2º Semestre de dois mil e dezesseteA infeção pelo HIVAIDS hivanti-HIVArtigos de Cláudio Souzaciclo de replicacontrolar o HIVcriança com hivcrianças e HIVCura da AIDS e da infecção por HIVcura do hivdoença por HIVesconderijo do HIV

“PEP Maníacos” Corram menos riscos…. Ou o bicho, cedo ou tarde, vai te pegar

Cancer raro em quarenta e um homossexuais
Está foi uma das primeiras notícias sobre aquilo que, pouco tempo depois, seria conhecido como a peste gay, a “Ira de Deus”

Tudo começou assim… Até há algumas semanas atrás, depois de uma busca fortuita no Google, eu encontrei uma página, uma espécie de fórum que, aparentemente pertencia ou pertence e eu não consigo mais encontrar, a um “profissional da obstetrícia” onde as moças (loucura entre as loucuras) diziam ter começado a usar este ou aquele outro programa de contracepção e elas dizem, ou diziam:

-“Há duas semanas eu passei a usar ******* tantas vezes ao dia. Já posso transar sem camisinha”?

Bem, para as pessoas que pensam assim, que é uma espécie de oba! oba! Agora tem remédio, eu exibo esta imagem:

Últimos momentos de David Kirby
Esta é a propaganda que a Benneton usou para fazer com que eu nunca mais comprasse um par de meias nas lojas deles, de onde eu era cliente habituê (old times, good times!). É uma imagem repugnante, que eu ponho aqui para vocês, que pensam que viver com AIDS é brincadeira, não é brincadeira não! Eu tenho um Depoimento ainda não publicado onde aprendi que há até um bordão: “É melhor morrer de AIDs do que de vontaids…” Minha vontade foi de manda-lo ao diabo, mas tenho de ser complacente, pois nenhum de nossos _governos_ se incomoda em fazer um trabalho sério de prevenção. Raios!… Raios duplos…

Eu deixei lá dois links, um para “janela imunológica, os fatos”, e outro para “doenças oportunistas”, tentando dar um “grito de alerta” e, pensando agora, não é difícil que tenham mudado o endereço da página e limado meus comentários nada agradáveis por lá… Paciência, o fato é que tem um monte de gente querendo um jeitinho para transar sem camisinha e eu vou começar este texto com uma terapia de choque.

AIDS, a ameaça crescente.. isso la pelos dos da década de oitenta, do século XX
Capa da revista Times com a palavra AIDS maios que o próprio nome da revista “na capa!”

No último dia 25 estive com a minha médica, Drª Ângela e ela comentou algo a respeito de uma espécie de fenômeno (não estou colocando textualmente o que ela disse) muito interessante, que é a reincidência mensal ou não, de pessoas que vão até a Casa da AIDS para uma “outra rodada de PEP”; e, em alguns casos, embora haja alguma demora, até mesmo para uma terceira ou quarta PEP e isso está começando a formar um padrão de comportamento que não tem nada de saudável, para nenhuma das partes envolvidas.

Imagine que você está transando por aí sem camisinha e, a cada vez que você transa (e eu sinto que estas pessoas só transam uma vez por mês) você vai a um CTA, faz uso da PEP e parte para outras aventuras e, infelizmente, você repete este padrão, faz novo exame, toma outra PEP e vive, a cada aventura (sic) você passa por 60 dias de angústia; isso porque, de cara, para ver se você ainda está não reagente, você tem de fazer um teste. Eu sei o que leio e ouço em meu Whats App por parte de pessoas que passam por uma situação de risco e, muitas vezes, não aceitam, por mais que lhes seja exposto, a sorologia não reagente e eu tenho uma amiga com “mais de um ano em janela imunológica” e há aqueles que, eu já sei, dificilmente conseguirão acreditar que não são portadores de HIV. Há, até mesmo, nos meus registros mentais, a figura de um homem (um menino de vinte e dois anos) que era “o exemplo da família”, aquele “em que todos deveriam se espelhar” e, agora, depois de uma conversa boba (SIC), num bar à beira-mar, acabou, segundo ele mesmo, debalde os fatos de ter feito dezenas, sim, dezenas (!!!) de testes e ainda não se deu por satisfeito e está dolorosamente imbuído da crença que é soropositivo. Na última vez que nos falamos, ele me disse, em letras maiúsculas:

EU TENHO AIDS E VOU PROVAR

O meu medo é que, cedo ou tarde ele acabe conseguindo me procurar e mostrar um diagnóstico reagente, como já houve casos, na Casa da AIDS, onde algumas pessoas soro-converteram…

E aí não adianta chorar. Depois de repetidas exposições não é difícil se prever que, cedo ou tarde, a pessoa vai contrair o vírus e/ou, quando pouco, conseguir uma doença sexualmente transmissível que é uma excelente porta de entrada para o HIV e mesmo para o Zika, que também é uma Infecção Sexualmente Transmissível.

QUEM É QUEM NO CIRCUITO DA PEP

Bem, o que eu sei é que estão preparando um sistema de controle para saber quem é quem e quantas vezes já usou a PEP e a ideia não é negar o tratamento, mas condicioná-lo a um acompanhamento psicológico ou mesmo psiquiátrico. Porque tal atitude é muito parecida com a da pessoa com diabetes que come 5 sonhos e dois litros de refrigerante por dia (Sim! Sim! Tem louco para tudo) ou, ainda, aqueles que passaram por um processo cirúrgico perigoso como é a gastroplastia (redução de estômago), como eu passei e “evoluí” para uma Trombo Embolia Pulmonar maciça (os dois pulmões) e eu fiquei entre a vida e a morte por dois ou três dias e acabei passando por uma internação prolongada num hospital, cuja hotelaria é deplorável e há enfermeiros que mentem para você para não te trazer água, quando a verdade, ponte que caiu, é que a água está “trancada”.

Mas isso foge um pouco ao escopo porque eu só queria falar da pessoa que faz tal cirurgia e, depois, compra latas de leite condensado e vão consumindo-as lenta e paulatinamente, bem como eficientemente, no mister de voltar a ser uma pessoa obesa e sofrer com todas as dificuldades se parece muito com esta coisa de “agora eu posso transar sem camisinha”?

Diabos!…

Vá lá sim, e transe com o Janjão ou com o Dunha, sem camisinha e vá botando fé na PEP ou, pior, como uma outra médica me disse, há jovens que tomam a medicação até se tornarem indetectáveis e, depois de alcançado este objetivo abandonam seus tratamentos apenas e tão somente para poder transar sem camisinha!

Veja, eu estou indetectável há dez anos, minha esposa também e nem por isso abandonamos o uso do preservativo. Por outro lado, digamos HIPOTETICAMENTE que eu mantivesse uma relação extraconjugal com uma pessoa não reagente, baseado no fato de ser indetectável e, portanto, “não infeccioso”. Existe uma coisa, chega até a ser jargão médico, um fenômeno conhecido como “blipe Viral” (o link abre em outra aba) que pode pôr por terra esta não infecciosidade e a minha amada amante passará de não reagente para reagente. Eu não quero carregar está responsabilidade e penso que toda pessoa sensata que vive com HIV pode usar isso, a não infecciosidade como uma espécie de AZ na manga, para se tranquilizar mais e poder se soltar mais na hora do lance, no momento do BUM”.

Mas seria apenas para isso no meu caso, se eu tivesse uma relação extraconjugal, coisa que não tenho.

Sabe, as mulheres sentem-se seguras porque estão casadas e sentem-se seguras com sua honestidade e virtude, julgando que isso as protege da AIDS. Aqui neste site há uma matéria dizendo que um, em cada cinco homens heterossexuais contraiu HIV de outro homem(…). Tenho uma amiga, que é um exemplo de sabedoria e de abnegação….

Bem, ela falará por si e eu continuo depois, mas o que está escrito acima não se relaciona com a vida dela, foi só um encontro de escrita e fatos, a minha maneira de escrever me trouxe até este ponto e quero deixar isso bem claro aqui: O vídeo abaixo não tem nada a ver com a assertiva que fiz acima e TENHO DITO

O fato é que ninguém está seguro ou livre da AIDS por completo porque nem tudo pode ser previsto e, infelizmente, depois daquela viagem, na primeira relação que teve em Sua vida, Valéria Polizzi contraiu HIV !

Gente, fazer da PEP, ou mesmo da PrEP como couraça de aço é uma brincadeira perigosa e, se eu não posso falar pelos outros, posso falar por mim e, abaixo, segue meu portuário médico, para que se saiba como “é tranquila a vida de uma pessoa vivendo com HIV ou AIDS”

Vai nessa, que é bom a beça!

O que precisa ser observado, conforme explicou minha médica, é que este tipo de comportamento certamente levara, amanhã ou daqui a dez anos, um vírus que pode estar resistente a praticamente todas as medicações. Bem, eu não tenho preocupações com isso, porque não tenho relações sexuais fora do casamento e minha esposa também não e, assim, estamos seguros, com nosso hóspede indesejado, que vem nos acompanhando há mais de vinte anos…

VINTE ANOS!??? É, certamente, o que você vai exclamar em tom de pergunta…

Middle aged couple looking at city map
Representação idealista de Cláudio e Mara no futuro… Juntos até o fim

Sim! Sim! Vinte anos…. Mas, por que? Porque nós temos adesão irreprochável a nossos medicamentos e, se a meta dos médicos e cientistas nos pedem uma adesão de 95%, nos lhes entregamos cem por cento, ou seja, das doses que temos que tomar, onde poderíamos perder uma por mês, não perdemos nenhuma! E é sério. Uma vez fomos para Santos e esquecemos os remédios, pegamos o carro, voltamos a Sampa, tomamos nossos remédios e voltamos para Santos, afins de passar o réveillon (…) lá.

E se alguém nos perguntar como foi o nosso período de vida, em que não havia tratamento, porque vivemos, eu e ela, ela mais tempo do que eu, um período sombrio onde a melhor proposta era o AZT e eu preferi não tomar, embora uma de minhas amigas infectologistas tenha me dado uma visão diferente, um insight que eu jamais levei em consideração e que é a diferença em tudo.

Bem, isso já é tema para outro texto…

A PEP é um direito seu e você pode usar sempre que precisar, mas o cerco a vocês, tomadores constante de PEP, terão suas vidas complicadas, com cada vez mais orientações até que, um dia, a PEP não faça mais efeito e, para aquele esquema terapêutico, a sua “nova infecção por HIV”, já estará resistente às drogas que você usou na última PEP.

O que será uma lástima, porque eu não tenho como saber a quantas pessoas você transmitiu esta CEPA resistente e nem a quantas pessoas, cada uma destas que, desgraçadamente infectou, terão infectados e quantas… A progressão é geométrica e eu ponho todas estas pessoas e todo o sofrimento delas, a dissolução destes lares, as crianças que, desgraçadamente, a despeito de tudo, nascerem com este vírus em você, o desvairado da PEP, que nunca aprende a lição, que se porta irresponsavelmente, ciente que o vírus existe, abusando de um sistema que existe para salvar vidas e não para franquear o sexo desprotegido, do qual, ao que parece, você tem perfeita noção que é perigoso, errado nos dias de hoje, e que pode ter consequências e desdobramentos ad infinitum!

E viva com isso, se puder…

Abaixo o meu prontuário médico, que tem a finalidade de passar a mensagem simplíssima: Se eu, um simples mortal, como todos vocês, pude passar por isso e ter sobrevivido sem sequelas maiores, graças a Deus, você também pode. Procure viver de uma forma que Deus considere você, a cada noite, o direito de acordar mais um dia para continuar fazendo por merecer cada novo dia que Ele te der, pois a vida vem dele e, como disse o Mestre:

-“A cada um segundo as suas obras”…

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DIVISÃO DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS SERVIÇO DE EXTENSÃO Rua Ferreira de Araújo, 789 – Pinheiros São Paulo – SP F=ll-3034-1444

LAUDO MÉDICO

De acordo com o que preceitua o Código de Ética Médica, nos termos da legislação

vigente e de conformidade com o pedido formulado pelo interessado, declaro que o S.r.

Cláudio Santos de Souza, matrícula no serviço sob registro RG3256664J, está em

acompanhamento regular com seguintes diagnósticos/CID-10 até o presente momento:

#HIV/Aids diagnóstico em 11/1996 (B24)

#Candidíase oral 1996 (B20.4)

#infecção latente tuberculosa tratada com Isoniazida em 1997 (Z20.1)

#Arritmia cardíaca: bloqueio parcial ramo D/bradicardia sinusal por antidepressivos

Tricíclicos em 2006 (I49.9/R00.1)

#Depressão (F32) Dislipidemia (E78.5) Diabetes (E14.) Obesidade (E66.)

#PO tardio de gastroplastia redutora (técnica Capella 10/2011)

#Embolia Pulmonar (126.) Em 2011 + hipertensão pulmonar

#HAS (110) controlada após cirurgia bariátrica Catarata (H26.9)

#Sífilis (A51.0) gonorreia (A54.0), herpes genital (A60) Litíase vesicular (K80.5)

#Trombose venosa profunda/tromboflebite MMII de repetição (182.9): 2008, 2009 e 2010

#intervenção cirúrgica em 21/01/2013: de herniorrafia incisional abdominal,

Apendicectomia, colecistectomia

#Herpes zoster ramo oftálmico 04/2015 (B02)

2

# Neuropatia periférica em membros superiores e inferiores (G62.9), acarretando

Fraqueza muscular, parestesias e dor, medicado e em seguimento pela equipe de dor

#Angioma cavernoso cerebelar – em seguimento com neurologia

Tratamento: TDF+3TC+ATVr, ezetimibe, alopurinol, AAS, atorvastatina, enoxaparina,

Clomipramina, risperidona, zolpidem, clorpromazina, flunitrazepam, gabapentina,

Amitriptilina, metadona

Últimos exames: CD4=1070 (28%)/CD8=1597 reli=0,67 (08/03/2015) e Carga viral-

HIV (PCR)

São Paulo, 02/02/2017

Dra.


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