Eu penso que deveria ser feita a entrega de camisinhas e a orientação clara sobre a urgentíssima necessidade de não manter relações sexuais desprotegidas pura e simplesmente, e orientar, informando, em sala de aula, o quão desastrosa é uma gravidez adolescente, mostrando que a primeira coisa que se perde, quando não se é expulsa de casa, é a possibilidade de estudar e, com base em minha experiência de vida, e tudo o que eu vi, vivi e com o que convivi enquanto DJ em prostíbulos de luxo como o Vagão Plaza, o Louvre e o Le Masque, ouso dizer que chega muito perto dos cinquenta por cento das moças que vivem o triste episódio de gravidez adolescente, e acabam por abandonar os estudos no terceiro ou quarto mês de uma gravidez não planejada, e não voltam mais aos estudos, pois precisam cuidar de seus bebês, perdendo a importantíssima oportunidade se educarem, esclarecerem-se e de se empoderarem, saindo, então, do peso opressor desta sociedade ridiculamente patriarcal, misógina e machista onde nem a mãe tem a dignidade e a coragem de falar sobre sexo e sexualidade com sua próprias filhas.

 

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam para a redução do percentual de jovens de 15 a 19 anos com filho de 12,6%, em 1996, para 10,7%, em 2007.

A prevalência da gravidez na adolescência na população continua concentrada nas classes com menor poder aquisitivo: 44,2% das meninas de 15 a 19 anos com filhos pertencem à faixa de renda familiar per capita de até meio salário mínimo. Isso significa que quase 18% das jovens do extrato de renda mais baixo no país são mães.

Gerar um filho nessa classe social, significa ter o futuro profissional comprometido, em consonância com o que aponta a análise e o que eu, com minha experiência de vida noturna como DJ e “chefe de bailarinas”, que eu vi chegarem às boates com uma barriga, pedindo acolhimento e entrando para a prostituição ainda grávidas.

E depois, passam um bom tempo acumulando dívidas sobre dívidas com agiotas e um outro longo tempo pagando estas dívidas com taxas escorchantes, tudo porque havia a finalidade de sobreviverem até a criança nascer e, uma semana depois do parto, sem aquilo que eu conheci com o nome de resguardo, _iniciavam suas atividades profissionais_.

Isso com as adolescentes com idade acima de 18 anos, enquanto aquelas que engravidam entre os 10 e 17 anos acabam  perdidas nas ruas, orbitando a cracolândia em São Paulo (em um amargo exemplo) onde são transformadas em “aviões”, o nome que se dá para a pessoa que se arrisca a ser presa por tráfico de drogas, carregando para o usuário comprador, a droga comercializada, podendo pagar com muitos anos por um crime que cometeram em uma situação desesperadora onde eu mesmo, na posição delas, tenho certeza que faria a mesma coisa. 
Para se rematar a discussão, no outro lado, entre as meninas entre os 10 e 17 anos sem filhos, somente 6,1% não estudam. Já entre as que têm filhos, a proporção chega a 75,7%, sendo que 57,8% não estudam nem trabalham.

“Abandono do Ambiente escolar”

Segundo o Ipea, o projeto mais significativo do Ministério da Saúde em relação a adolescentes é o Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), de 2003. Contudo, os jovens que têm filhos, em geral, já abandonaram o ambiente escolar.

Os  profissionais de saúde estão despreparados para trabalhar e dialogar com pessoas nessa faixa etária, como é claramente demostrado em estudos divulgados pela pasta e citados pelo Ipea. Não é incomum que estes profissionais tenham dúvidas éticas (SIC), e acabam exercendo um papel de controle da expressão da sexualidade, vinculando-a sempre à reprodução, o que afasta o jovem que, naturalmente, não pensa assim e não é possível educar-se os jovens do século XXI com os dogmas, métodos e sistemas como se castravam os adolescentes das décadas de 30, 40 e 50 do século XX.

Estigmatização

A análise também reitera que é preciso relativizar a noção de que a gravidez na adolescência é sempre um fenômeno indesejado, negativo e prejudicial. Segundo pesquisas citadas pelo Ipea, meninas de classes mais baixas muitas vezes buscam no filho a possibilidade de construir sua identidade e se sentir com mais poder ou, como uma pessoa ligada a mim por laços de consanguinidade, que engravidou assim que pode para escapar, ela, dos castigos físicos perpetrados pela mãe, ás vezes em frente ao portão escolar!

Para muitas adolescentes, o projeto de vida profissional dá lugar ao de construir uma família, o que muitas vezes é valorizado entre o grupo de amigas. Além disso, as meninas acreditam ser capazes de ser mães, uma vez que frequentemente têm de cuidar de irmãos mais novos.

Contracepção

O livro ressalta o avanço das políticas públicas que ampliaram a oferta de métodos contraceptivos para usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), incluindo a distribuição da pílula do dia seguinte. No entanto, dados de 2006 indicam que somente 36,7% das meninas entre 15 e 19 anos utilizam algum método.

Os estudos demonstram que os jovens conhecem as formas de evitar a gravidez e sabem onde conseguir anticoncepcionais e preservativos, mas não os utilizam com regularidade. As razões para isso são complexas e muitas vezes envolvem o receio das meninas de serem vistas como experientes demais, o que é avaliado negativamente pelos meninos. Nota do editor: bando de borra-botas que não tem o menor pudor em tirar a virgindade de uma menina e, depois, dizer que ela “não serve para ser mãe de seus filhos! Eu tenho que falar, é um monte de filho da puta os panacas que fazem isso!

A desigualdade nas responsabilidades de homens e mulheres em relação a filhos também é outro ponto abordado. Um exemplo é a tarefa de prevenir a gravidez, sempre atribuída à mulher. Outro é a ausência do pai na criação do filho, que, associada a mães e avós sobrecarregadas, constitui um fator de instabilidade para crianças que também serão pais ou mães um dia.

Ignorar questões mais profundas como essas, segundo o livro, é uma grande falha que gera um grande abismo estrutural. Como será a sociedade que nossos netos e bisnetos viverão, se existir mundo?

Escrito por Cláudio Souza com informações da gazeta de Alagoas.

Revisão de Mara Macedo.

Depois do texto e da revisão eu me lembrei de um episódio deveras particular. Eu tinha sido convidado por um amigo para trabalhar como DJ numa boate, e aceitei no afã de matar saudades de minha antiga profissão, que me trouxera tanta alegria e que me impediram de exercê-la dramaticamente em 1994.

Bem, a verdade é que tudo não passou de três dias, porque eu até gostaria de trabalhar como DJ. Mas num single’s bar, num restaurante dançante… Não me parece, finalmente, natural trabalhar e viver d recursos obtidos num local que, de uma forma ou de outra, explora o lenocínio. É verdade, eu sei… trabalhei muito tempo assim e reconheço que de alguma forma eu me deixei macular por isso e, em minha defesa, eu só tenho a dizer que quando eu entrei nisso não conhecia outra coisa e minha educação, aquela coisa com a qual meu pai me faltara, foi estabelecida por pessoas da noite. Eu afirmo que são pessoas decentes que, de uma forma ou de outra, também foram arrastadas para lá e, como eu e outros muitos, deixaram-se quedar lá dentro, por conta “do brilho das luzes.

Enfim… Nestes três dias eu conheci uma menina, e eu não ousaria apostar que ela tinha mais de dezoito anos quando a conheci. Ela me contou que morava com a mãe, viúva e que viera a falecer, certamente por desgosto, deixando a filha, menor, sem ninguém para “cuidar” dela.

Assim, ela se viu na obrigação (isso é o Diabo) de ir viver com a irmã casada, que “liquidou o imóvel e, digamos, absorveu os valores que pertenceriam a jovem em questão. Assediada pelo cunhado e impermeável às suas solicitações, foi caluniada e a irmã mais velha, a atirou nas ruas e ali estava ela, na boate, sem ter onde morar, morando em um dos quartos que o “estabelecimento comercial” utilizava-se para tornar ainda mais lucrativa a exploração do lenocínio.

infelizmente estava fora de meu alcance socorre-la, pois eu não teria como explicar isso em casa, soaria como um completo absurdo. Além disso, no dia seguinte, meu “amigo” não gostou da pressão que eu fiz sobre ele para colocar o som da casa em ordem e me disse algumas bobagens e para não descer minha bengala, que é uma haste de ferro coberta por marfim, na cabeça dele, pois era bem o que ele merecia, baseando-se estritamente no que ele me disse, fui embora sem dizer nem até logo.

Esta Irmã mais Velha eu quero poder esperar no portão do Inferno, onde lhe contarei o porquê de ela estar entrando por aquele portão e lhe dizer uma meia dúzia de palavras impublicáveis aqui.

 


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