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O segundo maior estudo para observar se as pessoas com HIV se tornam não-infecciosas se eles estiverem sob terapia antiretroviral (ART) não encontrou casos onde alguém com uma carga viral abaixo de 200 cópias/ml do HIV transmitido por sexo anal ou vaginal.
Uma análise estatística mostrou ser mais provável a transmissão via sexo anal. E de alguém em tratamento bem-sucedido para HIV era de 1% ao ano. E de 4% para o sexo anal com ejaculação onde o parceiro HIV-negativo era passivo.
No entanto, a verdadeira probabilidade é provavelmente muito mais próxima de zero do que isso.
Quando perguntada o que o estudo nos dizia sobre a chance de alguém com uma carga viral indetectável.
A conferencista Alison Rodger disse: “Nossa melhor estimativa é que é zero.”
Entretanto, eu Cláudio, não me sentiria tranquilo assim! Eu precisaria, sempre e necessáriamente do preservativo.
Reconheço, inclusive, que para mim, já é um “pudor tardio”.
Os participantes Tinham Carga Viral Indetectável
Tendo em vista que o estudo anterior estabeleceu, em 2011, que a eficácia da terapia antiretroviral em reduzir a transmissão do HIV do parceiro HIV-positivo para o HIV-negativo era de pelo menos 96% em casais heterossexuais, mas tinha muito poucos casais gays no estudo para, assim, estabelecer se o mesmo se aplicava a eles (ou em vez do sexo anal).
foi criado para remediar esta lacuna no conhecimento. E, até agora, ele recrutou 1110 casais, onde os parceiros têm status sorodivergentes, e aproximadamente 40% deles são casais gays. E eu sugi você pode aproveitar e abrir em outra aba esta matéria: Quanto Tempo Até Começar a Passar HIV para Outras Pessoas?
Para participar deste estudo, os casais têm que estar fazendo sexo sem preservativo pelo menos parte do tempo.
O parceiro HIV-negativo não pode estar usando a profilaxia pré ou pós exposição (PEP ou PrEP).
Eo parceiro HIV-positivo tem que estar em Terapia Antirretroviral (TARV), com a carga viral mais recente abaixo de 200 cópias/ml.
Este estudo é diferente do HPTN052 que media a eficácia dos parceiros HIV-positivo iniciando a terapia (versus parceiros que não haviam iniciado).
No total, 767 casais participaram nesta análise interina de dois anos e houve um total de 894 acompanhamentos anticonceptivos.
Entre os casais heterossexuais, o status sorológico para HIV foi dividido em parte iguais.
E na metade dos casais o homem tinha o HIV e na outra metade, a mulher.
Alguns casais foram excluídos da análise. Na maioria dos casos, isto aconteceu porque eles não apareciam nas consultas de acompanhamento. Mas, em 16% dos casos, foi porque o parceiro HIV-positivo desenvolveu uma carga viral acima de 200 cópias/ml.
E em 3% dos casos porque o parceiro HIV-negativo tomou PEP ou PrEP.
Houve diferenças significantes entre os casais gays e os casais heterossexuais. Na linha de base, os casais gays estavam fazendo sexo sem preservativo por um período em média mais curto:
1,5 anos versus 2,5 para os homens heterossexuais e 3,5 para as mulheres.
Durante o período de acompanhamento, todos os parceiros HIV-negativo heterossexuais relataram ter feito sexo vaginal sem preservativo.
- 72% com ejaculação;
- 70% dos parceiros gays HIV-negativo relataram sexo anal passivo,
- 40% com ejaculação,
- Enquanto 30% relataram apenas ser o parceiro ativo.
Uma proporção significante dos casais heterossexuais relatou ter feito sexo anal (será relatado depois).
Desta forma, o sexo sem preservativo fora do relacionamento foi muito mais comum entre homens gays!
Um terço dos parceiros HIV-negativo relataram isto, versus 3-4% dos heterossexuais.
Não há duvida de que por causa disto, infecções sexualmente transmissíveis (STIs) foram muito mais comuns nos casais gays.
E assim, surpreendentemente, um índice com 16% dos homens gays desenvolvendo uma STI (principalmente gonorréia ou sífilis) durante o acompanhamento.
Estes números versus 5% dos heterossexuais.
A principal notícia é que no PARTNER até agora não houve transmissões em casais com um parceiro com uma carga viral indetectável, no que foi estimado como 16.400 ocasiões de sexo nos homens gays e 28.000 nos heterossexuais.
Embora alguns dos parceiros HIV-negativo tornaram-se HIV-positivo (o número exato será revelado em uma análise posterior), testes genéticos do HIV revelaram que em todos os casos o vírus veio de alguém que não o parceiro principal.
Alison Rodger disse à conferência que se os parceiros HIV-positivo não estivessem em tratamento neste grupo, 50-100 (média: 86) transmissões teriam sido esperadas nos casais gays, e 15 transmissões em casais heterossexuais.
Nenhuma transmissão não é o mesmo que zero chances de transmissão. Os pesquisadores calcularam os intervalos de confiança de 95% para os resultados observados.
O que isto significa é que eles calcularam as probabilidades de zero transmissões sendo o fato ‘verdadeiro’ e qual era o risco máximo de transmissão.
Dadso os resultados observados.
Eles estabeleceram que houvesse uma chance de 95% que (em um casal em que a atividade sexual é mediana para o grupo estudado) a maior possibilidade de risco de transmissão de um parceiro era 0,45% por ano e de sexo anal de 1% por ano.
Em uma conferência de imprensa, o Dr. Jens Lundgren, investigador principal do estudo PARTNER, ressaltou que isto significava que houve uma chance máxima de 5% que em um período de 10 anos.
Um em cada 10 parceiros em um casal gay que fazia sexo anal sem proteção poderia adquirir o HIV;
Igualmente, assim, era mais provável que sua chance de contrair o HIV de seus parceiros era bem próxima de zero, e de fato poderia ser zero.
Conforme o grupo o grupo estudado se torna menor, tão maior tornam-se os intervalos de confiança e a certeza de um resultado se torna ‘vago’.
Isto significa que a probabilidade máxima de chance de transmissão de alguém em terapia supressora do HIV em seu maior grau era de 2% ao ano para sexo anal com ejaculação.
2,5% para sexo anal passivo
E 4% para sexo anal passivo com ejaculação.
Este último dado implica mais que uma chance em três de infecção se o comportamento sexual permanecer inalterado por mais de dez anos, mas novamente, esta é um dos ‘piores’ cenários e a probabilidade é menor.
Assim, nenhuma transmissão ocorreu apesar dos níveis relativamente altos de STIs, especialmente nos casais gays.
Quando a ‘Declaração Suiça’ (Swiss Statement, em inglês) foi liberada em 2008, ela declarava que pessoas com uma carga viral indetectável não transmitiam o HIV.
No entanto, fez uma exceção em pessoas com STI: o estudo PARTNER pode estar nos dizendo que as STIs (em parceiros positivos ou negativos) não aumentam a probabilidade da transmissão de HIV.
Isso se o parceiro positivo está em TARV e indetectável (embora, claro, ainda pode ser transmitido a eles).
O PARTNER está recrutando casais de homens gays e, como notado acima, seu resultado completo não sairá antes de 2017. Até lá nós precisamos ser cuidadosos sobre o que ele provou, e, como Jen Lundgren ressaltou, nunca será possível mostrar com certeza matemática que o risco de transmissão de alguém em terapia HIV bem sucedida é absolutamente zero. Além disso, estes resultados excluem situações onde a TARV falhou no parceiro HIV positivo, embora houve poucos destes casos.
Gus Cairns
Tradução: Rodrigo Sgobbi Pellegrini
Estes resultados excluem situações onde a TARV falhou!
Após a publicação deste texto há mais a ser visto neste link e eu aconselho a leitura
Referência:
Rodger A et al. HIV transmission risk through condomless sex IF HIV+ partner on supressive ART: PARTNER study. 21st Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections, Boston, abstract 153LB, 2014.