Vida com AIDS. Como será isso?

Claudio Souza DJ, Bloqueiro

E como será a vida daqueles que convivem com o vírus da AIDS

 Pois é. Muitos imaginam, com frieza, a trajetória e a vivência dos soropositivos, porém, viver na pele é uma situação muito complicada.

woman in depression and despair crying on black darkMas, as complicações não se limitam unicamente ao organismo, como também viaja pelas limitações sociais, limitações de convivência, pelo medo, pelo preconceito, e outras vertentes totalmente negativas, principalmente em um muito totalmente informatizado como é hoje em dia.

Só para se ter uma ideia, hoje, no Brasil, cerca de 250 mil pessoas convivem com o vírus da AIDS e mal sabem de sua existência. Assim, a prática sexual inconsciente pode aumentar ainda mais a incidência de quem tem vírus.

Como afirmam os próprios profissionais da área de saúde, o principal problema para eles não está na contaminação com o vírus, mas sim, com a discriminação que sofrem.

Somente no Emílio Ribas, hospital de infectologia de São Paulo que é o maior em toda a América Latina, 500 exames de HIV são realizados por ano, sendo que um resultado é positivo a cada três dias no hospital.

No mesmo hospital, 185 crianças estão internadas, vítimas do vírus da AIDS. As crianças acabam adquirindo a doença durante a gravidez, pela mãe infectada. Nos dias de hoje, são diversos os tratamentos que impedem que a criança adquira o vírus durante a gestação, mas mesmo assim, muitas mães desavisadas podem simplesmente não ter acesso a este recurso porque, embora seja obrigatório por lei, nem todos os médicos pedem, no pré-natal, pelo exame de detecção do HIV, o que ocasiona mais uma infecção no âmbito familiar.

Mas, a criança infectada com o vírus da AIDS, nos dias de hoje, tem uma vida normal que pode ser facilmente assemelhada à vida de uma criança que não tem a doença. A criança pode brincar normalmente, pode se divertir, pode ir à escola, brincar com os amiguinhos e com os animais, e fazer tudo aquilo que a sua fase lhe permite. Mas, para que tudo corra bem, é necessário alertar os pais que a medicação deve ocorrer desde sempre.

A expectativa geral é que 630 mil pessoas estejam contaminadas com o vírus da AIDS no Brasil. E mesmo após vários avanços no que diz respeito ao tratamento, logo após descobrir a doença o principal medo dos infectados é o preconceito e a discriminação social.

Little girl in mask of oxygen.

A vida após a descoberta do vírus

É em meio a alguns sintomas que o paciente procura o médico pela primeira vez com suspeita de aquisição do vírus da síndrome da imunodeficiência adquirida. O que antes se resumia a uma simples gripe, começa a se tornar muito mais forte por conta do sistema imunológico do indivíduo, dominado pela infecção da SIDA.

Assim, grande parte dos contaminados com o vírus da AIDS descobrem a doença quando sentem o agravamento dos sintomas no tratamento de doenças, sejam elas simples ou não.

O exame do vírus HIV é realizado gratuitamente nos hospitais de todo o território brasileiro, já que o combate da doença é muito importante para o governo, para a OMS – Organização Mundial da Saúde, e muitos outros órgãos que lutam contra a manifestação desse vírus.

E, com o resultado em mãos, a decepção com o resultado positivo é muito diferente da recepção de antigamente.

Em 1983, os enfermeiros e médicos se depararam com uma nova doença afetando os brasileiros. E, nada sabiam sobre a mesma. Assim, os tratamentos aos pacientes eram realizados com a utilização de luvas e máscaras. Os pacientes, nessa época, morriam dentro de dias ou no máximo meses, afinal, não havia tratamento algum para a doença e mal sabiam como ela agia no organismo humano, sendo o seu aparecimento um dos maiores choques para a humanidade.

O que mudou de 1983 para cá

Counterfeit Authentic MagnifiedDesse ano em diante, criou-se o boato de que a AIDS seria uma doença transmitida entre homossexuais, por conta da transmissão via relação sexual anal, o que gerou a descoberta dos primeiros casos.

Assim, desde então, associou-se à doença com o fato de que o indivíduo infectado seria provavelmente um homossexual, o que nem sempre era verdade. As relações sexuais entre homens e mulheres também poderiam ocasionar aparecimento do vírus, assim como a transmissão por meio de seringas infectadas.

Porém, o preconceito ainda é grande. No cômputo geral, dentro do imaginário subconsciente,  esta é uma doença para pessoas de vida desregrada, que “merecem estar doentes”. Os casos entre pessoas de mais idade, tem crescido justamente porque em suas mentes a AIDS faz parte deste quadro e uma pessoa de mais de 60 anos dificilmente faz um teste para HIV “de livre escolha”; só o faz quando a doença progrediu e as infecções e outras enfermidades oportunistas aparecem, mas aí já pode ser tarde e é importante que se faça uma campanha de conscientização voltada para esta faixa etária.

Há mais de 30 anos após a descoberta do vírus no Brasil, os avanços no que diz respeito à medicação e prevenção foram grandes, e os resultados também são positivos.

Antigamente, a única forma de tratamento era por meio de monoterapia com AZT. O medicamento era realmente muito pesado, o que ocasionava muitos efeitos colaterais. Além disso, a dúvida em relação às quantidades a serem tomadas eram muitas, o que prejudicava a total eficácia desse método.

Além disso, o medicamento provocava uma reação que deixava as pessoas com tons de cinza-chumbo, e por conta disso, esse era mais um rótulo de “indivíduo infectado”. E aí, o medo de tomar o medicamento vinha também carregado de questões sociais: ao saber que você estava contaminado, logo lhe associavam à marginalidade, à vida de profissional do sexo, homossexuais ou até mesmo usuários de drogas que utilizam a mesma por meio de seringas. Esses fatores ajudavam ainda mais na decisão de esconder a doença ao máximo.

A vida com a HIV e sexualidade

Há quem diga que o vírus da AIDS incorporou também outro nome “o vírus da moral”. Ao adquiri-lo, os indivíduos infectados sentem medo de passar a doença além, de serem responsáveis por mais uma infecção.

HIV-AIDS

De início, muitos se tornam então “assexuados”. Tem medo da relação sexual, tem medo de contar para qualquer um que seja o parceiro (principalmente entre os contaminadores que adquiriram o HIV cedo, e não eram casados, por exemplo, no momento da descoberta, já que isso dificulta relações sérias futuras), tem medo de “arruinar” a vida de mais uma pessoa que poderia estar vivendo numa boa, mas está infectado com o vírus da AIDS.

Esses são os principais pontos apontados pelos infectados com o HIV, que ainda nos dias de hoje, se são descobertos como soropositivos, temem o fim das relações sexuais, principalmente porque o outro indivíduo tem medo de se envolver e acabar se infectando, mesmo que esteja comprovado que o sexo com camisinha não transmite o vírus. No sexo oral, por exemplo, basta usar camisinha ou um próprio filme plástico de PVC na mulher para que ele também possa ser realizado normalmente.

No que diz respeito aos beijos e aos carinhos, eles estão liberados para os soropositivos. Os beijos só podem ser por algum tempo impedidos quando algum dos dois está com cortes na boca.

Enquanto isso, no Brasil

Segundo dados atualizados do ONUSIDA, um programa das Nações Unidas para o combate à doença, são aproximadamente 40 milhões os indivíduos infectados pelo HIV. Destes, cerca de 1,6 milhão estão espalhados no Brasil, onde o Brasil representa pouco mais de 600 mil infectados, que convivem ou com a doença em si, ou com o vírus.

Porém, os avanços no que diz respeito ao território brasileiro são bem significados, principalmente se forem comparados a outros países. Aqui, o fornecimento de medicamentos para o tratamento da doença é um programa nacional, que é referência em todo o mundo e atua sob lei já há mais de 10 anos.

Para o combate ao HIV, nos dias de hoje o Ministério da Saúde dispõe de 16 diferenciados antirretrovirais gratuitamente na rede pública de saúde. Esses medicamentos são responsáveis para evitar a multiplicação desse vírus, além também de adiar ao máximo os indícios e os sintomas da doença.

Por conta disso, o paciente com o diagnóstico positivo dos dias de hoje, vive uma vida totalmente normal – se não fosse pela discriminação petrificada que ainda cerca a sociedade.

A vida do paciente, após o surgimento do coquetel, não tem praticamente nenhuma restrição.

Por outro lado, o próprio Ministério da Saúde que possui um Programa Nacional de DSTs e hepatites virais, afirma que a taxa de transmissão do vírus ainda é bem alta no país, considerando 19,8 contaminações para cada 100 mil habitantes brasileiros.

O desenvolvimento da doença, de algum tempo para cá, é mais frequente nas mulheres. Nos homens, por sua vez, essa taxa diminuiu e muito entre os homens com idades que variam entre 13 e 29 anos. A diminuição do aparecimento do vírus em crianças menores de 5 anos de idade também é notável.

A discriminação

 Kluft zwischen Rollstuhlfahrer und anderen

Assim, percebe-se que principalmente no território brasileiro, os avanços no que diz respeito ao tratamento e as políticas que definem a forma de distribuição gratuita dos mesmos são bem significativos, o que deveria tornar a vida do soropositivo, na teoria, tão normal quanto a dos outros.

Mas, o principal problema está na discriminação, o fator que certamente mais prejudica a inserção desse indivíduo novamente na sociedade.

As crianças documentadas em um trabalho especial no hospital em São Paulo já citado anteriormente, mal sabem do que se trata a doença, e o tratamento oferecido diariamente a elas, possibilita que tenham uma vida normal. Mas, ao conversar com os pequenos, entende-se que eles sabem dos riscos de se contar a doença para algum amiguinho da escola, por exemplo.

Até mesmo as crianças já estão impregnadas com esse preconceito que tomou conta da sociedade. Até quando as pessoas não vão entender que o soropositivo também pode levar uma vida normal?

A crescente informatização já levou à população o conhecimento necessário para que aceitasse e ajudasse na inclusão do soropositivo na sociedade, o que é o principal medo deles após um exame com resultado positivo.

Enquanto isso, jovens que foram infectados com a doença, tem medo de contar para os amigos. Medo até mesmo da família. Medo de se relacionar. Medo de amar, se de envolver, de se apaixonar. Hoje em dia a infecção por HIV ainda não pode ser curada, por ser uma doença crônica progressiva, que afeta o sistema imunológico humano. Porém, o tratamento intensificado possibilita que a pessoa infectada viva sua própria vida normalmente, assim como você ou como qualquer um.

Porém, o preconceito e a discriminação que a circulam já deveriam ter sido extintos há muito tempo, mas ainda estão impregnados nos ambiente de trabalho, na faculdade, nas ruas e em qualquer lugar. O relacionamento deveria ser normal, assim como qualquer outro. No que diz respeito à sexualidade, a proteção possibilita relações sexuais normais entre um soropositivo e um indivíduo que não possui a doença, sem que a transmissão do vírus ocorra.

Novamente, a vida com a HIV

Certamente, logo ao ler esse título, você deve ter cogitado a vida “sofrida” que o paciente deesta enfermidade tem. É claro que ela não deixa de ser, afinal, ninguém adquire uma doença desse porte porque quer. Porém, já deu para notar que o paciente contaminado pelo vírus da AIDS pode e DEVE levar uma vida normal, inserido na sociedade.

Por incrível que pareça, o que mais afeta e infecta o soropositivo é a discriminação, que ocorre das mais variadas maneiras e em praticamente todos os lugares. Viver com o vírus da AIDS já deixou, há tempos, de ser um problema somente de saúde e passou a ser um problema da sociedade, um problema de inserção, de colocação nesse ambiente.

A vida do paciente com HIV não é fácil. Ele deve ainda conviver com preconceitos impregnados, antigos e sem fundamentação científica, assim como devem se proteger dos que abusam da discriminação.

Sabemos, ou pelo menos deveríamos saber, que a saúde de uma pessoa é construída não unicamente pela integridade física, mas também pela sua moral, pela sua saúde mental e emocional.

Os tratamentos, os avanços e os medicamentos possibilitaram que o paciente infectado com o vírus HIV começasse a ter novamente a sua saúde física, ou seja, a integridade do seu corpo, a melhora no tratamento das doenças e o retardo no aparecimento das mesmas.

Mas, se tem uma doença que ainda afeta a sociedade como um todo e que impede a melhora da saúde mental e da saúde emocional do contaminado pelo HIV, certamente é a discriminação.

E, toda via, o Brasil já deu um grande passo para acabar com a discriminação do portador de HIV ou o doente de AIDS

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