Table of Contents
[vc_row][vc_column][vc_column_text]
Uma soropositiva que não é só Mais uma mulher vivendo com HIV
Angel… Mesmo sozinha, em meio a solidão, esta soropositiva não se permitia aventuras, mas teve muito, muito medo mesmo de exame de sangue!
Assim como eu 😢[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][bs-embed url=”https://vimeo.com/345772674″ title=”Vídeo / Incorporar” show_title=”1″ icon=”” heading_color=”” heading_style=”default” title_link=”” bs-show-desktop=”1″ bs-show-tablet=”1″ bs-show-phone=”1″ bs-text-color-scheme=”” css=”” custom-css-class=”” custom-id=””][vc_column_text]
a minha vida, eu sempre tive muita necessidade de provar que eu podia ser amada, sempre busquei o tal amor freneticamente, sem muito critério, pensando poder ser aquele próximo rapaz que eu conhecesse de repente numa festa, numa viagem, em qualquer lugar, contanto que fosse de repente, sem muito critério de escolha.
Eu esperava a realização total, vinda de um “qualquer um”… e com isso ia tentando, buscando, me entregando inteiramente a muitos que, com certeza, estavam longe de me merecer… e eu não tinha capacidade de enxergar isso.
Até que um dia, no final de 89, uma dessas tentativas se firmou e eu fui namorando e durou, durou e durou. (Infinito enquanto… Eita pergunta boa para um editor às três e dezesseis da matina!)
Com certeza ele não tinha muita competência para ser meu príncipe encantado, mas a melhor característica que o rapaz possuía era mostrar vontade de estar comigo.
continuar comigo até sabe Deus quando.
E isso era o que mais me encantava nele.
A coisa passou dos 5 anos… e eu já não via mais muita graça no meu companheiro, mas eu me mantinha fiel a ele e havia muito receio de terminar o namoro por medo da solidão e medo, muito, muito medo, de cair nesse mundão, procurando o tal amor de novo… Principalmente agora nesses tempos de AIDS, embora… bem que… Com a vida que eu levei até me estabilizar nesse namoro, eu sempre supunha que eu era uma forte candidata a ser soropositiva para HIV. Eu nunca havia usado camisinha e já experimentara muitos namorados. Mas cadê coragem para fazer o exame de sangue?
Certa ocasião em 93, eu tive que fazer uns exames para admissão num novo emprego, e eu ficava torcendo para que eles não pedissem o teste de HIV… e UFA, graças a Deus não pediram.
E lá fui eu, vivendo minha vidinha, com meu namoradinho firme, meu empreguinho – eu super saudável, alto astral, viva.
Em outubro 96 o relacionamento finalmente acabou sem motivo muito especial… era a saturação mesmo, e com certeza de ambas as partes.
Eu comecei a querer olhar em volta, e procurar um novo namorado – já havia algumas fantasias de príncipe encantado na minha cabeça, mas eu queria ir devagar, tentando me adaptar à vida de “mulher sozinha”.
Não tive muito tempo – um mês depois, o tal ex-namorado me procura para avisar que fez o teste de HIV (sabe lá porque ele cismou de fazer esse teste) e deu resultado positivo.
Esse foi meu presente de 40 anos de vida: a obrigatoriedade de fazer o teste, diante desta declaração dele – o homem com quem eu fiz amor durante 6 anos sem nunca ter me protegido… e nem ele se protegeu também. Eu, Cláudio, nunca soube sua carga viral! Tomara que ela tenha estado viva até aqui, para saber que indetectável é igual a intransmissível!
Vejam, o tratamento já foi uma barra. Na época em que ela, Angel, e eu, bem como Mara, Beatriz Pacheco, Beto Volpe e outros, como Sílvia Almeida começamos o tratamento, nós começamos o tratamento com remédios, ao toma-los, tínhamos a impressão de estarmos tomando suco de #¿$?%!¡ com cascalho, literalmente. Mas eu pensava: isso é vida. Ou ao menos sobrevivência, improvisando vida, até que as coisas melhorassem e, com efeito, elas melhoraram.
Eu me lembro de ter contado 44 comprimidos para serem tomados DUAS VEZES POR DIA!
Hoje, um comprimido, com três princípios ativos diferentes, muitas vezes, uma só tomada diária, basta.
Mas eu vou colar aqui uma coisa estúpida que eu em um blog e trouxe para cá. O tal Blog, daquele aparente autômato, que nunca disse seu nome pessoal. E as pessoas acreditavam nele. Gente, eu quero ser cremado quando morrer e, se eu escrever um livro que mencione um só nome tirado deste blog, vocês podem jogar minhas cinzas em estrume de vaca, pois terá (teria) sido merecido
Eu pensava ir morrer no dia seguinte, ficava com medo até de respirar para não pegar alguma doença no ar!
E vinha a pergunta:
– “De que adianta essa preocupação? Estamos ambos infectados… temos mais é que nos cuidarmos.”
Pensamentos rolando na minha cabeça: – “Ai meu Deus… Que culpa, fui eu que passei isso para ele, coitado”…
Depois eu pensava: – “Ele tinha muita liberdade… Saía muito sozinho, com certeza pegou isso por aí e passou para mim”!a “voz que me guia dizendo:
“Você está recebendo o que pediu, não traia, Sônia e nem sequer sua palavra”.
Tempos muito difíceis principalmente no aspecto emocional, pois eu até hoje escondo o vírus da minha família .
Felizmente eu me adaptei muito bem à medicação e meu organismo respondeu rápido, logo zerando a carga viral e aumentando o CD4.
Fiquei novamente com o namorado por mais um ano… creio que a título de sermos “bengala” um pro outro, mas a gente acabou se afastando.
Ele logo se arranjou com outra e eu me recolhi.
Porém, em outros aspectos, minha vida melhorou tanto, mas tanto nesses 4 anos, que chego a me emocionar quando faço uma retrospectiva.
Eu, convivendo com esse bichinho infeliz, passei a me cuidar muito mais, passei a me valorizar muito mais e fiquei uma mulher consistente, sabedora do meu valor e estou sempre tendo em vista o melhor para mim, em todos os aspectos.
Não aceito mais os “qualquer um” da vida…não aceito mais “qualquer coisinha”…estou sempre buscando e mereço o que é bom dessa vida..
Eu aprendi também a enxergar melhor as coisas, e daquilo que é ruim, eu passo longe.
Meu astral sempre foi altíssimo, e agora então, diante dessa vivência, é muito difícil alguma besteirinha me deixar abalada.
Sou eu quem dá força para todos que me cercam e mal sabem eles o bichinho que eu tenho dentro de mim… Liçãozinha dura essa… Mas com certeza valeu!
Eu me amo muito hoje em dia, sendouma mulher vivendo com HIV.
Antes dele (o HIV) eu só me arrasava.
Fica aí registrada essa história de uma soropositiva que não é mais uma que não é MAIS UMA, e sim, é a MINHA história de FORÇA para passar para todos vocês.
https://soropositivo.org/wp-content/uploads/2009/05/0niLOyhCd5g?rel=0
Uma nota importante do Editor:
Eu m dei cota aqui, agora, uns parágrafos acima, que ela conta que o presente de 40.º aniversário foi o resultado soropositiva! Quase vinte anos se passaram, Angel, e eu não sei nada de ti e, lede:
https://atomic-temporary-78498171.wpcomstaging.com/hiv-como-se-pega-os-riscos-e-nao-riscos/[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]