Soropositivo: A banalização – “Esta tudo normal, é só você tomar um comprimidinho e ser feliz”… (???) – (…)

Eu tinha em mente colocar este video on line aqui, neste site, por volta do mes de dezembro, mês em que se dá mais atenção para a AIDS.

Mas ocorreram fatos, e eu vou colá-los aqui, que me forçaram a colocar este video on line agora, ao invés de apenas em dezembro, no entanto, alguns fatos chegaram e eu não pude ficar em silêncio.

O fato é que eu li que não se morre mais de AIDS (e isso é uma “meia-verdade pois depende praticamente de ter “sorte” e ser diagnosticado prematuramente) e que tudo está bem.

Vou colar aqui uma imagem de outro site, que foi o que me levou a colocar este texto e este video aqui.

O fato é que eu vi, no SNNIPET do google uma mensagem que despertou minha curiosidade e eu fui lá dar uma olhadinha e o que vi me deixou perplexo:

Dizer tal coisa, sem base científica, a partir do palanque blindado onde ele se oculta, por detrás de um avatar, implica em uma grande responsabilidade e eu, que sou paciente da Casa da AIDS e vou lá a cada seis meses, sempre acabo encontrando alguém debilitado, ou na situação de cadeirante, ou de uma pessoa que perdeu  a visão, por exemplo, em função de uma retinite por citomegalovírus que, se tiver tido “sorte”, tera perdido a visão de “apenas um olho”… Por outro lado, eu nunca conseguirei apagar, das retinas de minha memória, a face juvenil e feliz daquela moça, tão bela, que sofria com uma bactéria que ninguém conseguia deslindar sua natureza, resistente a tudo o que se tentara nela, bactéria que se alojara em seu labirinto, lhe tirando a capacidade do equilíbrio… Eu era “novo nisso” e perguntei, tolamente:

-“E é por isso que você usa cadeira de rodas? – Perguntei entristecido

Eu estava abaixado e ao perguntar isso baixei minha cabeça. Ela pegou minha cabeça, fez com que eu a olhasse nos olhos e me disse, sorrindo:

-“Isso é só na rua”, e me piscou um olho -“Em casa eu posso andar apoiada nas paredes”…

Mulher feliz, a despeito do equilíbrio impreciso, assim era a pessoa destas minhas recordações

A realidade colocada na imagem acima é para aqueles que “dão sorte” em serem diagnosticados prematuramente e, por isso, podem vir a viver sem se tornar um caso de AIDS, infelizmente este é um percentual  baixo dos diagnosticados e convém lembrar que entre o ano 2000 e 2011 morrerem, em função de complicações geradas pela AIDS, onze mil pessoas.

Eu  sou um caso de AIDS porque, na época em que eu estava em tratamento, a cartilha mandava que se  rezasse a prescrição do tratamento quando a contagem de CD4 chegasse a 350 por ml, independentemente da carga viral e, hoje, a cartilha reza, e isso é muito bom, que o tratamento se inicie imediatamente após o diagnóstico, com base em um longo e amplo estudo chamado START (este link abre uma janela para quase tudo o que tenho sobre este estudo e você poderá entender o Porquê de meu gesto de copiar e colar imagens de um outro site).  O fato é que eu considero o texto em questão como uma exortação ao sexo sem proteção; eu, como pessoa vivendo com HIV e AIDS sendo indetectável há dez anos, jamais arriscaria uma relação sexual sem preservativo sob nenhum pretexto porque eu tenho conhecimento (informação é tudo) de um fenômeno orgânico chamado BLIPE VIRAL (tb abre outra aba).

E,  por outro lado, uma pessoa que “frequenta o site, saiu-se com esta pérola de definição do tratamento contra o HIV:

O Autor desta pérola tem um cérebro composto por oito lentilhas interconectadas por fios de teias de aranha? Seria isso.

Eu deixo o video abaixo para quem quiser ver. Ele tem mais de 40 minutos e você tem de estar bem interessado em assisti-lo.

Aqui eu coloco outro video

e abaixo, um importante documento.

Boa leitura

A re-emergência da epidemia de aids no Brasil: desafios e perspectivas para o seu enfrentamento

No último dezembro, quando foi celebrado o dia mundial de luta contra a aids, a divulgação das tendências da epidemia no mundo1 e no Brasil2 pelas Nações Unidas e pelo Ministério da Saúde evidenciaram contradições e suscitaram interrogações.

Na contramão do cenário mundial, os dados brasileiros apontaram que a aids está longe de ser controlada e que atingiu seus piores indicadores nesses mais de trinta anos da doença. Desde 2011 a barreira dos quarenta mil casos novos anuais foi ultrapassada, sem sinais de que voltará a reduzir em um curto período de tempo.

Voltou a crescer o número de casos entre homossexuais, acompanhado da maior concentração da epidemia nos centros urbanos e do aumento da razão masculino/feminino devido, especialmente, à redução da transmissão do HIV por meio do uso compartilhado de drogas injetáveis e da desaceleração da transmissão heterossexual.

Uma nova geração, nascida após meados da década de 1990, também começou a apresentar taxas de incidência maiores do que as registradas entre aqueles que iniciaram sua vida sexual logo após o início da epidemia.

Um perfil epidemiológico que, de certa forma, volta a assumir características similares ao observado no início dos anos de 1980, quando a doença começou a fazer suas primeiras vítimas e apresentou uma incidência fortemente concentrada em segmentos sociais específicos.

Agora, porém, com taxas de incidência e mortalidade mais alarmantes. Mas, o que mais evidencia a re-emergência da doença no país é a tendência da mortalidade. Depois de anos seguidos de redução, o número de mortes e a taxa de mortalidade voltaram a crescer.

Somente em 2013 foram 12.700 casos de óbitos pela doença, um número similar ao de 15 anos atrás, quando a política de acesso aos antirretrovirais havia sido implantada. Nos últimos sete anos o crescimento da taxa nacional de mortalidade aumentou em pouco mais de 5%, passando de 5,9% por cem mil habitantes em 2006, para 6,2% por cem mil habitantes, em 2013.

Nas regiões Norte, Nordeste e Sul as taxas chegaram a ser até duas vezes maiores do que no período anterior à política de acesso aos antirretrovirais, neutralizando todos os avanços observados anteriormente nessas locais. O recrudescimento da aids no Brasil ocorre em um momento em que os conhecimentos científicos acumulados no campo lançam perspectivas alvissareiras para o controle da epidemia no mundo.

Estudos sobre os efeitos dos antirretrovirais utilizados no cotidiano dos serviços de saúde3 mostram que pessoas tratadas nas fases iniciais da infecção apresentaram expectativa de vida próxima de pessoas não infectadas. Isso nos permite distinguir um cenário onde a morte por aids deveria ser um evento cada vez mais raro.

O maior entusiasmo, porém, veio com os estudos que relataram a redução de mais de 90% da transmissão do HIV em pessoas com HIV tratadas por antirretrovirais e com supressão total da replicação viral4 .

Uma taxa de proteção superior ao observado em programas de distribuição de preservativos. Com base nesse novo cenário, os estudos de modelagem matemática6 têm indicado que o diagnóstico e tratamento universal de pessoas infectadas teria o potencial de eliminar a ocorrência de novas infecções.

Isso impulsionou as Nações Unidas7 a convocarem os países a implantar até 2020 programas ambiciosos para diagnosticar 90% das pessoas com HIV, tratar 90% delas com antirretrovirais e fazer com que 90% das tratadas tenham carga viral indetectável.

É a denominada meta 90-90-90 que, segundo as Nações Unidas, poderia levar ao fim da epidemia no mundo até 2030.

Para além da polêmica acerca da factibilidade de estratégias de controle de epidemias baseadas em tratamento medicamentoso obterem pleno sucesso – basta observar a permanência da tuberculose e da hanseníase como importantes problemas de saúde pública, apesar da existência de tratamentos efetivos para a cura e para evitar a transmissão das infecções -, a proposição das Nações Unidas trouxe para o centro do debate a capacidade dos sistemas de saúde de absorver um grande contingente de pessoas infectadas e a qualidade do cuidado prestado a elas.

No Brasil, os dados do Ministério da Saúde2 sobre o “contínuo do tratamento” – com a estimativa do número de pessoas infectadas no país e os percentuais dos que sabem do diagnóstico e estão em tratamento efetivo – apontaram para um quadro surpreendente:

O número de pessoas infectadas que conhecem o seu diagnóstico e estão fora dos serviços de saúde ou com carga viral detectável (296000) é cerca do dobro do número de pessoas (145000) que não conhecem o seu diagnóstico.

Uma dificuldade clara das políticas para garantir o seguimento clínico e a adesão ao tratamento de forma sustentável ao longo do tempo. Desde o início da epidemia, ainda nos anos de 1980, uma rede de cuidado às pessoas infectadas foi implantada no país, baseada nos princípios da integralidade e interdisciplinaridade e com avaliações de qualidade mostrando estruturas e processos de trabalho relativamente satisfatórios, para parcelas significativas das unidades de saúde.

Nos últimos anos, entretanto, parte dessa rede tem sido penalizada, devido ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e o enfraquecimento da resposta à aids no país.

A recente proposta do Ministério da Saúde de fortalecimento dessa rede pela ampliação do cuidado de pessoas infectadas na atenção básica deixa interrogações a respeito de sua efetividade. É certo que experiências positivas foram observadas em serviços implantados nesse nível de atenção, porém, as avaliações também mostraram que os piores indicadores de qualidade se concentraram nos serviços de menor complexidade.

Para aqueles que dizem que eu sou “empata  fodas” com meu pessimismo eu devo retorquir dizendo.

Transa, mas não fode!

Abaixo alguns dados obtidos a partir de um PDF cuja origem e link para o documento eu coloco abaixo deste texto:

A Aids no Estado de São Paulo

O ano de 2012 marca o início da quarta década da epidemia de aids no Brasil e em São Paulo. Este boletim apresenta o resultado das três décadas encerradas em 2011, uma vez que esses anos podem agora ser analisados na sua totalidade, em função dos processos envolvidos na notificação dos casos e do tempo transcorri­do entre a investigação, o envio, consolidação e análise dos dados.

Do primeiro diagnóstico de São Paulo e do Brasil em 1980, até junho de 2013, foram re­gistrados no Estado de São Paulo 228.698 casos de aids (Tabela 2), o que representa cerca de 33% do número de casos acumulados do país. O número estimado de pessoas vivendo com a doença aids no Estado era de 7.601 em 1991; 51.708 em 2001 e de 110.181 em 2012 (Tabe­la 11 e figura 4). Um aumento de cerca de sete vezes da primeira para a segunda década e de duas vezes da segunda para a terceira década. Embora já possam ser conhecidos dados até 2012, eles ainda são parciais e em alguns gráfi­cos e tabelas, optou-se por consolidar os totais até 2011, permitindo comparar as três décadas.

Nesta última década, a magnitude da epi­demia segue declinando. A taxa de incidência (TI) no Estado, que atingiu seu patamar mais elevado em 1998, (35 por 100 mil habitantes- -ano), sendo de até 130 por 100 mil habitantes- -ano entre homens de 30 a 39 anos e de 60 em mulheres de 25 a 29 anos naquele ano, vem caindo sistematicamente, chegando a 20,8 em 2011, ano mais completo e 18,0 em 2012, ainda incompleto. (Tabelas 5 e 6)

As regiões de Barretos, Santos, São Pau­lo, Ribeirão Preto e Caraguatatuba, nessa or­dem seguem sendo aquelas com maiores taxas de incidência (Tabela 14) e as regiões do mu­nicípio de São Paulo, Campinas, Santo André, Osasco e Santos, ou seja, as três grandes re­giões metropolitanas do Estado, nessa ordem, foram as que notificaram maior número de ca­sos em 2012 (Tabela 13).

Na primeira década, a TI média do pe­ríodo foi de 6,4; na segunda 30,4 e na última, 21,9 casos por 100 mil habitantes-ano. Para os homens, o pior ano foi o de 1996 (TI de 47,0), enquanto para as mulheres foi 1998 (TI de 23,8) (Tabela 4). Mesmo havendo uma importante redução de 40,5%, em 2011 comparado a 98, quando eram registrados mais de 35 novos ca­sos por dia, ainda assim, em média, 23 novos casos de aids ainda tem chegado aos serviços do Estado, todos os dias (Tabela 2 e Figura 1) .

Essa redução da TI ocorre em todas as idades, sendo mais significativa entre as mulhe­res (48,0%) do que entre os homens (28,7%) e entre pessoas de 15 a 49 anos (35,9%), do que nas demais idades (Tabelas 5 e 6).

Nesta terceira década, a aids permanece sendo uma doença de adultos jovens, embora esteja se deslocando para os grupos etários aci­ma dos 40 anos, em função de inúmeros fatores, entre eles a ampliação do diagnóstico precoce do HIV, o melhor seguimento das pessoas por­tadoras desde o diagnóstico até o adoecimento e do uso universal dos antirretrovirais. Do total de pessoas acometidas até hoje, 87,1% (189.337) tinham de 15 a 49 anos no momento do diagnós­tico. Na primeira década, a maior incidência se concentrava entre os 25 e 29 anos de idade (70 em cada 100 mil habitantes-ano). Em 1996, esse grupo passa para segundo lugar e o grupo de 30 a 39 anos ocupa o primeiro lugar (TI= 84,9 casos por 100.000 habitantes-ano, em 1996), permane­cendo em primeiro lugar nas segunda e terceira décadas. A partir de 2003, esse envelhecimento se acentua ainda mais e os jovens de 25 a 29 anos passam para terceiro lugar, deslocados pelo gru­po de 40 a 49 anos. Ao se completar a segunda década em 2001, tanto os homens como as mu­lheres de 30 a 39 anos são os mais acometidos e a terceira década se encerra com as pessoas de 40 a 49 anos igualando-se a eles (Tabela 6).

No tocante à escolaridade (Tabela 8) as mulheres seguem se concentrando um pouco

mais entre os quatro e oito anos de estudo do que os homens (67% e 60% respectivamente), à custa da menor proporção de mulheres com 12 ou mais anos de estudo do que os homens -16,9% dos homens e 5,7% das mulheres têm escolaridade igual ou superior a 12 anos.

O início da segunda década, nos anos 90 marca a intensificação da epidemia entre as mu­lheres. A proporção da primeira década, de mais de cinco homens diagnosticados para cada mu­lher chega a três nos anos 90 e atinge até 1,64 homens para cada mulher em 2005, mas no fi­nal desta terceira década, parece estar surgindo uma tendência de novo recrudescimento entre os homens, com o aumento da razão masculi- no/feminino elevando-se para 2,27 como nos anos de 1996-1997 (Tabela 4 e Figura 2).

Entre as mulheres, a epidemia atingiu mais fortemente as jovens de 15 a 19 anos do que os homens jovens da mesma idade, a despeito dos casos de hemofilia que totalizaram 367 no Esta­do até 2012 e que nos primeiros anos predomi­navam nessa idade. Elas adoeceram mais que os meninos, desde 1997, mas há uma tendência a se igualarem a eles após 2008, com importante aumento proporcional do número de casos em garotos de até 19 anos (TI de 4,8 e 3,9 por ha- bitante-ano em 2010 e 2011 respectivamente, e 2,4 e 2,1 entre meninas) (Tabela 6).

A maioria das mulheres residente no esta­do infectou-se pelo HIV em relações heterossexu­ais. Dos 86,7% de casos notificados de que se tem informação sobre a provável forma de infecção, 74,8% são de transmissão heterossexual. O uso de drogas injetáveis responde por 11,3% restan­tes, embora na primeira década tenha chegado a 43% dos casos conhecidos, em média, na segunda 16,3% e 4,2% na última. As transfusões sanguíneas respondem sempre por uma diminuta parcela das notificações, em todos os períodos, não havendo nenhum caso no Estado desde 2008 (Tabela 11).

A queda de incidência favorece as mulhe­res. Em 2010, houve cerca de 40% menos casos femininos notificados do que em 2000, enquan­to a redução entre os homens foi de cerca de 30%, no período. Vale lembrar, no entanto, o deslocamento da epidemia entre as mulheres para as faixas acima de 40 anos.

A irregularidade no registro dos dados difi­cultou qualquer análise sobre raça/cor/etnia

ses 30 anos, no entanto, a melhoria dos registros, aliada aos dados do censo demográfico de 2010, permite que pela primeira vez, se possa falar so­bre a incidência entre brancos, negros e pardos. Os dados mostram que para uma incidência entre as pessoas de cor branca de 15,5 para cada 100 mil habitantes-ano e entre as pardas de 14,7, as de cor preta apresentam quase o dobro: uma incidência de 28,9. Isto revela a necessidade de priorização dos aspectos de vulnerabilidade dessa população, particularmente, no tocante à prevenção. A inci­dência entre indígenas não pode ser considerada, em termos quantitativos, devido ao seu pequeno número (73 casos, desde o início da epidemia). A diferenciação entre índios aldeados e não aldea­dos e a migração de países latinos para São Paulo, de pessoas registradas ou auto referidas como in­
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dígenas são fenômenos ainda não estudados que exigem análises específicas e de caráter qualitati­vo. Embora ainda seja precoce afirmar, devido aos pequenos números, parece ocorrer um aumento de incidência na população auto-referida como de cor amarela, que foi de 14,4 casos por 100 mil habitantes-ano em 2010 (Tabela 7).

A distribuição da incidência de aids segun­do a cor/raça/etnia auto referida nos 28 Grupos de Vigilância Epidemiológica, no ano de 2010 na tabe­la abaixo revela o quanto é necessária a atenção para essa questão invisível nessas três décadas. É evidente a maior incidência de aids em pessoas de cor negra, do que brancas e pardas, em especial nas regiões de Barretos, Bauru e Ribeirão Preto, mesmo quando consideradas as variações na com­posição de cor/raça da população dessas regiões.

Tabela 1. Taxa de incidência de aids por 100 mil habitantes-ano (TI), segundo cor/raça auto-referida** e Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) de residência, estado de São Paulo, 2010*
GVE de Residência Taxa de Incidência
Branca Preta Parda Total
GVE 1 Capital 22,4 44,1 23,9 25,8
GVE 7 Santo André 14,5 21,1 12,2 14,9
GVE 8 Mogi das Cruzes 10,7 25,2 8,4 11,4
GVE 9 Franco da Rocha 15,0 29,0 7,4 14,3
GVE 10 Osasco 15,2 13,7 13,4 16,0
GVE 11 Araçatuba 13,8 17,2 13,5 14,3
GVE 12 Araraquara 13,1 35,3 12,5 14,8
GVE 13 Assis 9,5 0,0 3,8 9,7
GVE 14 Barretos 21,7 62,7 31,7 28,7
GVE 15 Bauru 12,1 42,9 14,2 16,3
GVE 16 Botucatu 14,8 43,1 10,3 16,2
GVE 17 Campinas 16,1 30,7 13,5 17,5
GVE 18 Franca 11,8 19,1 11,8 13,2
GVE 19 Marília 10,0 40,0 9,4 11,7
GVE 20 Piracicaba 15,4 48,8 10,7 16,2
GVE 21 Presidente Prudente 19,5 21,3 18,1 20,6
GVE 22 Presidente Venceslau 17,7 8,4 16,1 19,1
GVE 23 Registro 15,1 0,0 8,2 12,8
GVE 24 Ribeirão Preto 19,9 45,1 11,6 21,2
GVE 25 Santos 21,7 41,3 20,8 26,3
GVE 26 São João da Boa Vista 13,6 22,1 7,5 13,3
GVE 27 São José dos Campos 24,7 28,9 9,6 21,4
GVE 28 Caraguatatuba 16,7 19,0 19,9 18,1
GVE 29 São José do Rio Preto 18,5 70,2 18,0 22,1
GVE 30 Jales 8,5 27,6 12,3 13,3
GVE 31 Sorocaba 14,0 24,7 10,2 15,1
GVE 32 Itapeva 10,1 36,7 0,0 8,4
GVE 33 Taubaté 13,8 27,2 15,3 15,5
Total – Estado de São Paulo 17,2 34,2 15,9 20,2
Fonte: SINAN- Vigilância Epidemiológica – Programa Estadual DST/Aids-SP e IBGE- Dados demográficos, censo de 2010.

(**) Critérios de definição -IBGE – Censo demográfico

(*) Dados preliminares, sujeitos a revisão mensal, até 30/06/2013.

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A menor redução de incidência entre os homens e, dentre eles, a menor redução em jovens, deve ser observada em conjunto com o recrudescimento da epidemia para homens que fazem sexo com homens, uma vez que nesse tipo de exposição ao HIV tem-se observado aumento e não queda como em mulheres, crianças, ho­mens heterossexuais, usuários de drogas injetá­veis ou pessoas transfundidas (Tabela 11, 12 e Figura 3). Estudos recentes de soroprevalência entre gays (Sampacentro) mostrou uma positivi- dade de 16% para o HIV nessa população.

Após 30 anos de epidemia, não se justifica mais o diagnóstico tão tardio como aquele que ocorria nos primeiros casos. Esse panorama vem apresentando melhoras na última década. In­cluído em fevereiro de 2013 como indicador do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (COAP) para os anos de 2013 a 2015, a primeira contagem de células T-CD4 realizada pelos porta­dores do HIV permite acompanhar essa situação. Quase a metade dos portadores de HIV do esta­do de São Paulo (42%) chegaram aos serviços, entre 2003 e 2006, com a contagem de células de T-CD4 abaixo de 200, o que revela acesso tardio aos serviços de saúde. Esta taxa caiu para 30% em 2008 e 25% em 2012, resultado, entre outras medidas, da ampliação da oferta de testes para detecção da infecção pelo HIV1.

De cada 100 mil habitantes do estado de São Paulo, em 1991, 13 a 14 morreram tendo a aids como principal causa de morte. Em 2012 atingiu-se o inédito patamar de 6,6 mortes por 100 mil habitantes-ano2, uma redução de 3,5 vezes no risco de morte por aids, em relação ao pico de 22,9 óbitos por 100 mil habitantes-ano, em 1995 (Quadro 1). Em 2012 morreram 2.767 pessoas – 1.856 homens e 911 mulheres por aids, mantendo a tendência consistente de que­da iniciada em 1996 (Tabela 17), principalmente com o advento dos antirretrovirais. Não obstan­te, a aids permanece entre as cinco primeiras

1 SISCEL – Sistema de Informação e Controle de Exames Laboratoriais.
2 SP Demográfico-Resenha de Estatísticas Vitais do ESP – Ano 13, n° 5- Nov.2013.

causas de morte entre adultos de 25 a 44 anos, tanto para homens como mulheres, desde 1996 até os dias de hoje (Quadro 2).

Desde o início da epidemia até 2012, a aids já levou a óbito 103.267 pessoas no Estado. Com o advento dos antirretrovirais, no período de 1995 a 1999, a mortalidade por aids redu­ziu-se pela metade. Após 13 anos, ocorre nova redução igual, ou seja, a queda, embora consis­tente, vem ocorrendo com menor velocidade. Outro fator de impacto das medidas de atenção para a melhoria da qualidade de vida das pes­soas vivendo com HIV/aids é a idade média de óbito que era de 33,4 anos para homens e 29,1 para mulheres em 1990 e passou para 43,7 anos para homens e 43 para as mulheres em 2012′.

A mortalidade vem caindo na média do Estado, porém entre os 150 municípios com maior número de óbitos, onde ocorrem 98% dos óbitos do Estado, existem 70 deles que apresen­tam taxas de mortalidade por aids maiores do que as 6,6 mortes por 100 habitantes-ano do es­tado de São Paulo, onde fatores como o diagnós­tico tardio, as coinfecções, a falta de acesso aos recursos de saúde, entre outros, estão atingindo as pessoas vivendo com HIV/aids de forma mais intensa do que nas demais localidades (Tabela 18 e Figura 5).

Todo o óbito por aids deve ser investigado e suas condições conhecidas, numa atividade ro­tineira das vigilâncias dos serviços, dos municípios e das regiões, para que se consiga reduzir ainda mais essas ocorrências, cada vez mais evitáveis.

Inicia-se uma quarta década em que as pessoas vivem mais e melhor. Surgem, no entanto, novas questões somadas aos desafios já existentes. Questões ligadas ao maior volume de recursos necessários para o atendimento desse maior número de pessoas e o desenvolvimento de novas tecnologias envolvidas na pre­venção e nos cui

dados das pessoas acometidas.

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Tabela 2. Casos notificados de aids, óbitos por aids não notificados no SINAN, casos captados pelo Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL) e Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) do Depar­tamento Nacional de DST/Aids (DN), segundo ano de diagnóstico, estado de São Paulo, 1980 a 2013*
Ano de Casos notifica­dos SINAN Óbitos

FSeade

BIPAIDS (SINAN+ SISCEL + SICLOM BIPAIDS+DN-

DST-Aids-HV***

Proporção de casos captados de outras fontes de informação Total
Diagnostico FSeade DN DST-Aids-HV
1980 1 1 1
1981 – – – – – – – –
1982 8 8 8
1983 25 25 25
1984 85 85 85
1985 341 10 351 351 2,8 2,8
1986 613 15 628 628 2,4 2,4
1987 1.533 49 1.582 1.582 3,1 3,1
1988 2.542 98 2.640 2.640 3,7 3,7
1989 3.443 110 3.553 3.553 3,1 3,1
1990 5.066 298 5.364 5.364 5,6 5,6
1991 6.684 442 7.126 7.126 6,2 6,2
1992 8.191 489 8.680 8.680 5,6 5,6
1993 8.765 630 9.395 9.395 6,7 6,7
1994 9.161 609 9.770 9.770 6,2 6,2
1995 10.169 305 10.474 10.474 2,9 2,9
1996 11.023 272 11.295 11.295 2,4 2,4
1997 11.303 589 11.892 11.892 5,0 5,0
1998 12.315 174 12.489 12.489 1,4 1,4
1999 10.702 389 11.091 11.091 3,5 3,5
2000 10.510 184 10.694 4 10.698 1,7 1,8
2001 9.904 328 10.232 62 10.294 3,2 0,6 3,8
2002 9.663 434 10.097 551 10.648 4,3 5,2 9,3
2003 9.203 441 9.644 682 10.326 4,6 6,6 10,9
2004 7.877 470 8.347 917 9.264 5,6 9,9 15,0
2005 7.528 445 7.973 1265 9.238 5,6 13,7 18,5
2006 7.176 418 7.594 1269 8.863 5,5 14,3 19,0
2007 6.688 471 7.159 1320 8.479 6,6 15,6 21,1
2008 6.699 611 7.310 1401 8.711 8,4 16,1 23,1
2009 6.465 608 7.073 1547 8.620 8,6 17,9 25,0
2010 6.134 585 6.719 1601 8.320 8,7 19,2 26,3
2011 6.051 482 6.533 2122 8.655 7,4 24,5 30,1
2012*** 5.257 5.257 2304 7.561 30,5 30,5
2013*** 1.510 1.510 1062 2.572 41,3 41,3
Total 202.635 9.956 212.591 16.107 228.698 4,7 7,0 11,4
Fonte: Base Integrada Paulista de Aids (BIPAIDS) – Cooperação Técnica PEDST/Aids-SP e Fundação Seade, MS/SVS/Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais Notas:

* Dados preliminares até 30/06/13 (SINAN) e óbitos 31/12/11 (Seade), sujeitos a revisão mensal

** DN – Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatite Virais – Casos de aids pelo Critério CDC Adaptado – Contagem de Linfócitos T CD4+ menor do que 350 células/mm3 *** Não foi realizado relacionamento entre a base de óbitos e o SINAN

boletim2013

DOI: 10.1590/1807-57622015.0038 editorial 6 COMUNICAÇÃO SAÚDE EDUCAÇÃO 2015; 19(52):5-6

E AINDA HÁ QUEM DIGA “QUASE SORONEGATIVOS”, QUE NINGUÉM MORRE MAIS DE AIDS E OUTROS QUE DIZEM USAR O “REMÉDINHO” UM POUCO MAIS TARDE PARA PODER IR PARA A BALADA E QUE A SUA SAÚDE, ENQUANTO PORTADOR DE HIV VAI ATÉ MELHORAR

Sem legendas. Otimismo editorial sem base é editoração irresponsável, que pode levar à morte

 

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