Por que usar Preservativos?
Apesar de existir há muito tempo durante o qual o seu uso era como método contraceptivo – o preservativo assumiu seu papel preventivo recentemente, com a ameaça causada pelas DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e pelo HIV – sua utilização foi então estudada e recomendada pelas diversas agências e ministérios relacionados com a área de saúde pública. As suas propriedades profiláticas e contraceptivas – além da quase completa ausência de efeitos colaterais – foram comprovadas, e, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde),
Como são Fabricados e controlada a qualidade dos Preservativos Masculinos?
Os preservativos são fabricados respondendo a um procedimento padrão fiscalizado pela ISO 4074 (ISO – International Organization for Standardization, ou Organização Internacional para Padronização), uma diretriz específica para preservativos de látex. Este documento foi desenvolvido por um comitê técnico (ISO/TC/157) e está sob constante e extensiva revisão. Os preservativos, após sua manufatura, são submetidos a um processo conhecido como “Pré-qualificação”, designado para testar a habilidade do fornecedor em produzir lotes homogêneos de preservativos de boa qualidade em uma base contínua, e de excluir antes ou durante o processo de confecção as unidades defeituosas. Os três passos no procedimento de pré-qualificação são:
1) exame das evidências em documentação apresentadas pelo fornecedor;
2) teste dos preservativos manufaturados;
3) quando apropriado, inspeção das fábricas nas quais o preservativo é produzido, executado por especialistas treinados em administração de qualidade.
Além da pré-qualificação, outros testes são realizados, como a análise de adesão ao produto, para determinar a adequação do produto ao mercado. Uma vez aprovado, o preservativo é distribuído no mercado, com o selo de aprovação em sua embalagem. No Brasil, este selo é responsabilidade do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que desenvolveu o RTQ-9 (Regulamento Técnico de Qualidade Nº 9), correspondente nacional da ISO 4047. Além dos procedimentos de testagem descritos, o RTQ-9 também previa uma bateria de testes microbiológicos que acabou sendo abandonada, uma vez que o preservativo de látex não é (e nem precisa ser, segundo especialistas) estéril. Os padrões testados na norma do INMETRO e da ISO 4047 são:
– comprimento e largura 4,0%* º
– verificação de vazamento 0,4%*
– capacidade volumétrica e pressão de estouro 1,5%*?
– estabilidade da cor 4,0%*, **
– resistência à traição 2,5%*
– embalagem e rotulagem 1,0%*
* percentuais máximos aceitáveis de preservativos não conformes por lote – desde lotes de 35.000 a 150.000, com alguns lotes excepcionais de 500.000 – segundo o RQT-9 e a ISO 4047.
** Padrão estabelecido apenas pelo RQT-9
º Percentuais de NQA aceitáveis para cada parâmetro, individualmente
Além destas baterias de teste, as empresas realizam exames adicionais em cada lote, para assegurar a qualidade de seu produto. Entre estes, encontramos testes microbiológicos, testes de envelhecimento (exposição durante 7 dias a 70 graus), testes de insuflação de ar (visando provocar um esforço sobre toda extensão do produto muito superior à resistência normal necessária), e testes de água, para detectar e visualizar eventuais desvios de qualidade na membrana do látex.
Diversas outras medidas são recomendadas pela OMS para se assegurar uma qualidade ótima do preservativo – como cuidados com a embalagem e medidas para impedir o crescimento de bactérias nas embalagens. Tais fatores são importantes indicadores de eficácia do produto, e a indústria brasileira conta com o serviço do INMETRO para a garantia deste procedimento. Apesar de tudo, ainda é função do consumidor exigir o selo de garantia na compra do produto.
Eventuais Problemas
Apesar de todos os testes de qualidade e das preocupações associadas à produção e distribuição dos preservativos masculinos, ainda há casos nos quais ocorrem acidentes que comprometem a eficácia do produto. Geralmente estes problemas acontecem por inexperiência do usuário, ou por uma falha no processo de colocação do preservativo. Uma pesquisa realizada pela Family Health International (FHI) mostra que o rompimento dos preservativos não está distribuído ao acaso em populações estudadas – ou seja, algumas pessoas relatam taxas de rompimento em proporções muito maiores do que outras: geralmente casais mais jovens ou que estejam utilizando o preservativo há pouco tempo ou de maneira incorreta. Outros fatores que podem prejudicar o desempenho também estão relacionados com a prática, ou com a quantidade de informações do usuário – o fato de utilizar tesouras, objetos cortantes ou até mesmo os dentes para abrir as embalagens, expor as embalagens ao sol e não seguir o procedimento correto de colocação do preservativo são exemplos de erros possíveis que comprometem sua eficiência.
Uma pesquisa realizada mostra que as principais preocupações que surgem entre os consumidores são a questão de um possível vazamento da camisinha, a possibilidade de rompimento durante a relação sexual e a possibilidade do preservativo escorregar Quanto ao vazamento eventual durante a utilização de preservativos, pesquisas demonstram que nas marcas de maior circulação não existem poros nos produtos. Embora estes estudos tenham sido realizados nos Estados Unidos, pode-se estabelecer um paralelo no Brasil, uma vez que o INMETRO utiliza os mesmos parâmetros de pesquisa. Portanto, em caso de porosidade no preservativo, deve-se suspeitar de uma eventual falha no estoque, como a exposição ao sol ou algum dano mecânico no produto durante sua colocação.
O rompimento do preservativo provavelmente é a maior preocupação do consumidor. Um grande número de estudos sobre o rompimento de camisinhas relata taxas que variam de menos de 1% a
A possibilidade do preservativo escorregar existe, mas representa um evento muito menos freqüente e menos relatado nas pesquisas. A OMS associa tais casos isolados a problemas na escolha do diâmetro do preservativo utilizado; é fato que existem marcas de tamanhos diferentes à disposição no mercado, e na maioria dos casos, o deslizamento (slip-down) ou a queda (slip-off) do preservativo estão associados a utilização errônea do mesmo, como o atraso na retirada do pênis após a ejaculação.
E o Preservativo Feminino?
Segundo a OMS e a UNAIDS, o preservativo é uma camada forte e transparente feita de poliuretano e funciona para a prevenção da gravidez indesejada e DST, inclusive o HIV. A membrana possui um formato similar ao do preservativo masculino, com um anel flexível em cada ponta – o anel menor situa-se do lado fechado do preservativo e é utilizado para a inserção no canal vaginal e ajuda manter o preservativo na parte superior da vagina (tal anel é removível). O anel maior e mais fino fica do lado de fora da vagina quando o preservativo é inserido e ancora o mesmo, garantindo que a genitália externa da mulher e a base do pênis estejam protegidos durante a relação sexual. O produto é pré-lubrificado com um gel a base de silicone e permite a utilização de outros tipos em sua face interna, como os baseados em água, descritos anteriormente. O preservativo é inserido manualmente na vagina e isto pode ser feito horas antes do ato sexual e pode ser retirado depois deste, ao contrário do masculino.
Se, por um lado, o preservativo feminino apresenta, como maior vantagem, a possibilidade de escolha por parte da mulher quanto à preservação de sua própria saúde, a maior desvantagem deste produto é severa: o seu custo. Pesquisas demonstram que o custo do preservativo feminino costuma ser maior do que o esperado na maioria das pesquisas realizadas com o público. Contudo, a OMS propões saídas para este problema; além de sugerir que empresas privadas ou órgão do governo subsidiem a produção do preservativo e permitam que seu preço de venda seja menor, a Organização argumenta que, caso a demanda do preservativo cresça, seu custo eventualmente vai diminuir tanto pela concorrência quanto pela economia de escala.
Diversos estudos comprovam que apesar da pandemia de AIDS ter atingido as proporções atuais e continuar a afetar a população, temos em nossas mãos ferramentas eficazes contra este vírus. O preservativo masculino mostra-se bastante eficaz se utilizado corretamente, e novas descobertas estão a caminho – camisinhas feitos de materiais de compostos de elastômeros sintéticos podem substituir o látex, por serem mais resistentes e com maior capacidade de elongação, por exemplo. Estes elastômeros sintéticos tendem a ser mais fortes do que o látex, inodoros, não deterioram em contato com lubrificantes oleosos e são mais confortáveis, promovendo uma maior sensibilidade durante a relação sexual.
Embora ainda seja necessária a realização de alguns estudos elucidativos sobre o preservativo feminino, o produto já demonstra a sua eficiência em muitas áreas nas quais um instrumento deste tipo se fazia necessário há muito tempo. Ainda resta um intenso trabalho na promoção e divulgação do preservativo, além da educação e estímulo do uso a ser realizado com as populações que estão mais expostas ao risco e com menos chance de negociação do uso do preservativo masculino. O preservativo feminino é mais do que um produto que previne o HIV, DST em geral e uma eventual gravidez indesejada; é um instrumento de expressão e força da mulher e de sua sexualidade.
Produzido por: Francisco A. de Moura
Revisão Técnica: Profa.Dra. Vera Paiva e Ana Maria Aratangy
Sobre prevenção de AIDS
Quem disse?
1. Preservativo Masculino: Hoje mais necessário do que nunca! Brasília. Ministério da Saúde, 1997.
2 POTTS, M e DIGGORY, P. Contraceptive Practice. New York, Cambridge University Press, 1982, p.21.
3 World Health Organization (WHO) Specifications and Guidelines for Condom Procurement. Genebra, 1998.
4 Ibid.
5 INMETRO. Regulamento Técnico – Preservativo Masculino de Borracha . Rio de Janeiro, 1995 (mimeo)
6 Johnson & Johnson. Prospecto fornecido pela acessoria de imprensa. São Paulo, Julho de 1997.
7 In, World Health Organization. The Male Latex Condom – Fact Sheet 1:Scientific Facts on the Male Natural Rubber Latex Condom. Genebra, 1999.
8 Center for Disease Control and Prevention (CDC). Condoms for Prevention of Sexually Transmitted Diseases. Morbidity and Mortality Weekly Report. 37:133-137, 1988.
9 The Consumers Union. Can You Rely on Condoms? Consumer Reports 54(3):134-141, 1989.
10 In, World Health Organization. The Male Latex Condom – Fact Sheet 1:Scientific Facts on the Male Natural Rubber Latex Condom. Genebra, 1999.
11 ELIAS, M. Correct Use of Condoms is Rare. USA Today. December 13, 1991.
12 WELLINGS, K. AIDS and the Condom. Britanic of Medicine Journal. 293:1.259-1.260,1986.
13 World Health Organization. The Male Latex Condom – Factsheet 9: Male and Female Synthetic Condoms. Genebra, 1999.
14 BLOGG, J e BLOGG, S. Acceptability of the female condom (Femidon) within a population of commercial sex workers and couples in Salima and Nkhotakota, Malawi. 1994 (Não publicado)
15 World Health Organization. The Female Condom: A Review. Genebra, 1997.
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