Eu me lembro de quem eu peguei HIV.
Eu sei quem foi, lembro-me dela, sei seu nome, sei que ela sabia e sei que fez de propósito e, para o bem da verdade, eu a amava tanto naquela época, e estava tão mal informado sobre o que era e sobre o que é viver com HIV ou AIDS que se ela olhasse para mim e dissesse:
-“Cláudio, eu sou portadora de HIV e quero transar com você sem camisinha”.
Certamente eu concordaria com ela e, numa espécie tragicômica de Romeu e Julieta eu teria contraído HIV “por amor”.
Se você que lê isso pensa, agora, como eu pensava no passado, não faça isso.
Viver com HIV é uma coisa possível, mas o volume de problemas que você terá de confrontar não vale a pena de contraí-lo “por amor”.
O fato é que todos os dias corremos o risco de morrer de alguma coisa, mas não vá se expor a esta forma de morrer, mesmo porque não é morrer. Muito pelo contrário, é viver de outra forma.
Para mim, o HIV foi uma grande porta para uma reforma íntima e eu revi todos os meus conceitos, especialmente os que eu tinha a meu respeito e, hoje, sou uma pessoa melhor do que era antes de contrair HIV. E se você acabou de descobrir que é soropositivo, pense nisso também, numa maneira de alcançar um “eu melhor” e concentre todas as suas fibras nisso, em melhorar e, acima de tudo, a praticar o auto-amor. Sim! Ame-se, porque se você não souber amar a si mesmo, não saberá amar a mais ninguém.
Paciência é o que temos de ter. E tempo.
Tempo e paciência é tudo o que precisamos para converter um vaso de vinagre, entregando gota por gota, em uma vaso de água pura.
Pense nisso e não morra de amor, nem se mate por ter AIDS.
E, fique de olho, porque quem vê cara não vê AIDS e a AIDS pode se esconder em muitos lugares, inclusive no passado de quem você acredita que ama…
Cláudio Santos de Souza
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