Solidariedade nas mãos

Era 1992 e eu, jornalista, atuava em uma dinâmica de “hard news”-  notícias pesadas, na tradução livre, mas que se refere ao dia a dia do jornalismo. “Hard”, mesmo, é a jornada. E sou um “dinossauro” das mídias, porque quase encontrei Gutenberg na escola, de tão antiga que é minha jornada no jornalismo.  Não tínhamos e nem sonhávamos em ter recursos como a internet.  Ou você tinha boa memória, boas fontes e um bom departamento de pesquisa, ou você simplesmente não trabalhava.

Na ocasião, os primeiros casos de aids começaram a aparecer e à medida que vinham as explicações da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, víamos também a ignomínia humana aflorar.  Um dos primeiros foi o caso de Sérgio Tardelli, que infelizmente não tive a honra de conhecer, mas já convivia com sua irmã, Roseli Tardelli, desde os anos 1980, quando nos cruzamos na Faculdade Cásper Líbero.

Naquele ano trabalhávamos juntas na TV Cultura, que vivia seus áureos momentos de inovação e proficiência na função jornalística.  Sérgio foi diagnosticado com infecção por HIV e o seguro saúde da família, a Golden Cross, primeiramente recusou-se a prestar atendimento médico ao jovem. O atendimento finalmente ocorreu pela força da Justiça, por meio de uma Liminar. Depois virou Lei, porque ora, por que não? Os motivos ao veto imposto ao Sérgio e sua família eram insólitos e carregados de preconceito. A irmã, que nunca se arrefece diante de ignomínias, foi atrás de Justiça e da cidadania.

Juro que eu não tinha a menor ideia do âmbito de sua luta, mas claro que me solidarizei, porque havia uma pessoa excluída, que no caso, era irmão de uma colega de trabalho.  Então, no dia que Roseli preparou uma manifestação no Centro de São Paulo para protestar contra a ignomínia, no momento em que eu trocava “figurinhas” com outros colegas de outras emissoras, passei o factual para  os colegas. A manifestação foi  tema de reportagem em todas as mídias, virando manchete em âmbito nacional naquele dia.

Sergio faleceu algum tempo depois, porque ainda não havia os antiretrovirais, que mais tarde salvaram a vida de tanta gente até os dias de hoje, mas a luta política de Roseli Tardelli, efetivamente, mudou o rumo da prosa. Esse foi um dos episódios que nos conectou para sempre, pois sempre haverá algo a fazer pelo outro, por pessoas que estejam sob alguma situação de exclusão, por algum desafio que o segregue do direito à vida, e à vida plena, porque não acredito em menos que isso.

A história da pequena Sheila Cortopassi, garotinha de 5 anos, que na época, teve sua matrícula em uma escola privada negada, por ter nascido com HIV, também me marcou a alma. Houve um apoio do Sindicato das Escolas Particulares em relação à escola, apesar de ter uma criança excluída por preconceito e ignorância. O trabalho da mídia, naquela ocasião, verdadeira e aguerrida, também ajudou a mudar o rumo da história. A garotinha faleceu no ano seguinte, mas seu direito de ir à escola foi mantido.

Hoje temos várias gerações de pessoas que vivem com HIV, que é considerada uma doença crônica, mas cuja rede pública de saúde acolhe e é capaz de garantir uma vida digna, mesmo diante de algumas dificuldades tão comuns na Saúde do nosso país. Hoje temos também, redes de apoio e mais, amplas dinâmicas integrativas, que ajudam as pessoas que vivem com HIV a viverem ainda mais seu estado de bem-estar.

O reiki, por exemplo, é adotado no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, e quem o aplica é um grupo de voluntárias descendentes do próprio Emílio Ribas.  E foi por meio do reiki que tive a oportunidade de me conectar com Claudio Souza, autor desse blog, que gentilmente me convidou a escrever para seu público.

Para quem não conhece, ´”reiki” é uma técnica que trabalha com energia cósmica. É uma das cerca de 30 terapias integrativas mais populares no planeta e é indicada, inclusive, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil.

Vou procurar trazer temas ligados às técnicas integrativas e de bem-estar para este blog, como forma de manter minha conexão fraterna com as pessoas que, por alguma razão, estejam precisando de uma dica nesse caminho complementar.

Muito obrigada pelo convite.

Related posts

Onze Sinais de HIV para se saber

Erupção maculopapular explicada

Como identificar uma erupção cutânea com HIV Com, Imagens