Esta fornece evidências que indicam que este ambicioso objetivo é atingível. Alguns países, ricos e pobres, já se estão a aproximar deste nível de cobertura, desde o Ruanda, onde a incidência do VIH (a taxa de novas infeções) desceu para uma fração dos valores anteriores, à Austrália e Reino Unido, onde atualmente 62% de todas as pessoas a viver com VIH estão sob terapêutica antirretroviral e têm carga viral abaixo de 50 cópias/ml, de acordo com dois relatórios; 68% dos homens gay no Reino Unido conseguiram a supressão viral, um valor próximo do objetivo da ONUSIDA.
Tal como demonstra o mais recente relatório da Public Health England (PHE), o fator que está a impedir que se consiga atingir o objetivo da ONUSIDA é o facto de ainda não existirem muitas pessoas em situação de maior vulnerabilidade à infeção a fazer o teste de rastreio, incluindo o rastreio regular. O grande problema no Reino Unido está nas pessoas heterossexuais de grupos com elevada prevalência, sobretudo pessoas negras, que continuam a fazer o rastreio menos vezes e que são diagnosticadas mais tardiamente que os homens gay, os trabalhadores do sexo, as pessoas que utilizam drogas injetáveis e outros grupos vulneráveis. O PHE nota que isto se deve em parte ao facto de as pessoas heterossexuais terem uma menor probabilidade de frequentar clínicas de saúde sexual que fazem rastreios à infeção pelo VIH: na realidade, admitem não existir forma de estabelecer quantos testes de rastreio fazem os profissionais de saúde de cuidados primários mais procurados pela população heterossexual e com que frequência.
Comentário: Este documento de campanha substituiu o habitual documento com uma visão geral da epidemia a nível global que a ONUSIDA costumava lançar no Dia Mundial da SIDA. Vem reforçar a ideia de que os objetivos à primeira vista impossíveis de alcançar podem ser conquistados em muitos locais. Contudo, também admite que apenas 60% do efeito necessário virá do tratamento generalizado e da supressão viral: o restante terá de vir da melhoria das medidas de prevenção. Admite também que em algumas partes do mundo, como a Rússia e a Europa de Leste, a probabilidade de se atingir este objetivo é reduzida – geralmente porque as pessoas que mais necessitam de tratamento para o VIH são aquelas que são mais discriminadas pelo sistema de saúde