Vida Longa com HIV: Quebrando Preconceitos

Vida Longa com HIV: Quebrando Preconceitos

Vida longa e HIV/AIDS? Expectativa de vida de 90 anos?! Parece absurdo? Pois é hora de revisarmos nossos conceitos.

O mundo em que vivemos está em constante evolução. Conceitos, crenças e preconceitos que outrora pareciam inabaláveis estão, cada vez mais, sendo desafiados pela realidade dos fatos. Um exemplo marcante dessa transformação é a percepção sobre o HIV. Durante anos, ser diagnosticado com o vírus era sinônimo de um futuro incerto e, na maioria das vezes, bastante sombrio. No entanto, à medida que a ciência avança e o acesso à informação se expande, essa visão está mudando radicalmente.

Nos Anos 90

Ainda nos anos 90, quando o HIV carregava consigo um estigma gigantesco, vi de perto a ignorância manifestada de maneira cruel. Em uma reunião social, alguém fez piada sobre como o “Parabéns a Você” de uma pessoa com HIV deveria ser sarcástico, uma zombaria do tipo: “Muitas felicidades, la la la laia…”. Foi uma agressão não apenas contra aqueles vivendo com o vírus, mas contra a dignidade humana em si. Em vez de retaliar fisicamente, como era meu impulso inicial, escolhi a dignidade: pedi para essa pessoa sair da minha vida. O preconceito, por mais doloroso que seja, só pode ser derrotado com uma atitude firme e esclarecida.

Hoje, décadas depois, o cenário é completamente diferente. A medicina evoluiu de forma surpreendente, e as perspectivas para pessoas vivendo com HIV são extremamente positivas. Graças a tratamentos eficazes, como a Terapia Antirretroviral (TARV), as pessoas com HIV podem viver tão bem e por tanto tempo quanto qualquer outra pessoa. O que antes parecia impensável — viver até os 80, 85 ou até mesmo 90 anos com HIV — agora é uma possibilidade real e alcançável.

Já não é uma sentença de morte

Mas como chegamos até aqui? É essencial entender que o HIV, que um dia foi considerado uma sentença de morte, se transformou em uma condição crônica gerenciável. Com o uso consistente e adequado dos medicamentos, o vírus pode ser controlado a ponto de se tornar indetectável no sangue, o que, além de preservar o sistema imunológico, reduz drasticamente a possibilidade de transmissão.

De fato, estudos recentes mostram que pessoas com HIV, quando tratadas desde o início e com sucesso, têm uma expectativa de vida praticamente idêntica à de pessoas sem o vírus. Um homem de 50 anos com uma contagem de células CD4 acima de 350 e carga viral indetectável pode esperar viver até os 83 anos. Uma mulher de 50 anos nas mesmas condições pode viver até os 85 anos. Mesmo aqueles que iniciaram o tratamento em fases mais avançadas ainda podem viver até os 70 anos ou mais, com uma qualidade de vida digna e plena.

A Construção social da sociedade pós HIV

Esses avanços não só prolongam a vida, mas também transformam a maneira como vemos o HIV na sociedade. O que antes era cercado por medo e desinformação, agora é tratado com conhecimento e esperança. No entanto, ainda há trabalho a ser feito para quebrar o estigma que persiste em muitos ambientes. O preconceito, alimentado pela falta de informação, ainda se manifesta de maneiras sutis e, às vezes, até violentas.

Este novo cenário — onde as pessoas vivendo com HIV podem sonhar, planejar e viver plenamente — é um convite aberto para que todos revisemos nossos preconceitos e nos eduquemos. Não podemos mais tratar o HIV como um tabu, uma maldição ou algo que deva ser ocultado. O HIV é uma realidade médica tratável, e as pessoas que vivem com o vírus merecem o mesmo respeito, dignidade e oportunidades de vida que qualquer outra pessoa.

Maior qualidade de vida

Com acesso ao tratamento adequado, cuidado médico regular e um sistema de apoio emocional e social forte, as pessoas que vivem com HIV podem realmente esperar uma vida longa e saudável. A ciência transformou o impossível em possível, e agora cabe a nós, como sociedade, garantir que o preconceito não ofusque esses avanços. Não é mais uma questão de “sobreviver” com HIV, mas de prosperar — de viver com plenitude, dignidade e, acima de tudo, esperança.

A expectativa de vida de até 90 anos para quem vive com HIV é um marco não apenas para a ciência, mas para a humanidade. É a prova viva de que, com conhecimento, cuidado e compaixão, podemos superar o estigma e garantir que todos, independentemente de seu status sorológico, tenham o direito de viver uma vida longa e feliz.

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