Home aids Como é a vida de um soropositivo?

Como é a vida de um soropositivo? A pergunta chega perto de ser….

Eu tenho uma amiga que pesquisa, na rede, por perguntas frequentes a respeito da palavra “soropositivo”, por exemplo.

E ela encontrou uma pergunta que eu achei assaz interessante e decidi-me por tentar respondê-la a partir da minha ótica, porque, na verdade, tudo é uma questão de perspectiva.

Em mil novecentos e noventa e quatro, quando eu recebi o diagnóstico, não havia tratamento como os de hoje e, os que haviam, davam-nos uma perspectiva de seis meses de vida, mas com uma péssima qualidade de vida e a “minha infecto” daquela época, Drª Patrícia Maia Cippolari teve de aguentar e concordar com meu raciocínio:

Se é Para Morrer, deixe me morrer sem vomitar

“Drª, se eu tenho só mais seis meses de vida, permita-me vivê-los sem vomitar 6 vezes por dia.

Eu Só Queria Sobreviver, pois era o que dava para almejar

E passei a viver como na letra da Sai em Chanderlier:
“I wanna live like tomorrow no exist” —Eu quero viver como se o amanhã não existisse—.

E tentei viver assim.

Uma série de “lances do destino, fizeram-me ir parar numa casa de apoio.

Casa de Apoio Brenda Lee. Pronto!

Bem, o pior de tudo era não poder sair para procurar emprego e, assim, eu passei a cuidar de um paciente, extremamente debilitado, sofrendo de Tuberculose Miliar que é a tuberculose disseminada por todo o corpo e eu, tolo que era, ousei imaginar que meu apoio talvez ele pudesse ter forças e ganas para se recuperar, mas não se recuperou.

Para saber mais sobre isso você pode ir ao menu ou clicar no link a seguir, que abe em uma outra aba e fala de mim, de uma outra forma, numa diferente perspectiva, em Cláudio Afonso.

Há um outro depoimento meu, de um tempo anterior ao que eu vivi como soropositivo e, naquela fase, eu era “ninguém”, apenas um morador de rua para o qual ninguém honrava nem mesmo com um “segundo olhar” ….

As Quatro Noites

Eu narro em “As Quatro Noites”, também em outra janela.

Minha vida como soropositivo não é muito diferente da sua.
Eu faço três refeições importantes todos os dias e, quando tenho paciência, faço “outras refeições intermediárias”, mas, para o bem da verdade, eu sou movido a café.

Do momento em que iniciei este texto, até aqui, já estou próximo do terceiro café. Eu creio que isso se deva a uma espécie de “memória afetiva”, porque quando eu era morador de ruas, e eu o fui duas vezes, a única coisa que eu conseguia ingerir ainda quente era um café.

Faço Amor

Mas eu faço amor como todo mundo, com a diferença que eu tenho 55 anos e a vida sexual de um homem de 55 anos não é a mesma, nem em intensidade e nem mesmo em quantidade, a mesma que eu tinha, por exemplo, aos 25 anos.

Bem, por exemplo, ontem, dezoito de novembro de dois mil e dezessete eu estive, com minha esposa, filha e genro, num teatro, assistindo a uma excelente peça chamada “O Buda Quebrado”.

Priscila Schollz

Excelente peça com um bom desempenho do ator Flávio Costa e um brilho intergaláctico de Priscila Schollz, a quem eu disse isso pessoalmente.

Às vezes eu vou ao cinema.

Sou viciado em algumas séries…
Praticamente todas da Marvel, também gosto de “The Flash” e do Arqueiro, assim como Star Trek Voyager e Star Trek Discovery, cujo último o episódio, creio que o oitavo quase me matou de ansiedade.

Também gosto de Downton Abbey, já gostei de House of Cards, mas eles erraram a mão quando conduziram a série a uma guerra e eu nem vi o primeiro episódio inteiro.

Agora, sem Underwood, que eu agora vejo como foi fácil para ele encarnar este personagem, aí entortou a biela de uma vez!

Eu tenho um passado com brilho e obscuridades, e não contarei vantagens com relação a meu “brilho”, embora eu tenha saudades de ser ratado como uma celebridade relativa; mas, também, recuso-me a ser”réu confesso de minhas obscuridades”.

O Planetoide Não Facilita E não facilita por razões óbvias

Foto por Felipe Observa,22 de dez de 2018

Neste planetoide, bastante arcaico, raros são os que não carregam sombras consigo.

Meu tratamento é simples, hoje em dia, pois eu tomo, para o HIV, quatro comprimidos uma vez por dia.

E para outras coisas, apenas mais vinte, para outras coisas.

O ruim disso tudo é o envelhecimento precoce e, em pouco tempo eu terei traduzido um texto que fala em processos de envelhecimento precoce em pessoas vivendo com HIV e com mais de 50 anos.

Cobaias de Mais de 50 Anos? Quem sabe….

Eu, minha esposa, algumas amigas e amigos somos, também, os primeiros a começarem a viver com isso (…,) e, de certo, somos e seremos cobaias.

Sabe, eu vivi num tempo onde preconizava-se que o tratamento Antirretroviral deveria começar apenas e tão somente quando a carga viral chegasse a 350 células por mililitro de sangue e eu passei anos, anos e anos tomando nada.

O Estudo START

Hoje, sabe-se, quanto mais cedo começar o tratamento, melhor.
Eu me sinto roubado!

Roubado em CD4 e terapia, em saúde e expectativa de vida.
Bem, eu fui diagnosticado em uma época em que era difícil saber se haveria amanhã, como diz SIA em Chanderlier:

I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier
I’m gonna live like tomorrow doesn’t exist
Like it doesn’t exist
I’m gonna fly like a bird through the night
Feel my tears as they dry
I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier

O Estudo Chegou Tarde

E… portanto, não é tão grande assim, para mim, o futuro, mas muita gente se descobriu soropositiva em 2002, por exemplo, ou 2007… e… eles também foram roubadas porque o “Estudo Start” começou, eu quero crer, em 2012 e só, mais uma vez eu quero crer, em 2014 ou 2015 e, agora, feliz e finalmente, o tratamento começa o mais rapidamente possível e, nas partes onde a civilização alcançou melhores estágios, nos grandes centros…São Paulo… eu ousaria dizer Rio de Janeiro, mas o saque aos cofres públicos neste estado me fazem lembrar uma coisa como a série “Gotham” e, neste momento, eu temo dizer que Rio Branco, no Acre, tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que anda par e passo com a capital do Rio de janeiro onde, em centros médicos, falta até papel higiênico e isso é a P que me P!

Projeto Lá Em Casa

Enfim, se você quer saber como eu vivo, eu frequento uma academia que é um Projeto chamado Lá em casa, (frequentamos) da Rosely Tardelli, que conduz a “agencia de Notícias AIDS“.

Que me faz muito bem, e também á minha esposa, Mara, que a maior parte das pessoas sabe o nome, mas poucas as viram e eu faço duas sequencias de esteira, uma de 55 minutos, depois uma sessão de quatro exercício de musculação e mais 45 minutos de esteira (sim, eu vou bem, obrigado) e esta é a minha forma de viver, enquanto ser humano. E soropositivo, porque é isso que vocês querem saber.

A vida, para mim, com a exceção de um número maior de check points no ambulatório, é tão boa, ou tão ruim, como a de qualquer outra pessoa.

Busca e acharás, ensinou o Mestre.

E antes que você me taxe de religioso X ou religioso Y… eu me cansei de religiões e, para tentar explicar, eu sou, na verdade, alguém que tenta, mal e toscamente, ser “um seguidor do caminho”.

Que caminho?
Aonde ele leva?
Bem, vocês terão de escolher que caminho seguir e, assim, talvez possam saber para onde cada um de vocês que me lê, para onde vocês estão indo, porque o meu destino… Só a mim interessa. e para finalizar:

Há Vida com HIV. PONTO

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