the finestBem, como vivo com HIV há 22 anos, é de se esperar que eu conheça alguns médicos, a maioria deles respeitadíssimos e, outros, anônimos, que seguem na linha de frente há tanto tempo que, poderia se dizer que “já viram tudo”. Mas eles e elas, meus médicos, sabem que ainda há muito a se ver e o melhor ainda está por vir.

Pedi a uma amiga, também médica infectologista, que lida com HIV e AIDS há tanto tempo que putz grilo.

Ela me deixou este texto por um de meus canais de comunicação e eu reproduzo aqui, Ipsis literis e tomo a responsabilidade da publicação para mim e, senhor, eu respeito muito a privacidade das pessoas que me auxiliam no mister de conduzir este trabalho.

Bem, depois de dito isso, eu abro passagem para uma pessoa com uma visão bem assestada sobre o AZT e tudo o que ele gerou!


Boa noite Cláudio,

Acho bem interessante rever como o desenvolvimento de medicações contra o HIV impulsionou a medicina. Mas temos que pensar que foi necessário o isolamento do HIV em 1983 para a abertura da era dos antirretrovirais.

team or group of doctors and nurses

O isolamento viral possibilitou que o mundo visse a aids com sua devida proporção, uma doença viral que afeta o sistema imune, nada de “peste gay” ou outras ideias preconcebidas de “castigo divino”.

A caracterização do ciclo viral e da capacidade de transcrição reversa do vírus, de RNA para DNA, foram os passos que possibilitaram o estudo da zidovudina como potencial droga para o tratamento. Tratava-se de uma droga inibidora da polimerase sintetizada em 1964 para o tratamento de câncer.

 Em 1983 o “National Cancer Institute” dos Estados Unidos lançou programa para procurar potenciais drogas contra o HIV em bibliotecas da indústria farmacêutica. Grupos de pesquisadores passaram a pesquisar em especial drogas com potencial ação contra a transcriptase reversa.

A partir de estudos experimentais de 1984, que observaram atividade antiviral da zidovudina “in vitro”, foram então iniciados os ensaios clínicos que observaram atividade antiviral efetiva em pacientes com infecção por HIV/aids.

Em 1987 foi publicado o estudo “The efficacy of azidothymidine (AZT) in the treatment of patients with AIDS and AIDS-related complex. A double-blind, placebo-controlled trial” no New England Journal of Medicine, que culminou com a aprovação da zidovudina pelo FDA.

É importante perceber que essa era iniciada pela zidovudina, com posterior desenvolvimento de outras medicações antirretrovirais, revolucionou a maneira com a qual lidamos hoje não somente com a infecção por HIV/aids, mas também com outras infecções virais. Eu me lembro de termos hospitais-dias lotados de pacientes com aids e graves infecções oportunistas nos primeiros anos da década de 1990.

De lá para cá, os hospitais-dia foram praticamente todos fechados por falta de uso.

Se hoje temos drogas antivirais de ação direta também contra o vírus da hepatite, se hoje temos drogas antivirais de ação direta também contra o vírus da hepatite B e para o vírus da hepatite C, temos que agradecer ao sucesso inicial da zidovudina.

Por sua vez, talvez esses novos passos nos levem ao tratamento de arboviroses como a febre Zika ou a febre amarela, hepatite C, temos que agradecer ao sucesso inicial da zidovudina.

Sigrid de Sousa dos Santos

Médica Infectologista há 22 anos


Foi “minha Infecto” por mais de dez anos

Cláudio Souza


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