A Cura do HIV: Realidade ou Esperança?

3D render of a medical background with Covid 19 virus cells and male figure with fever and sore throat

O HIV ainda é uma das infecções mais desafiadoras de tratar devido à sua capacidade de se integrar ao DNA das células humanas e de se esconder em “reservatórios” dentro do corpo. Contudo, apesar de ser difícil de curar, viver com HIV não é mais uma sentença de morte. Com os avanços na terapia antirretroviral (TARV), muitas pessoas podem viver vidas longas e saudáveis, desde que mantenham o tratamento adequado e contínuo.

O HIV se distingue de muitos outros vírus por sua capacidade de se integrar ao DNA das células imunológicas de vida longa, como as células T de memória. Essas células servem como “reservatórios” do vírus, escondendo-se do sistema imunológico e dos medicamentos antirretrovirais. Quando o tratamento é interrompido, essas células podem reativar a infecção, o que torna o HIV uma condição vitalícia.

Além disso, enquanto muitas infecções virais, como resfriados ou hepatite A, são controladas pelo sistema imunológico, o HIV não pode ser completamente eliminado pelo corpo. Ele persiste, mesmo quando a carga viral é reduzida a níveis indetectáveis pelo tratamento.

A recomendação é que todas as pessoas vivendo com HIV comecem a TARV o mais cedo possível, independentemente da contagem de células CD4. O início precoce do tratamento oferece uma série de benefícios:

  • Redução da morbimortalidade.
  • Aumento da expectativa de vida.
  • Prevenção da progressão da doença para aids.
  • Redução do risco de comorbidades, como doenças cardiovasculares e renais.
  • Prevenção de infecções oportunistas, como a tuberculose.
  • Recuperação da função imunológica e supressão virológica duradoura.
  • Melhora na qualidade de vida.
  • Prevenção da transmissão do HIV.

A TARV deve ser iniciada no mesmo dia ou em até sete dias após o diagnóstico da infecção pelo HIV. A adesão ao tratamento é fundamental para garantir esses benefícios e evitar a progressão da doença.

Além de controlar o HIV no corpo, a TARV também atua como uma potente ferramenta de prevenção. Estudos demonstram que, quando uma pessoa em tratamento atinge uma carga viral indetectável (menos de 200 cópias/mL), o risco de transmissão sexual do HIV é zero. Este conceito é conhecido como “Indetectável = Intransmissível” (I = I).

Isso significa que pessoas com carga viral indetectável não transmitem o HIV para seus parceiros sexuais. Este fato revolucionou o combate ao estigma associado ao HIV e deu às pessoas vivendo com o vírus uma maneira eficaz de prevenir a transmissão.

Embora a cura do HIV ainda não seja uma realidade para todos, já houve casos de cura documentados. Cinco pessoas foram curadas por meio de transplantes de células-tronco de doadores resistentes ao HIV. Esses procedimentos, embora arriscados e caros, demonstram que a cura é possível, mas não são uma solução prática em larga escala.

Além disso, há pessoas que conseguem “driblar” o HIV. Os “controladores de elite” são indivíduos que mantêm a carga viral indetectável sem o uso de medicamentos. Já os “controladores pós-tratamento” são aqueles que, após interromperem a TARV, conseguem suprimir o vírus com suas próprias respostas imunológicas.

A busca pela cura continua sendo um foco intenso da pesquisa científica. A participação de pessoas vivendo com HIV em ensaios clínicos é crucial para esse avanço. De acordo com um estudo australiano, 82% das pessoas vivendo com HIV demonstraram interesse em participar de estudos de cura, apesar dos riscos envolvidos. Esse interesse é muitas vezes motivado pelo desejo de ajudar as gerações futuras e contribuir para a ciência.

Porém, é importante que os voluntários estejam cientes dos riscos e compreendam que os benefícios clínicos podem ser limitados nos estágios iniciais da pesquisa. O envolvimento comunitário e a educação são essenciais para garantir que os participantes estejam bem informados.

Embora o HIV ainda seja uma condição vitalícia, a TARV permite que as pessoas mantenham o vírus sob controle e vivam com qualidade. O tratamento impede a replicação do vírus e previne o enfraquecimento do sistema imunológico. Quando o tratamento é seguido corretamente, as pessoas com HIV podem ter uma vida plena e produtiva.

Em casos raros, como os controladores de elite e os controladores pós-tratamento, o sistema imunológico é capaz de suprimir o vírus sem o uso contínuo de medicamentos. No entanto, esses casos são exceções, e a TARV permanece a principal forma de tratamento eficaz e comprovada para a maioria das pessoas vivendo com HIV.

O tratamento precoce com TARV é fundamental para suprimir o HIV, melhorar a qualidade de vida e prevenir a transmissão do vírus. O conceito “Indetectável = Intransmissível” reforça a importância da adesão ao tratamento e ajuda a combater o estigma associado à condição.

A pesquisa pela cura do HIV continua a avançar, e as pessoas vivendo com o vírus desempenham um papel crucial ao participar de estudos clínicos. Embora os desafios permaneçam, as terapias atuais oferecem uma solução eficaz para manter o HIV sob controle, permitindo que as pessoas vivam plenamente enquanto aguardamos avanços na busca por uma cura definitiva.

AIDSMAP

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