Deu Reagente! E agora? Chorar pitangas ou encarar os fatos? Há vida com HIV

Eu acordei há algumas horas e o domingo estava meio que viscoso, como se eu tivesse de nadar numa piscina cheia de “gordura vegetal”. Grudento, sufocante, tristonho.

Este é o tipo de coisa que, eu sei bem, abala as estruturas emocionais e, frequentemente, nos conduz a pequenos episódios de “mal-estar”.

Em 1994 eu não tinha esperanças. Não havia medicação efetiva e o que havia (O AZT) era mais eficiente em matar do que a própria AIDS… (…) …

Beto Volpe que o diga… O Mesmo a respeito de um outro amigo, Paulo Giacomini, que num momento extremamente difícil para mim, confiou a mim uma tarefa muito importante, que ele deveria entregar, talvez, a uma empresa. Bem, o Paulo tem um “Temperamento Forte e, por outro lado, eu também”.

Isso gerou alguns arranca rabos, mas, no fim, tudo estava certo e eu me sinto muito orgulhoso por ter levado, com as orientações dele, o “serviço” a um bom termo. Temos nos falado pouco, eu e o Paulo, mas eu sei que, se algo de importante dentro da minha área de “expertise” aparecer, ele me chamará ao dever e eu seguirei incontinenti.

Mas o que me traz aqui, hoje, um domingo é uma tentativa de postar, em todos os domingos, algo que ajude as pessoas ainda chocadas com um diagnóstico “reagente” possam encontrar alívio e, no caso do que eu vou publicar hoje, tentar oferecer algo que eu recebi naquele ano mesmo, de 1994.

Eu fazia um pequeno trabalho dentro do CRT-A, quando ele ainda ficava na rua Antônio Carlos; eu fazia este trabalho porque sempre soube que “é dando que se recebe” e você recebe, sempre, algo
 criado com o que você deu. É uma troca. O Universo recebe cada minúscula onda de vibração, benigna ou maligna, de qualquer, “coisa que você produz ou emana” e, embora eu não professe nenhuma religião, sou uma espécie de _estudioso da Bíblia_ (muita pretensão minha […]), e se eu conheço uma boa afirmação sobre o que é, ou seria, para alguns, um bom código de conduta, expresso por um obscuro aprendiz de marcenaria:

“A cada um segundo suas obras”

Pois é… Eu acho que você concorda comigo e, talvez, tenha ficado assustado com o legado que você tem deixado (na verdade despachado para a estação final de sua peregrinação) e é muito sensato da sua parte que fique muito preocupado com isso…

Bem, o que eu sei a respeito de Deus é bem pouco, mas conheço-o por Seu Amor por suas criaturas, feitas a partir de Sua própria essência (eu convido você a meditar algum tempo no que tange esta afirmação tem embutida em seus refolhos…).

O que eu acredito é que o Amor dEle tem, para nós e por nós, proporções incognoscíveis, mesmo porque nosso vocabulário é tão pobre e limitado que nenhum esforço nosso, por maior que seja, nos permite que, pelo menos por enquanto, nós possamos decifrar um enigma de tais proporções.

Eu queria contar que quando eu fui parar numa casa de apoio, depois de ter sido abandonado por literalmente todos, sem exceções notáveis, a não ser a presença de uma amiga, que chegou, no seu desespero, a propor que ela fosse fazendo doações de sangue para mim, TODOS OS DIAS, até que eu pudesse estar “livre do HIV”. Mesmo agora, tanto tempo depois, uma lágrima emerge e eu fico com os olhos marejados. Eu expliquei para ela que, infelizmente isso não funcionaria porque o sangue que ela doasse, tão rápido entrasse no meu organismo, seria também contaminado e ela, uma querida amiga que o tempo, com seus momentos de sadismo, fez com que nós nos perdêssemos, mas que ainda me lembro de tal nobreza… Paciência… Tempo e Paciência, para ser mais específicos, resolvem qualquer coisa…. Para o bem ou para o mal, isso depende muito do que você despachou adiante.

Bem, isso cria uma expectativa de fatalismo inevitável e pode levar à uma ilação equivocada que diz: “Perdido por um, perdido por mil”.

Não é bem assim! Felizmente. O “Velho Chico” (Xavier) explicou, em sua magnífica simplicidade e sabedoria irretocável, que nós não podemos escrever um novo começo, mas podemos “editar o futuro”, gerar um novo hoje e mudar por completo o fim.

Eu me envergonho do que fui, das coisas que fiz e considero que viver com HIV e suas complicações é uma maneira muito bondosa que o Universo encontrou para eu solver meus débitos diante do “Tribunal onde não se faz acordos”, processo de reforma íntima que, sem tentar demonstrar alguma vaidade, sob nenhum ponto de vista, em que eu ousaria dizer que, hoje, sou uma pessoa nova, muito diferente daquele que eu fui um dia e, se tenho algo a dizer em minha defesa, e eu o teria, prefiro me abster de mencionar, pois isso lançaria mais cargas de culpa do que eles já tem para carregar.

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.” (Mt 5, 37.)

Enfim, eu chego aqui com o texto imenso sem ter apontado o texto, que segue abaixo:

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