Há 18 anos fui diagnosticada HIV+! Hoje meu HIV completa maioridade.

Há 18 anos fui diagnosticada HIV.

Duas Horas Por Dia Disso! Topas?

Eu acordei depois das seis da manhã. Meu namorado está roncando a meu lado. Levantei-me silenciosamente. Deixei a cama quente, tomei o meu café acariciando o gato, na cozinha, em silêncio. Lembrei-me de tomar meus remédios. Eles ficam visíveis à mesa na cozinha à vista de todos. Não preciso escondê-los, todas as pessoas com quem convivo sabem que sou soropositivo.

Saí para minha aula de Yoga, como faço todos os dias. Minha sessão foi lenta, como sempre, e tomou quase duas horas, que eu passei tentando manter a atenção em minha respiração. Mas o pensamento:’ nossa, continuo viva! ” Insistiu em aflorar à minha mente. Quem teria acreditado que estaria aqui, ainda… E não só viva, bem como forte e saudável? Mais forte e saudável do que quando recebi o meu diagnóstico!

Passei a maioria do dia no trabalho, e apesar de ser segunda-feira e o frio quase me congelar não pude deixar de sorrir… um sorriso oculto. O aniversário do meu diagnóstico soropositivo tornou-se o meu dia de celebra o fato de estar viva. O HIV me deu a noção de que saúde e vida são coisas a serem buscadas e valorizadas, me ensinou a cuidar de meu corpo holisticamente.

Eu tenho a perfeita noção sobre como sou afortunada! Muitos de nós, pessoas vivendo com HIV, ainda vivem com medo, sob o peso do sigilo, no isolamento e desesperança.

Uma das coisas que eu penso muito sobre esses dias é como medicação HIV parece ter se tornado a resposta para tudo. A única solução! O fim da AIDS!

Se há algo que aprendi nos últimos dezoito anos de convivência com o HIV, é que nós somos pessoas que tomamos pílulas, remédios de todos os tipos, com as mais variadas necessidades; às vezes temos de tomar em jejum, outro deles temos de tomar com o ‘estômago cheio’ e assim por diante…

Para muitos daqueles a quem apoiamos no Positively UK , frequentemente não há comida suficiente, ou um lar estável, onde viver e, às vezes, eles vivem em relacionamentos nos quais não se sentem seguros, com medo de tudo.

Muitas vezes, eles entendem muito pouco sobre o vírus, ou sobre os medicamentos que eles tomam.

Pobreza, desigualdade e violência ainda conduzem esta epidemia. Quem me dera que tivéssemos uma pílula para isso…

Do original em https://hivpolicyspeakup.wordpress.com/2015/02/02/18-years-living-with-hiv

Embora no Brasil os antirretrovirais sejam distribuídos gratuitamente, e este texto reflita uma condição específica do Reino Unido, não é difícil estabelecer m paralelo entre este depoimento e a realidade vivida por nós, pessoas soropositivas vivendo no Brasil.

Nos rincões mais distantes dos grandes centros, e algumas vezes nem tão isolados assim, como, por exemplo, o Ceará, há, às vezes, o fracionamento de doses e o paciente, que muitas vezes vem de muito longe, e só consegue obter remédio para quinze dias, por conta de “erros de logística”.

Isso sem contar o preconceito evidente de alguns “servidores”. Num plus, as prefeituras solapam o direito ao “passe livre” para pessoas soropositivas, a pretexto de nada ou qualquer coisa.

Mesmo eu, que vivo em São Paulo, já desisti deste “bilhete” porque é necessário verdadeira epopeia, madrugando e zaranzando daqui para a li e ali para acolá para obter o “benefício”; felizmente, eu, apesar de precisar disso, não saio tanto assim de casa. E quando saio acabo diluindo o custo da passagem na infinidade de coisas que eu deixo para fazer em “apenas um dia”.

Contudo, começo a me preocupar com os custos do transporte, pois nossas vidas começam a mostrar uma tendência à necessidade destes _benefícios_, fora outros abusos, como este da seguradora AMIL ou outros, conforme publicado na Revista Isto é, há mais de quinze anos, que continua “a bailar”.

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