Depoimento De Quem Tomou PEP

 

Não é fácil dizer. Contudo, a PEP me salvou do HIV. Tudo começou quatro meses atrás, depois de ter mantido relações com uma pessoa, uma mulher linda que eu havia conhecido semanas antes.

Após telefonemas, conversas, um café da manhã em uma cafeteria, decidimos que deveríamos nos conhecer melhor. Você sabe o que quero dizer. Embora a primeira relação tenha sido com preservativos, a noite foi longa, longa o bastante para eu achar que não era necessário o uso de preservativo. E assim fizemos.

De manhã, quando acordei, estava sozinho no quarto do motel. Liguei para a recepção e a moça tinha saído umas duas horas antes, mas tinha me deixado um envelope. Quando eu o abri lá estava um papel com várias informações e uma delas era assim:

Eu não consegui entender direito, havia o nome dela e quando liguei, ela já não me atendia então corri para um posto de saúde.

Quando eu cheguei, expliquei a situação e a atendente me perguntou se eu teria feito um exame de HIV anterior, eu disse a verdade, disse que não. Ela me propôs que eu fizesse um.

Ela me explicou o conceito de janela imunológica e eu entendi que aquele exame teria de dar não reagente para eu ter uma esperança. Sugeriu também o endereço de um site, este aqui, pois eu teria melhores informações, e informações com credibilidade.

Como meu exame deu não reagente, ela me sugeriu fazer PEP.

Ela me disse que a PEP, que significa Profilaxia Pós Exposição, era para eu tomar a medicação contra o HIV por trinta dias, fazer um teste e, se ele chegasse a ser não reagente, eu ainda teria de esperar por mais trinta dias para fazer um último exame.

Tomar a medicação já foi um trabalho difícil. Eu leio em alguns lugares que o HIV é uma condição fácil de se controlar, mas eu aprendi, na marra, que o melhor é não ter de precisar destes remédios. Náuseas, tonturas, dores-de-cabeça e medo.

O medo não era de ter de tomar aqueles medicamentos, dia após dia, por toda a minha vida, mas era por conta do risco de perder meu trabalho, de perder meus amigos, de ficar igual a uma planta em um vaso, sem água, como li neste blog.

Eu acabei percebendo quanto pensamento errado eu tinha a respeito das pessoas com HIV!
Entrando no blog eu vi que as coisas realmente são melhores, mas tenho muita tristeza pela dor das pessoas que tiveram suas vidas preservadas graças à medicação do começo de este aparente controle. E não era só isso.

Aquela moça não tinha cara de quem tem AIDS. Se eu tivesse me tornado soropositivo, certamente minha cara seria a mesma de agora, talvez um pouco mais triste. Eu aprendi que quase 35% das pessoas economicamente ativas recusariam trabalhar ao lado de uma “pessoa assim”!

“Pessoa assim”. Pessoa vivendo com HIV, eu acabei por aprender, pode ser qualquer uma, ter qualquer cara, como esta moça, tão linda. Quem vê cara não vê coração! Quem vê cara não vê AIDS.

Quase tudo que aprendi por HIV, aprendi neste blog. Blog do Soropositivo Cláudio Souza. E por mais que eu tenha lido que há vida com HIV, eu aprendi ser bem melhor não ter o HIV em minha vida.

Minha mãe sofre de diabetes desde os 12 anos. Tem dias que ela toma três, quatro injeções. A barriga dela quase não tem mais onde picar, de tanta agulhada.

Por isso escrevi este comentário, Cláudio, para que você possa colocar o depoimento de uma pessoa de São Paulo (Sampa) que tomou PEP.

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