2017hiv

O fumo é a principal causa no aumento do risco de ataque do coração em soropositivos

     Pessoas que vivem com HIV e que fumam têm um risco quase três vezes maior de ter um ataque do coração do que fumantes HIV-negativo, de acordo com os dados holandeses publicados online antes de serem publicados em papel no Clinical Infectious Diseases (Doenças Infecciosas Clínicas).  O estudo sugere que o ato de fumar encabeça o número de ataques do coração observatabaco-1024x768dos em pessoas vivendo com HIV em cenários ricos em recursos com outros fatores sendo menos importantes.

Ao mesmo tempo, um grande fornecedor de cuidados em saúde na Califórnia relatou uma queda na incidência de ataques do coração em pessoas vivendo com HIV nos últimos anos com taxas agora equivalentes a pessoas HIV-negativo. Eles atribuem à mudança não somente à cessação do fumo, mas também ao melhor monitoramento de riscos cardiovasculares, maior uso de medicamentos para reduzir e prevenir o colesterol e a iniciação precoce de terapia antirretroviral.

Doenças cardiovasculares e ataques do coração

Em uma era de terapia antirretroviral eficaz, o foco no cuidado médico para muitas pessoas vivendo com HIV mudou através do gerenciamento de co-morbidades e condições de saúde que são associadas com o envelhecimento tais como doenças cardiovasculares.

Diversos estudos de observação relataram um aumento de 1.5 a 2 vezes o risco de ataque do coração (infarto do miocárdio) entre pessoas vivendo com HIV, comparado a pessoas que não têm HIV. Por volta de uma em cada dez mortes de pessoas vivendo com HIV são devidas a ataques do coração e outras doenças cardiovasculares. As causas subjacentes disto são matéria de debate científico. Ter o HIV causa diretamente inflamação crônica e mudanças no colesterol e outros lipídios que podem acelerar a doença cardiovascular. Alguns pesquisadores sugerem que drogas antiretrovirais específicas podem contribuir para estes processos. Fatores genéticos, envelhecimento acelerado em pessoas com HIV e pressão alta também têm sido propostas como fatores em potencial.

Mas fatores comportamentais e sociais também são bem prováveis de ser parte da explicação. Mais importante, as taxas do tabagismo tendem a ser consideravelmente altas em pessoas com

cigarros consumidos no cinzeiro
O meu é “mais ou menos” assim…

HIV que na população em geral. Além disso, diferenças no status sócio-econômico, etnia, consumo de álcool e o uso de drogas recreativas têm sido observadas entre grupos de pessoas HIV positivo e HIV-negativo. Enquanto os pesquisadores tentam medir fatores tais como estes e os levam em consideração quando comparam o risco de ataque de coração em pessoas HIV-positivo e HIV-negativo, este processo é inevitavelmente inexato e incompleto.

Um risco maior para os fumantes na Dinamarca

Para entender melhor a ligação entre a infecção por HIV, o fumo e o risco de ataque do coração, Line Rasmussen e seus colegas compararam dados em 3.251 pacientes HIV-positivo vivendo na Dinamarca e 13.004 indivíduos da população geral em Copenhagen, agrupados por idade e gênero.

Especificamente, os pesquisadores queriam descobrir se fumar tem um impacto maior no risco de ataque do coração entre fumantes vivendo com HIV do que entre fumantes HIV-negativo. Eles também objetivaram em estimar até que ponto fumar pode explicar o aumentado risco de ataque do coração entre pessoas vivendo com HIV.

Os dados foram coletados entre 1995 e 2013. Pessoas que tinha injetado drogas alguma vez na vida foram excluídas da análise.

As taxas de fumo eram muito mais altas entre pessoas vivendo com HIV:

  • 47% fumavam atualmente, comparado aos 19% na população geral.
  • 19% eram ex-fumantes, comparado a 34% na população geral.
  • 34% nunca tinham fumado, comparado a 46% na população geral.

A proporção de pessoas com HIV que vieram a sofrer um ataque do coração (2.9%) foi consideravelmente mais alta do que na população geral (1.0%)

Os pesquisadores analisaram o risco de ataque do coração de acordo com o fato de se a pessoa fumasse:colillas v

  • Fumantes habituais vivendo com HIV tinham um risco quase três vezes maior de ataque do coração comparado a fumantes na população geral de mesma idade e gênero: a taxa de proporção de incidente era de 2.83 (95% de confiança no intervalo 0.75 – 4.24).
  • Ex-fumantes vivendo com HIV tinham um risco quase duas vezes maior: taxa de proporção de incidente 1.78 (95% de confiança no intervalo 0.75 – 4.24)

Mas pessoas vivendo com HIV que nunca tinham fumado não tinham um grande risco de ataque do coração do que não-fumantes na população geral de mesma idade e gênero: a taxa de proporção de incidente era de 1.01.

As últimas descobertas não foram observadas em outros estudos que tipicamente descobriram que pessoas vivendo com HIV têm um risco maior de ataque do coração, mesmo se eles não fumam.

Os dados foram analisados de outra maneira, olhando somente para pessoas vivendo com HIV e pegando indivíduos que nunca tinham fumado como o grupo de comparação. Fumantes habituais tinham um risco estatisticamente significante seis vezes maior de ter um ataque do coração (taxa de proporção de incidente de 6.06) e ex-fumantes tinham mais que o dobro do risco (taxa de proporção de incidente 2.64).

Os dados holandeses, entretanto sugerem que a principal razão para o aumento na taxa de ataque do coração em pessoas com HIV é fumar. Não somente o fumo é mais prevalecente neste grupo como ele também tem um grande impacto fisiológico do que em pessoas que não têm o HIV.

Os pesquisadores estimam que 72% dos ataques do coração em pessoas vivendo com HIV foram atribuídos ao fumo – consideravelmente mais alto que os 24% na população geral. Se os fumantes habituais vivendo com HIV pudessem parar de fumar e tivessem o risco de ex-fumantes, o número total de ataques do coração em pessoas com HIV cairia para 42%.

Discutindo a pesquisa em um comentário adicionado, M. John Gill e Dominque Costagliola questionam se a maioria dos ataques do coração são causados pelo fumo por si só. Eles suspeitam que algumas das diferenças comportamentais e sociais nos participantes do estudo podem não ter sido completamente capturadas pela pesquisa. Além disso, eles acreditam que anormalidades lipídicas, inflamações crônicas e a escolha de antirretrovirais também possam contribuir para doenças cardiovasculares.

Entretanto, eles dizem que é bastante claro que fumar permanece como a causa dominante de ataques do coração em pessoas vivendo com o HIV. O estudo deveria encorajar os médicos a priorizar seu trabalho na cessação do fumo.

“Agarrar cada oportunidade durante a ajuda nos cuidados com HIV para focar nossos esforços em reduzir as altas taxas de tabagismo oferece o maior potencial para reduzir as taxas do IM [infarto do miocárdio],” eles dizem. “Encorajamento e apoio para nossos pacientes em seus esforços para parar de fumar oferece imensos benefícios para a saúde.”

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Menos ataques do coração na Califórnia

Publicado simultaneamente no Clinical Infectious Diseases está um relatório do programa em cuidados em saúde gerenciado pelo Kaiser Permanente, que fornece cuidados a seis milhões de californianos. Como relatado anteriormente pelo AIDSMAP, se o risco de ataque do coração por seus membros HIV-positivo era o dobro do que nos membros HIV-negativo de 1996-99 (proporção de risco 1.8, 95% de confiança no intervalo 1.3 – 2.6) ele tem caído estavelmente desde então. Em 2010 – 2011, não houve aumento do risco de ataque do coração para os membros vivendo com HIV (taxa de proporção 1.0, 95% de confiança no intervalo 0.7 – 1.4).

Os dados vêm de uma comparação de 24.768 indivíduos vivendo com HIV e 257.600 indivíduos que não tem HIV, com dados coletados de 1996 a 2011.

Nos últimos anos o significante marcador Framingham de risco para doenças cardiovasculares tem diminuído pouco para membros com HIV do que para membros sem o HIV, com melhores resultados para alguns fatores de risco (tais como colesterol total), mas resultados mais pobres para outros (tais como pressão alta). Se 45% das pessoas vivendo com HIV tivessem fumado alguma vez na vida, 31% das pessoas HIV-negativo também o fizeram.

Além do mais, houve um aumento dramático no uso de medicamentos para o colesterol e outros medicamentos para diminuir os lipídios para pacientes HIV-positivo durante o período do estudo – de 5.5 para 31.5%.

“Em nosso cenário de cuidados integrados à pacientes com seguro, estes resultados podem ser explicados pelo acesso ao cuidado, e os esforços na redução de riscos da amplamente disseminada DC [doença cardiovascular], tais como a implementação de lembretes de saúde que aparecem durante todos os registros de visitas clínicas, incluindo lembretes do monitoramento do colesterol e da pressão sanguínea, acompanhamento do diabetes, e cessação do fumo”, o pesquisador escreve.

Uma explicação adicional oferecida pelos pesquisadores é a transformação no uso de terapia antiretroviral em pessoas vivendo com HIV desde 1996. Medicamentos que tem menos associações com doenças cardiovasculares são agora mais propensas a serem usadas. Além disso, os pacientes começam o tratamento mais cedo e tem contagem de células CD4 mais altas, evitando a imunodeficiência que é associada com a inflamação crônica e doença cardiovascular.

“Nossas descobertas emprestam apoio ao conceito de que o risco aumentado de IM [infarto do miocárdio] para pacientes com HIV é amplamente reversível com a ênfase continuada em prevenção primária na combinação com a iniciação precoce em ART para preservar a função imunológica,” o autor conclui.

Tradução: Rodrigo S. Pelegrini

 

Uma observação do Editor Chefe de Soropositivo.Org:

Se os argumentos acima de nada lhe valeram no míster de leva-lo à pensar em parara de fumar eu vos convido a investirem (…) mais cinco minutos nas sábias palavras de um homem que eu reputo sério, eu diria seríssimo, sob as consequências devastadoras e funestas do mal-fadado hábito (vício) de consumir tabaco (…)

Sandra Bréa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sandra Bréa

Sandra Bréa em cena do filme O Convite ao Prazer (1980).

Nome completo Sandra Bréa Brito
Nascimento 11 de maio de 1952
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade  brasileira
Morte 4 de maio de 2000 (47 anos)
Rio de Janeiro, RJ
IMDb: (inglês)

Sandra Bréa Brito (Rio de Janeiro, 11 de maio de 1952 — Rio de Janeiro, 4 de maio de 2000), conhecida profissionalmente como Sandra Bréa, foi uma atriz brasileira. Foi considerada símbolo sexual do país na década de 1970 e na década de 1980.

Ela era famosa não apenas pelos seus muitos trabalhos, mas também por ter assumido publicamente, em agosto de 1993, que foi contaminada pelo vírus da AIDS, lutando contra a discriminação. Contudo, a atriz faleceu vítima de câncer de pulmão, sete anos mais tarde.[1]

Foi expoente do Movimento de Arte Pornô[2].

Saiba mais sobre Sabdra Bréa aqui

Referências

Observações do Editor: Os links abaixo apontam para os estudos em inglês.

Rasmussen LD et al.  Myocardial infarction among Danish HIV-infected individuals: Population attributable fractions associated with smoking.  Clinical Infectious Diseases, 2015.

Gill MJ & Costagliola D. Myocardial Infarction in HIV infected persons: Time to focus on the silent elephant in the room?  Clinical Infectious Diseases, 2015.

Klein DB et al. Declining Relative Risk for Myocardial Infarction Among HIV-Positive Compared with HIV-Negative Individuals with Access to Care. Clinical Infectious Diseases, 2015.


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