Na Europa, garotos de programa são cada vez mais procurados

LGBT

26/09/2010

Rapazes têm sido um dos novos fenômenos entre os que migram para se prostituir, sobretudo na Espanha

Andrei Netto e Estela Viana

“Morenaço brasileiro, bom corpo, sexy e charmoso.” Por trás desse perfil está Marcos, de 28 anos, natural de São Paulo e há três anos morando na Espanha. Em Cádiz, na Andaluzia, ele exerce a prostituição e é mais um brasileiro engrossando as estatísticas dos estrangeiros que se dedicam à atividade sexual no país.

A prostituição brasileira na Europa deixou de ser apenas feminina. Garotos de programa são cada vez mais frequentes na massa de pessoas que saem do Brasil rumo à Europa para trabalhar no mercado do sexo. O último estudo da Fundação Triângulo, de 2008, revelou que mais de 80% dos garotos de programa de Madri, por exemplo, eram brasileiros. Com a crise de 2008, aumentou o número de espanhóis na área. Dos homens que praticam a prostituição, mais da metade ainda hoje é do Brasil.

O nível da prostituição masculina fica entre médio e alto – dificilmente se veem homens em busca de clientes na rua, como ocorre com mais frequência com as mulheres.

Médicos, advogados e até policiais, homens acima da meia idade e homossexuais formam o perfil da clientela com preferência pelos brasileiros. Dizem que são mais “calientes”. Por programa, paga-se até 150.

“Estou nessa porque não tenho outra coisa para fazer e, se aparecesse outra coisa, mesmo por 800 por mês eu trocaria”, afirma Marcos. Mesmo assim, ele não pensa em abandonar a Espanha. “Viver com mais tranquilidade e sem violência não tem preço.”

Sob investigação. Uma rede de garotos de programa brasileiros foi desmontada pela polícia espanhola no fim de agosto, o que levou o Itamaraty até a fazer um guia para vítimas de tráfico. A situação de brasileiros, homens e mulheres aliciados sobretudo no Nordeste por redes de prostituição masculina e feminina, de exploração do trabalho e de violência de gênero, preocupa tanto que a situação está sendo investigada na Itália, na Espanha e em Portugal por uma comissão de autoridades brasileiras.

Hoje, de 350 a 400 brasileiras, entre mulheres e transexuais, dividem-se entre as vias públicas e os sites de internet na França, segundo os cálculos da médica franco-brasileira Camille Cabral, fundadora da ONG Prevenção, Ação, Saúde e Trabalho para os Transgêneros (Pastt). “Houve uma onda extraordinária de tráfico de mulheres e transexuais brasileiros há três anos”, explica.

O ESTADO DE S. PAULO – SP | METRÓPOLE

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