Depois de 22 anos, Washington volta a permitir a entrada de pessoas com o vírus da AIDS
Os Estados Unidos suspenderam ontem a proibição da entrada no país de estrangeiros portadores do vírus HIV, que já durava 22 anos.
A medida, justificada pelo presidente Barack Obama como uma forma de tornar o país compatível com o desejo de ser um líder mundial na luta contra a AIDS, ocorre um ano antes de os EUA sediarem uma reunião de cúpula sobre a síndrome.
A proibição revogada ontem foi imposta em meio ao pânico global sobre a doença no fim dos anos 80.
A manutenção das restrições deixava os Estados Unidos entre um grupo de apenas 12 países, incluindo a Líbia e a Arábia Saudita, que proibiam totalmente a entrada de pessoas infectadas pela AIDS.
Em um comunicado, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), órgão ligado à ONU, deu “boas-vindas” à iniciativa americana, que seguiu-se a da Coreia do Sul, país que também decidiu, desde 1º de janeiro, não mais restringir a entrada de portadores do HIV.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que já havia felicitado Obama em outubro, quando o presidente americano anunciou sua intenção, congratulou ontem o líder coreano, Lee Myung-bak, pela decisão: “Aplaudo o presidente Lee por sua contribuição em liderar o fim das restrições em seu país, relacionadas às pessoas que vivem com o HIV“, disse Ban. “Faço, novamente, um apelo”.
Em outubro, Obama havia dito que a proibição da entrada de infectados pelo vírus estava “baseada no medo, e não nos fatos”.
– Nós lideramos o mundo no que se refere a ajudar a conter a pandemia de AIDS, mas ainda assim somos um de apenas uma dúzia de países que ainda impedem as pessoas com o vírus HIV de entrar no nosso próprio país – disse o presidente americano, na época.
Restrições persistem Segundo a ONU, 57 países ainda mantém algum tipo de restrição à entrada, permanência ou residência de estrangeiros portadores de HIV em seus territórios. O número, porém, é tido pela instituição como uma estimativa.
O diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé, também elogiou os líderes americano e coreano, considerando o fim das restrições como uma “vitória dos direitos humanos em lados opostos do planeta”.
“Conclamo a todos os líderes que façam de 2010 o ano da liberdade de locomoção para as pessoas portadoras do HIV“, afirmou Sidibé. “A discriminação não encontra mais espaço nos dias de hoje”.
Entre os países que mantêm algum tipo de restrição a portadores de HIV, segundo a ONU, estão Rússia, China, Arábia Saudita, Egito, Austrália, Paraguai e Equador. O levantamento da ONU inclui nações, territórios e outras áreas que mantêm qualquer forma de restrição, desde a proibição irrestrita da entrada de portadores de HIV, seja por que razão for, ou mesmo permitindo apenas a permanência em seus territórios por curtíssimos prazos.
Segundo a Unaids, qualquer restrição baseada na portabilidade do HIV é “discriminatória” e “nociva à saúde pública”.
JORNAL DO BRASIL |
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05/JANEIRO/10 |
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