Janeiro de 2015LGBTS3x0SexualidadeSexualidade HIV/AIDS e outras DSTs

Uma das principais lutas das travestis e transexuais é pela inserção no mercado de trabalho

Um dia para ser lembrado

Campanha da visibilidade discute o preconceito ainda existente

Ana Paula Leitão

Diante do espelho, a mulher contorna os lábios com batom. De cabelos nos ombros e sorriso constante, Ludymilla não vê na imagem refletida o homem que foi, mas a mulher que é. Hoje, acompanha as mudanças do corpo, que ganhou contornos acentuados. Em busca de uma vida nova, a TRANSEXUAL batalha pela certidão de nascimento com o nome feminino e pela cirurgia de readequação sexual.

Ludymilla Santiago, de 27 anos, percebeu que era diferente quando tinha 14 anos. “Na época, comecei a me dar conta de que gostava de homens e me sentia desconfortável com o grupo”, conta. Aos 16, começou a se vestir como mulher. “Não se nasce sabendo que é TRANSEXUAL, acontece em um processo”, explica. Ludymilla hoje luta pelo reconhecimento da família, que não aceita a mudança de gênero e continua chamando-a pelo nome masculino.

kim petras-sexy-hot-motivational-posters-3-3De acordo com a vice-presidente da Associação do Núcleo de Apoio e Valorização à Vida das Travestis e Transexuais do DF e Entorno (Anavtrans), Sissy Kelly, até hoje travestis e transexuais sofrem discriminação de pais, irmãos, amigos e, também, social. “Os transexuais e travestis têm dificuldade, inclusive, de acessar serviços de saúde e no mercado de trabalho por causa do preconceito”.

Para discutir e buscar soluções, foi criado o Dia Nacional da Visibilidade, comemorado hoje no Brasil. A data foi criada em 2000, quando um grupo de travestis e transexuais negociou com o Governo Federal e com o Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde uma campanha de esclarecimento sobre quem são e o que querem. Dois anos depois, surgiu a campanha nacional TRAVESTI e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos em casa, na escola, na boate, na vida.

Para marcar a data, será realizado no auditório da CUT, na próxima quinta-feira, o II Seminário da Visibilidade com o tema Inserção Social. O seminário é organizado pelo grupo Elos e Núcleo de Atenção à Diversidade e Enfrentamento a Discriminação Sexual, Étnico Racial e Religiosa, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda.

Cirurgia é irreversível

Em todo o Brasil, homens descobrem que são mulheres e mulheres se reconhecem como homens. No entanto, apenas no Rio de Janeiro, em Goiás, em São Paulo e no Rio Grande do Sul é realizada a cirurgia de readequação sexual, conhecida como transgenitalização.

Para fazer a cirurgia, é necessário um acompanhamento psicoterapêutico e hormonal de, no mínimo, dois anos, para evitar arrependimentos. No Distrito Federal, o serviço é oferecido pelo Programa Transexuais do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Nascido há cerca de sete anos, o projeto conta com psicólogos, psiquiatras, ginecologistas e endocrinologistas. “É importante que eles e elas tenham certeza de que querem fazer a cirurgia, já que é irreversível”, explica a psicóloga hospitalar e mentora do programa, Sandra Romero.

Além disso, ela explica que o programa oferece atendimento aos familiares, que dificilmente aderem ao programa. “A mudança é grande e difícil para os pais, então é natural essa resistência”. Segundo a psicóloga, o apoio da família é essencial no processo de transformação e autoafirmação.

Para Sandra, a iniciativa tem conseguido bons resultados. Dos 25 participantes do ano passado, seis já fizeram a cirurgia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), responsável por realizar o sonho de transexuais do Distrito Federal e de outros estados brasileiros. A professora e coordenadora do Projeto no Hospital da UFG, Mariluza Silveira, conta que as cirurgias são realizadas, no local, há mais de dez anos.

Até o momento, foram feitas cerca de 36 cirurgias, dentre as quais sete foram de mudança do sexo feminino para o masculino. O procedimento é realizado por um ginecologista e um cirurgião plástico. “Elas nascem outra vez, só que no corpo certo”, afirma. Segundo Mariluza, dois rapazes já se casaram legalmente após um realizar a cirurgia. “É porque mudamos também o nome e o sexo na certidão de nascimento, assim, a lei não tem como negar o casamento legal”.

Além disso, a reposição hormonal é acompanhada por médicos e psicólogos. “Deixamos claro, desde o primeiro dia, que é preciso continuar monitorando a saúde por toda a vida por causa dos hormônios”. Segundo a professora, as altas doses podem causar problemas e até matar.

SAIBA +

As reuniões do Programa Transexuais acontecem toda terça-feira no HUB, às 10h, e voltam a funcionar nesta terça-feira. Para participar, procure a coordenadora do programa, Sandra Romero, no telefone 91575700.

No DF, apenas nos últimos dois meses (dezembro e janeiro), o Nudin já atendeu 45 cidadãos que sofreram preconceito por intolerância sexual, religiosa e racial.

Uma das principais lutas de travestis e transexuais é pela inserção no mercado de trabalho. Por causa do estigma, são restringidas a trabalhar como cabeleireiras, prostitutas ou cozinheiras.

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1 comment

Glauco Braga (@GlaucoRBraga) 13 de fevereiro de 2015 at 12:33

São Paulo possui uma Lei Estadual que pune as condutas homofóbicas em empresas, co​m penas que variam de multas até suspensão da licença de funcionamento, além dos danos morais em processo cível. Para evitar isso, as advogadas Rosangela Novaes e Patricia Gorisch criaram a UP Humanização e Treinamento, pioneira no Brasil. O objetivo principal é preparar a sociedade e as empresas para as mudanças que vêm ocorrendo no País e no mundo, envolvendo a população LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexo). A UP nasceu do desejo de construir uma sociedade mais justa, solidária, plural e igualitária, livre de quaisquer formas de preconceito, como preceitua a Constituição Federal.
contato@uphumanização.com.br

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