Home Há Vida Minha mãe está com HIV, se eu tocar nela, ela me passa a doença? AIDS Por Contato Social?

Minha mãe está com HIV, se eu tocar nela, ela me passa a doença? AIDS Por Contato Social?

by Claudio Souza DJ, Bloqueiro

Esta pergunta foi feita no Yahoo respostas, neste link: https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20160604224401AASMgkJ . Você precisa ter uma conta no Yahoo para ler a pergunta. De quando e vez eu dou uma passada por lá para ver o que acontece… Desta vez eu fui mais feliz e, para esta pergunta não apareceu ninguém para dizer besteira.

Mas uma velha amiga me disse, quando da ocasião de uma moça com AIDS foi posta na cadeia para ser “isolada” dos outros moradores (o Estado era o Amazonas, mas eu não lembro o mais a cidade) e está amiga citou Gonzaguinha: “Isso aqui, ioiô, é um pouquinho de Brasil iaiá…” O mesmo se aplica a esta pergunta (duvida, medo talvez ódio) e eu não me dou o direito de me furtar em tocar na ferida.

O fato é que em 2010, 30% da população em idade produtiva (SIC) se recusaria a trabalhar ao lado de uma pessoa com HIV.

O que aconteceu comigo foi ainda anterior a esta pesquisa e eu senti, na pele, e no sangue este tipo de discriminação:

 

red-symbols-3-1237179Eu era um membro ativo da sala de chat do UOL voltada a portadores de HIV (eu procurei a sala agorinha mesmo lá e não encontrei e isso parece ter inutilizado a luta de um ativista que lutou muito para ter esta sala, onde, por exemplo, eu encontrei a mulher que amo, conhecido como Hércules) e nós marcávamos festa! Sim, festas, em bares, casas noturnas onde íamos, às vezes, num grupo de mais de trinta pessoas. Foi nesta festa que eu fiz amizade com uma pessoa que também é, ou era, portador de HIV e que trabalhava na minha área, hardware de computador. Com a diferença que ele vendia e eu consertava, montava (eu sou aqui que chama de “integrador” ou era, já que não consigo mais apertar um parafuso) e esta pessoa me disse que, onde ele trabalhava todos “o aceitavam com normalidade e que ele não se sentia discriminado”.

Não digo que isso era mentira porque não fui até lá conferir, mas eu deixei meu telefone com ele e, dias depois ele me passou um número de um local, da mesma rede (não sei porque, mas isso me lembra “Dogs of War do Pink Floyd, onde eles, the Dogs of War, que diziam that “even our masters don’t know the web we weave” (Nem mesmo nossos mestres sabem da teia que nós tecemos) e me informou que eles precisavam de um funcionário para vendas e, mesmo sem meu consentimento, informou minha condição sorológica. Eu liguei para a loja e fui chamado para uma reunião que durou menos de cinco minutos, onde ele me disse “que não poderia me impingir ao time de venda dele” (impingir: 1 Dar com força.2 Constranger a ouvir, a comprar ou a aceitar (coisa molesta)) Conferir na fonte, abre em outra aba) .Parte superior do formulário E que ele marcaria para sexta-feira uma reunião com os funcionários. Se eles me aceitassem, eu teria minha vaga e, com efeito, eu tive a vaga garantida.

 

Mas não é difícil mostrar como eu fora aceito: a loja ficava na Voluntários da Pátria e tinha, do lado direito de quem entrava, a visão de cinco mesas, onde duas estavam desocupadas e um mezanino, que era de onde o chefe (…) vigiava seus funcionários e eu fui “instalado ali, no mezanino, isolado de todos os funcionários que, na hora do almoço, com exceção da telefonista, não trocaram uma só palavra comigo e sequer me olharam no rosto.

Era uma segunda-feira, e na noite daquele dia eu tinha uma polisonografia a ser feita e fui para o instituto do sono onde, empregado, eu tive uma noite agradável, onde acabei tendo um sonho erótico com a enfermeira…. Bem, eu tive um despertar abrupto as 5:30 da manhã e os enfermeiros, inclusive aquela com quem eu tive o sonho, vieram me desconectar dos quinhentos mil fios e, contudo, eu, que já havia me sentado, peguei de novo no sono e acordei, sem nenhum outro sonho, por volta das seis e quinze da manhã. Tomei meu desjejum e fui para o trabalho. Desci na estação Carandiru e me encaminhei para o trabalho, onde encontrei meu “patrão” (o melhor patrão que eu tive, registre-se, foi Paulo Domingos de Oliveira, um homem com “mil conexões” que me chamou um sábado, fez um telefonema em minha presença, cujo teor é apócrifo, e me disse:

“- É NISSO QUE VOCÊ ESTÁ SE METENDO. Se você quiser sair, saia agora, ou não sai nunca mais”.

Eu optei por sair e ele, um homem justo, me deu uma quantia em dinheiro para eu poder recomeçar minha vida como quer que eu desejasse, e eu voltei a ser DJ no Vagão Plaza, uma espécie de “casa de tolerância” que existia, ou existe, eu nunca mais voltei lá, eu não sei… Voltando ao “patrão, eu o encontrei na porta da loja, ainda fechada, onde ele me parou e disse que depois de eu ter terminado o expediente, ele teria sido cercado pelos funcionários que disseram, palavras textuais, que eles não eram obrigados a trabalhar com este “tipo de pessoa”, e que ele tinha de escolher entre eles ou eu.

 

Ele se justificou dizendo que “não podia perder o time de vendas dele e estava me demitindo”.

 

E para que eu não me sentisse lesado, me deu uma nota de R$ 50,00. A casa da moeda e a presidência da república, com este “temerário” presidente que me desculpem, mas eu rasgue a nota, na cara deles em 4 partes e só não dei um murro na cara dele porque ele não tinha um dos braços inteiramente funcionais e eu não seria covarde de bater em um _homem assim_. Voltei para casa fuzilando e, como havia uma moradora do prédio que já estava me enrolando com um pagamento que ela me devia há meses eu fui direto ao apartamento dela e a cobrei com uma fúria que, felizmente, hoje não sou capaz de sentir, felizmente, e cobrei em alto e bom som o que ela, coitada, me devia e quando ela me disse que não adiantava eu fazer escândalo ao que eu retorqui que eu ainda não estava fazendo escândalo, e que eu queria o dinheiro naquele dia, ou que Deus a protegesse de mim.

 

Acho que ela pegou dinheiro emprestado com a moça da limpeza, pois foi esta a pessoa a me trazer o dinheiro. O preconceito que se tem contra portadores de HIV, e eu pouco estou me f.… é o do pior tipo, o mesmo tipo que existe contra, por exemplo, pessoas negras que, via de regra “tem até um amigo branco”…

 

O preconceito existe sim, como no caso do jovem, que tem medo de tocar a própria mãe, ou como o que demonstrou através da irmã de uma amiga, ao qual ela, soropositiva, falou para a irmã que estava sentido falta de contato físico e a irmã soltou, à queima roupa o que se segue entre aspas: “também, você foi ratear”… (ela acabou de receber o diagnóstico e, em breve, ela verá que não é assim, que uma pessoa portadora de HIV é, sim, digna de respeito, amor, carinho e prazer sexual, embora eu a compreenda e me lembre muito bem de ter passado pouco mais de um ano sem um só toque físico, nem mesmo um aperto de mão e, principalmente, um abraço. É preciso que a mídia, que construiu este estigma da peste gay, faça um longo editorial, num domingo, reconhecendo seus erros, desfazendo suas mistificações, e que cada maldito padre, e cada maldito pastor, faça um me30culpa, admitindo que eles estavam errados e, para que eu não seja injusto, eu cito a MTV, com menção honrosa com relação às campanhas educativas e esclarecedoras, e que não faz como o j08OrNaL nAcIoNl FAZ, faz, que dá um minuto de tempo para notícias que, às vezes, eu já tinha publicado meses antes.

É preciso que isso acabe, e que acabe hoje!

Cláudio Souza.


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