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Um Blog que fala de HIV e AIDS por 20 anos prova muitas coisas

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 876 visualizações 14 minutos leitura

Ter um Blog que fala de HIV e AIDS por mais de 20 anos,  afinal já estou à frente disso quase um mês ultrapassa qualquer outra experiência pessoal que eu possa ter entretido, a não ser a do casamento por vinte anos.  Antes, nada durou mais de três anos e eram três anos desastrosas de parte a parte.

Vinte anos de trabalho em uma causa que não é só minha! Que bela mudança! Muitos me definiriam por irreconhecível e é verdade.Mas estes vinte anos ensinaram-me tanta coisa que, debalde todo o esforço muitas vezes sem apoio, sem apoio muitas vezes realizei mais do que eu poderia acreditar, um dia de cada vez! Não gosto disso, do que vou contar neste parágrafo, mas minha inconstância e o vácuo pessoal do qual padecia, me colocava na busca eterna pelo que eu só poderia encontrar em mim! E só pude me locupletar quando dei de cara com o muro em Warp 9. Paciência, afinal, entre mortos e feridos eu fui a minha maior vítima, com todo o dano que causei!

E sim:

Um Blog que fala de HIV e AIDS por 20 anos prova muitas coisas! E a mais importante é que há vida…

Não apenas com HIV, P.!

Há vida, sim, onde quer que você a busque. E não falo da busca por outras vidas. Falo de sua busca pela sua vida, por aqueles cem metros a mais, com pés sangrando, na certeza de encontrar uma podóloga como a Mônica no final desdes cem metros finais.  Sempre vale a pena. Mesmo que a alma seja pequena, Pessoa, porque assim ela cresce e este é, Fábio, o movimento de todas as coisas: para a frente e para acima!

Tendo estabelecido estas duas balizas, eu redundo: há vida com HIV

 

E que venham outros vinte anos De Soropositivo.Org!

 

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Um blog que fala de HIV que completou vinte anos de existência não se encontra assim, tão fácil. Não é nada que eu veja acontecer todos os dias. Sem falsa modéstia e sem vaidades, o que eu sinto é a satisfação de estar fazendo um trabalho bem feito!

A visitação, o ranking nas buscas, tudo isso é, para mim, mais importante mesmo que a renda. Até porque renda o blog nunca gerou e, por outro lado…

Portanto, meus leitores e leitoras, a parte mais importante destes vinte anos de trabalhos bem feitos só existem devido a “uma coisinha simples”.

A atenção que vocês me dão. Isso é melhor do que qualquer coisa que eu possa ter conseguido nestes 20 anos de trabalho. E também nestes 26 anos de lutas! Não pela minha existência. Por isso também, mas por todo o resto.

E logo de saída o que me resta dizer a vocês é?

Muitíssimo obrigado!

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 Há Vida Com HIV! É o que Prova um Blog Sobre HIV que existe por 20 Anos!

Eu já vivia com HIV há um bom tempo quando conheci Mara. E Mara deu-me a ideia de fazer sites. A ideia dela era que eu fizesse sites para comercializar, para ganhar dinheiro e, com efeito, eu cheguei a fazer isso por um tempo, depois de ter compreendido mais profundamente como fazer sites dinâmicos, alimentados por bancos de dados!

No ano 2000 eu comecei este blog, na verdade, um site, antes mesmo do conceito “blog” existir. E se é verdade que eu faço isso por amor, também é verdade que muito lutei por alguma ajuda econômica. No entanto, eu sou um péssimo vendedor de mim e cada vez que eu tento, acabo com os burros n’água.

Paciência. Importa informar que Mara acredita ser a proprietária de toda a paciência do distrito da Casa Verde

Quando eu me descobri portador de HIV a Internet estava um pouco distante de seu debute aqui no Brasil, e o Alexander Mandic ainda não tinha comprado seu primeiro BMW com dinheiro ganho na Internet. E quando a Internet chegou, eu lutava contra tudo e contra todos, e não havia a mais remota possibilidade de eu tentar  “ter Internet”. Deus sabe o que faz.

Viver com HIV! O que é “Isso”

 

Viver, exercer seus direitos e deveres como cidadão, tendo HIV era uma tarefa bastante complicada naqueles dias, é verdade. E, bem sei, hoje pode parecer mais fácil; entretanto, não é bem assim. As pessoas aparentam “tolerar” nossas presenças. 

Na prática, a teoria é bem outra.

A rotina médica naqueles dias sombrios da década de 90 era bastante complexa! E, em face da de hoje, era algo que parecia ter sido criada pelo próprio Edward Nigma. 

Na minha realidade, naqueles dias houve, por um bom tempo, um “anda e para” semanal no pit-stop do CRT-A, em tempos que este instituto ainda ficava por ali, no Cerqueira César.

Sim, sim. Bem ali na Rua Antônio Carlos e eu nem gosto de pensar em quantas picadas eu tomava toda semana devido a exames de rotina e controle.  E isso sempre me faz pensar em Márcia!

A rotina e o controle não eram para saber como ia caminhando seu tratamento! Não havia tratamento e o pit-stop era para avaliar melhor quanto eu tinha piorado. E cada um de nós, naqueles dias, raramente não "piorava um pouco!"

Este era o tom cinzento, quase chumbo, daqueles dias, pelo menos até meados de 1996, início de 1997. Contagens de CD4 e carga viral visavam observar seu risco imunológico e o tamanho da constelação de cópias virais que circulavam pela sua corrente sanguínea.  Não me lembro bem os porquês, mas já na casa da AIDS eu tive receitado para mim, por uma criatura pavorosa, que sugeriu, inclusive, ir me tratar em Campinas, eu tinha ido passar uma chuca em Piracicaba. 

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O vomitório de cada dia!

Bem, ela me receitou Hidroxiureia e eu tomei por dois ou três meses. E eu já padecia tanto com o DDI daqueles dias que não saberia dizer se o soco que meu estômago dava em minha coluna cervical tinha nascedouro na fúria da Hidroxiureia ou do DDI.

O AZT? Por mim, seria rotulado de vomitório nosso de cada dia! Amém…

Sabe, era tanta surra que eu nem sequer me preocupava em saber a origem e a razão das pancadas, a surra era igual todo dia e quem batia não deixava bilhete.

Vivendo Com HIV matando Dois Leões e um Urso todos os dias

Viver com HIV, naqueles dias, era uma luta diária, um leão de manhã, outro à tarde. E durante a noite, um urso. Tive a impressão de pisar em alguns escorpiões também, mas isso é hipotético.

Eu vivia na casa de apoio Brenda Lee e tinha me acostumado à rotina de cuidar de um paciente da casa de apoio, o Waldir, e isso me deixava tempo para cuidar de outros, voluntariamente. Eu não suporto a ideia de permanecer em desuso. Preciso trabalhar. Trabalho, não é Sinhá Gonçalves?

Não emprego. Emprego é coisa de Gente Chique.

E eu quero deixar bem claro. Se eu fosse levado até o dia de meu diagnóstico e tivesse de refazer o caminho, eu o faria. Certamente evitaria determinados erros, teria, inclusive, passado um imenso trator em uma corja maldita de abutres que esgrimir a palavra caridade para deleite pessoal. Minha alegria é saber que para cada um deles foi construído um pavilhão novo em folha no inferno. 

Sou malvado?

Pedidos de desculpas não me interessam!

O tempo que passei ali no CRT-A, voluntariado, ensinou-me muitas coisas. Mas que amar é mostrar vivendo… bem, isso foi a vida. E, bem sei, atualmente, quanta gente mostrou, vivendo, exatamente o oposto, o assim afirmado “me amar”!

Mas quando eu vejo uma pessoa pedir desculpas por não ter referências pessoais negativas em sua própria vida com relação ao HIV, eu me sinto desrespeitado. 

E não é pessoal. Seria infantil da minha parte observar algo desse naipe de forma pessoal. O que eu vejo é o desrespeito ao sofrimento de um conjunto de pessoas que, expresso genericamente, abarca trinta milhões de almas. 

Trinta milhões de seres humanos.

Trinta milhões de crianças, mulheres e homens, a maior parte destes trinta milhões de pessoas morrendo em dor e agonia, muitos deles quase em praça púbica e, se lhes faltassem referências…  Cada uma destas referências, trinta milhões, teve, na certa, um pai e uma mãe. Talvez um cônjuge e, talvez, um filho. Fazendo a prova dos nove e calculando por baixo, a referência tem um contingente de cem milhões de pessoas. Expressemos numericamente:

100.000.000 de pessoas! A postura adotada diantde cem milhões de pessoas beira ao cinismo, à hipocrisia e, sim… é indesculpável

A história está contada em toda a parte.

Só aqui, neste blog que fala de HIV há 754 posts publicados e quase 3500 em regime de arquivo! Quase 100 páginas publicadas. Nós perdemos, para a AIDS, uma multidão de trinta. Trinta milhões de seres humanos. E, mediante a falta de referências, eu vejo dois detalhes bem claros.

Nós tivemos dois ídolos da juventude massacrados pela mídia e pela AIDS em praça pública e, plus ultra, Caio Fernando Abreu!

É bastante interessante e expressivo este dado.

30.000.000 Trinta Milhões de Seres Humanos para os quais desculpas de nada servem

Não é o caso de pedir desculpas. É o caso de se informar. 

E, se não houver nada a ser dito, que permaneça o respeito silencioso. E  não quero, pretendo ou ousaria tentar calar alguém. Bem longe isso de mim! Almejar silenciar uma voz! É um esclarecimento, uma explicação! Mas quem não entende um olhar… Será que estou piegas. Não é bem assim que vejo tudo isso.

Sabe…

Em alguns momentos eu me pego perplexo com tudo isso. Mas, se em meu blog, o blog de uma pessoa com HIV, que tem a impressão que vive com HIV por evos insondáveis, eu estava com a impressão de manter esta coisa represada dentro de mim como um movimento (…) de apatia.

E se vos serve de #$?%! Eu comecei este texto de maneira livre, sem um objetivo qualquer. 

É sempre uma questão de trabalho para mim. Meu desejo de ser útil me sufocaria sem isso.

Do ponto de vista técnico, o que eu estava fazendo era exatamente preencher uma brecha que eu percebi no sistema. Qual sistema?

(…) Encontrar estas brechas é especialização minha! Mais de vinte anos de janela! Não de Windows! A verdade é esta. Isso me incomodava sempre, desde ter visto. Me vi menoscabado e tornado insignificante. Junto a outras trinta milhões de pessoas. Se falo (escrevo) em nome deles?

Não.

Mas a ideia de ser caneta e Papel é Adoravelmente deliciosa!

Pois, eu adoraria, e muito, ver cada um deles, usando os mesmos artifícios de Brás Cubas, postando suas considerações pessoais a respeito. Assim, o que começou sem propósito chega aqui, no dia 23 de agosto de 2020, por volta de 00:40, com a cara de coisa deliberada.

Maktub? 

Não! Quem acabou de escrever fui eu! Que legal isso de sentir-se caneta e papel! E eu digo o seguinte para você que chegou aqui. Há sim, vida com HIV. Mas eu te aconselho a evitar isso. Use preservativo. Ele resolve bem o problema., E eu considero sábia a proposta de ter, na PrEP., uma camada secundária de proteção.

Mas, se você chegou aqui consciente de sua sorologia, anime-se! 

Não Desista!

Persista!

Insista!

Resiliência, prezadas e prezados leitores, é construção cotidiana!

Obrigado pela atenção!  E…

A propósito: 

Sim…

Desculpem-me. É assim que se diz, em bom português também é assim que se escreve!

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Imagem de Steve Brandon por Pixabay [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

 

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Sempre disse: Há vida com HIV, mas aprendi uma nova: Hey, você aí… Não desista! Resista, persista e insista, a resiliência é fruto cotidiano da labuta diária!

 

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