Início » Uma das principais lutas das travestis e transexuais é pela inserção no mercado de trabalho

Uma das principais lutas das travestis e transexuais é pela inserção no mercado de trabalho

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 1 Comentário 905 visualizações 5 minutos leitura

Um dia para ser lembrado

Campanha da visibilidade discute o preconceito ainda existente

Ana Paula Leitão

Diante do espelho, a mulher contorna os lábios com batom. De cabelos nos ombros e sorriso constante, Ludymilla não vê na imagem refletida o homem que foi, mas a mulher que é. Hoje, acompanha as mudanças do corpo, que ganhou contornos acentuados. Em busca de uma vida nova, a TRANSEXUAL batalha pela certidão de nascimento com o nome feminino e pela cirurgia de readequação sexual.

Ludymilla Santiago, de 27 anos, percebeu que era diferente quando tinha 14 anos. “Na época, comecei a me dar conta de que gostava de homens e me sentia desconfortável com o grupo”, conta. Aos 16, começou a se vestir como mulher. “Não se nasce sabendo que é TRANSEXUAL, acontece em um processo”, explica. Ludymilla hoje luta pelo reconhecimento da família, que não aceita a mudança de gênero e continua chamando-a pelo nome masculino.

De acordo com a vice-presidente da Associação do Núcleo de Apoio e Valorização à Vida das Travestis e Transexuais do DF e Entorno (Anavtrans), Sissy Kelly, até hoje travestis e transexuais sofrem discriminação de pais, irmãos, amigos e, também, social. “Os transexuais e travestis têm dificuldade, inclusive, de acessar serviços de saúde e no mercado de trabalho por causa do preconceito”.

Para discutir e buscar soluções, foi criado o Dia Nacional da Visibilidade, comemorado hoje no Brasil. A data foi criada em 2000, quando um grupo de travestis e transexuais negociou com o Governo Federal e com o Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde uma campanha de esclarecimento sobre quem são e o que querem. Dois anos depois, surgiu a campanha nacional TRAVESTI e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos em casa, na escola, na boate, na vida.

Para marcar a data, será realizado no auditório da CUT, na próxima quinta-feira, o II Seminário da Visibilidade com o tema Inserção Social. O seminário é organizado pelo grupo Elos e Núcleo de Atenção à Diversidade e Enfrentamento a Discriminação Sexual, Étnico Racial e Religiosa, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda.

Cirurgia é irreversível

Em todo o Brasil, homens descobrem que são mulheres e mulheres se reconhecem como homens. No entanto, apenas no Rio de Janeiro, em Goiás, em São Paulo e no Rio Grande do Sul é realizada a cirurgia de readequação sexual, conhecida como transgenitalização.

Para fazer a cirurgia, é necessário um acompanhamento psicoterapêutico e hormonal de, no mínimo, dois anos, para evitar arrependimentos. No Distrito Federal, o serviço é oferecido pelo Programa Transexuais do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Nascido há cerca de sete anos, o projeto conta com psicólogos, psiquiatras, ginecologistas e endocrinologistas. “É importante que eles e elas tenham certeza de que querem fazer a cirurgia, já que é irreversível”, explica a psicóloga hospitalar e mentora do programa, Sandra Romero.

Além disso, ela explica que o programa oferece atendimento aos familiares, que dificilmente aderem ao programa. “A mudança é grande e difícil para os pais, então é natural essa resistência”. Segundo a psicóloga, o apoio da família é essencial no processo de transformação e autoafirmação.

Para Sandra, a iniciativa tem conseguido bons resultados. Dos 25 participantes do ano passado, seis já fizeram a cirurgia no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), responsável por realizar o sonho de transexuais do Distrito Federal e de outros estados brasileiros. A professora e coordenadora do Projeto no Hospital da UFG, Mariluza Silveira, conta que as cirurgias são realizadas, no local, há mais de dez anos.

Até o momento, foram feitas cerca de 36 cirurgias, dentre as quais sete foram de mudança do sexo feminino para o masculino. O procedimento é realizado por um ginecologista e um cirurgião plástico. “Elas nascem outra vez, só que no corpo certo”, afirma. Segundo Mariluza, dois rapazes já se casaram legalmente após um realizar a cirurgia. “É porque mudamos também o nome e o sexo na certidão de nascimento, assim, a lei não tem como negar o casamento legal”.

Além disso, a reposição hormonal é acompanhada por médicos e psicólogos. “Deixamos claro, desde o primeiro dia, que é preciso continuar monitorando a saúde por toda a vida por causa dos hormônios”. Segundo a professora, as altas doses podem causar problemas e até matar.

SAIBA +

As reuniões do Programa Transexuais acontecem toda terça-feira no HUB, às 10h, e voltam a funcionar nesta terça-feira. Para participar, procure a coordenadora do programa, Sandra Romero, no telefone 91575700.

No DF, apenas nos últimos dois meses (dezembro e janeiro), o Nudin já atendeu 45 cidadãos que sofreram preconceito por intolerância sexual, religiosa e racial.

Uma das principais lutas de travestis e transexuais é pela inserção no mercado de trabalho. Por causa do estigma, são restringidas a trabalhar como cabeleireiras, prostitutas ou cozinheiras.

Apresentação de Slides por 

0 Shares

Descubra mais sobre Soropositivo. Org - Há Vida com HIV!!!

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Você também pode gostar de

Comentarios estão fechados

Apoie Nosso Trabalho! Se você acredita no valor do conteúdo que oferecemos e deseja nos ajudar a continuar produzindo informações importantes sobre o HIV e a saúde sexual, considere fazer uma contribuição via PIX. Qualquer valor é bem-vindo e nos ajuda a manter esse projeto ativo, alcançando mais pessoas! Chave PIX: [email protected] Sua contribuição faz a diferença. Muito obrigado pelo apoio!

Comentarios estão fechados

Soledad is the Best

Blog Soropositivo.Org online de 1º de agosto de 2000 é mantido com os recursos pessoais de Cláudio Santos de Souza. Então, se vc pode ajudar, faça, agora, um PIX DE QUALQUER VALOR para [email protected]. Vai cair em Nubank. Obrigado. Fiquei dois anos afastado por que o stress de ter de correr atrás do prejuízo para ter o privilégio de servir me puseram em uma cama. Finalmente pude realizar outros sonhos e voltei a tocar como DJ e se Deus quiser, meu livro sai no final de 2024/2025.

 

Sempre disse: Há vida com HIV, mas aprendi uma nova: Hey, você aí… Não desista! Resista, persista e insista, a resiliência é fruto cotidiano da labuta diária!

 

Edtior's Picks

Latest Articles

u00a92022u00a0Soledad.u00a0All Right Reserved. Designed and Developed byu00a0Penci Design.

function show_edit_link_to_admins() { // Verifica se o usuário está logado e tem a permissão de editar posts if (is_user_logged_in() && current_user_can('edit_posts')) { // Exibe o link "Editar este post" com o ID do post atual echo '

Editar este post

'; } } add_action('wp_footer', 'show_edit_link_to_admins');

Descubra mais sobre Soropositivo. Org - Há Vida com HIV!!!

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading

Pular para o conteúdo