Vacina para diminuir casos de câncer do colo do útero e outros relacionados ao HPV

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Untitled-22  Vacina para diminuir casos de câncer do colo do útero e outros relacionados ao HPV Untitled 22Be­lo Ho­ri­zon­te  –  a in­clusão da va­ci­na de vírus do pa­pi­lo­ma hu­ma­no (HPV) no Pro­gra­ma Na­ci­o­nal de Imu­ni­zações (PNI) po­de re­pre­sen­tar a re­dução nos ca­sos de câncer de co­lo de úte­ro, a se­gun­da mai­or cau­sa de mor­ta­li­da­de en­tre as mu­lhe­res bra­si­lei­ras. A boa notícia é que a in­tro­dução da va­ci­na está em es­tu­do pe­lo Mi­nistério da Saúde. “A in­clusão po­de pa­re­cer um cus­to, mas re­pre­sen­ta um in­ves­ti­men­to em saúde. Po­de pa­re­cer um dispêndio no mo­men­to, mas o go­ver­no vai eco­no­mi­zar mui­to com os cus­tos do tra­ta­men­to do câncer no fu­tu­ro”, de­fen­de Char­les Pádua, di­re­tor do Ce­tus Hos­pi­tal-Dia, ins­ti­tuição es­pe­ci­a­li­za­da em me­di­ci­na on­cológi­ca de Be­tim, na Gran­de Be­lo Ho­ri­zon­te. Da­dos do Ins­ti­tu­to Na­ci­o­nal de Câncer (In­ca) apon­tam que, em 2012, no Bra­sil, de­vem ser re­gis­tra­dos 17.540 no­vos ca­sos des­se ti­po de tu­mor – o equi­va­len­te a 17 ca­sos pa­ra ca­da 100 mil mu­lhe­res. 

Na re­de pri­va­da, há 14 anos, a va­ci­na vem sen­do apli­ca­da em mu­lhe­res de 9 a 26 anos, e des­de o ano pas­sa­do o uso foi li­be­ra­do também pa­ra ho­mens na mes­ma fai­xa etária. A va­ci­na qua­dri­va­len­te, que com­ba­te os ti­pos do HPV iden­ti­fi­ca­dos co­mo 6, 11, 16 e 18, po­de ser en­con­tra­da em clíni­cas par­ti­cu­la­res a preços que va­ri­am de R$ 300 a R$ 350 pa­ra ca­da uma das três do­ses. Em­bo­ra o HPV, que se re­fe­re a uma família de vírus com mais de 200 ti­pos di­fe­ren­tes, se­ja as­so­ci­a­do às mu­lhe­res, ele po­de cau­sar nos ho­mens o câncer de pênis, ânus e as ver­ru­gas ânus-ge­ni­tais, co­nhe­ci­das co­mo cris­ta de ga­lo.
O al­to cus­to da va­ci­na com­pro­me­te uma am­pliação da co­ber­tu­ra da imu­ni­zação. “Ape­nas 1% da po­pu­lação de­ve ter se va­ci­na­do, o que, em ter­mos de saúde públi­ca, não re­pre­sen­ta na­da. Pa­ra re­du­zir­mos a quan­ti­da­de de vírus cir­cu­lan­do, teríamos que pro­te­ger de 80% a 90% da po­pu­lação”, afir­ma o pre­si­den­te da So­ci­e­da­de Bra­si­lei­ra de Imu­ni­zações (Sbim), Re­na­to Kfou­ri. Quan­do há va­ci­nação em mas­sa, mes­mo que não se­ja a to­ta­li­da­de da po­pu­lação, é possível re­du­zir a cir­cu­lação do vírus e até mes­mo er­ra­dicá-lo. “Mes­mo as pes­so­as que não re­ce­bem a va­ci­na são pro­te­gi­das in­di­re­ta­men­te, por­que se tra­ta de imu­ni­da­de de “re­ba­nho””, pon­tua. Na Aus­trália, on­de a va­ci­nação con­tra o HPV é uma políti­ca públi­ca, hou­ve re­dução ex­pres­si­va no núme­ro de ca­sos de câncer de co­lo de úte­ro.
Ver­ru­gas
Exis­tem no mer­ca­do du­as va­ci­nas con­tra o HPV: a bi­va­len­te e a qua­dri­va­len­te. A pri­mei­ra pro­te­ge dos ti­pos 16 e 18, cau­sa­do­res de 70% dos cânce­res de co­lo de úte­ro, e está in­di­ca­da pa­ra mu­lhe­res. Já a qua­dri­va­len­te com­ba­te também os ti­pos 6 e 11, res­ponsáveis por 90% das ver­ru­gas ge­ni­tais. Am­bas ofe­re­cem pro­teção adi­ci­o­nal con­tra ou­tras va­ri­e­da­des  cau­sa­do­ras de cer­ca de 10% dos cânce­res do co­lo de úte­ro. As va­ci­nas dão ao or­ga­nis­mo ca­pa­ci­da­de de ge­rar pro­dução de an­ti­cor­pos e pro­teção que che­ga a 99%. No en­tan­to, não po­dem ser usa­das co­mo tra­ta­men­to pa­ra quem já se in­fec­tou com o vírus.
A im­portância da in­clusão da va­ci­na no PNI au­men­ta con­si­de­ra­vel­men­te ten­do em vis­ta que ela é a for­ma mais efi­caz de pre­venção da do­ença, se­xu­al­men­te trans­missível. O vírus é pas­sa­do de pe­le pa­ra pe­le, não sen­do ne­cessária a pe­ne­tração pa­ra que ha­ja o contágio. Is­so faz com que o Pre­ser­va­ti­vo não se­ja a for­ma mais efi­caz de evi­tar a do­ença. De acor­do com Char­les Pádua, en­tre 50% e 80% de ho­mens e mu­lhe­res vão con­trair o HPV em al­gu­ma épo­ca da vi­da. “A par­tir do mo­men­to em que o in­divíduo ini­cia a vi­da se­xu­al, está ex­pos­to”, diz.
O on­co­lo­gis­ta acres­cen­ta que há vári­os tra­ba­lhos ci­entífi­cos que com­pro­vam re­dução na in­cidência de ca­sos de cânce­res de úte­ro, vul­va e pênis nos países on­de hou­ve a in­tro­dução da va­ci­na. Al­guns mu­nicípi­os bra­si­lei­ros es­tu­dam a pos­si­bi­li­da­de de adoção da do­se, no en­tan­to, se­gun­do Pádua, pa­ra que ha­ja efi­ciência é pre­ci­so a im­plan­tação de um pla­no na­ci­o­nal. De acor­do com o Mi­nistério da Saúde, a in­clusão de va­ci­nas le­va em con­si­de­ração vári­os critéri­os, co­mo o epi­de­mi­ológi­co (pre­valência e in­cidência da do­ença de­vem ser re­le­van­tes); o imu­nológi­co (a imu­no­ge­ni­ci­da­de pro­por­ci­o­na­da pe­la va­ci­na de­ve ser de al­ta eficácia) e o cus­to. O mi­nistério in­for­mou ain­da que vem re­a­li­zan­do de­ba­tes técni­cos so­bre a in­tro­dução des­sas va­ci­nas no pro­gra­ma na­ci­o­nal.
He­pa­ti­te B
A va­ci­na con­tra a He­pa­ti­te B po­de con­tri­buir também pa­ra a re­dução da in­cidência do car­ci­no­ma he­pa­to­ce­lu­lar, o tu­mor ma­lig­no primário mais co­mum no fíga­do. “A va­ci­na con­tra a He­pa­ti­te B, do­ença trans­missível se­xu­al­men­te e pe­lo san­gue con­ta­mi­na­do, tem gran­de im­pac­to na re­dução da in­cidência des­se ti­po de câncer”, des­ta­ca a pre­si­den­te da Sbim-RJ, Isa­bel­la Bal­la­lai. A va­ci­na está dis­ponível gra­tui­ta­men­te nos pos­tos de saúde pa­ra ho­mens e mu­lhe­res de até 29 anos.
Pes­so­as aci­ma des­sa ida­de e não va­ci­na­das ou que não sa­bem se já re­ce­be­ram a va­ci­na po­dem ser imu­ni­za­das em clíni­cas pri­va­das. São ne­cessári­as três do­ses pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to de pro­teção efi­ci­en­te con­tra o vírus. Cer­ca de 90% dos recém-nas­ci­dos com vírus da He­pa­ti­te B de­sen­vol­vem a for­ma crôni­ca da do­ença. Por es­sa razão, é im­por­tan­te que os ca­sais es­te­jam va­ci­na­dos con­tra a do­ença an­tes que ocor­ra a ges­tação. No bebê, a va­ci­na de­ve ser apli­ca­da pre­fe­ren­ci­al­men­te nas pri­mei­ras 12 ho­ras de­pois do nas­ci­men­to.
“Ape­nas 1% da po­pu­lação de­ve ter se va­ci­na­do, o que, em ter­mos de saúde públi­ca, não re­pre­sen­ta na­da. Pa­ra re­du­zir­mos a quan­ti­da­de de vírus cir­cu­lan­do, teríamos que pro­te­ger de 80% a 90% da po­pu­lação”
Re­na­to Kfou­ri,
pre­si­den­te da So­ci­e­da­de Bra­si­lei­ra de Imu­ni­zações
vírus
Os HPVs (vírus do pa­pi­lo­ma hu­ma­no) são da família Pa­pi­lo­ma­vi­ri­dae, ca­pa­zes de pro­vo­car lesões na pe­le ou na mu­co­sa. Na mai­or par­te dos ca­sos, as lesões têm cres­ci­men­to li­mi­ta­do e cos­tu­mam re­gri­dir es­pon­ta­ne­a­men­te. Exis­tem mais de 200 ti­pos di­fe­ren­tes de HPV. Eles são clas­si­fi­ca­dos co­mo de bai­xo ris­co e de al­to ris­co de câncer. So­men­te os de al­to ris­co estão re­la­ci­o­na­dos a tu­mo­res ma­lig­nos.

In­cidência
A in­fecção por HPV atin­ge cer­ca de 630 mi­lhões de pes­so­as no mun­do. Es­ti­ma-se que os ti­pos 16 e 18 do vírus cau­sem de 40% a 50% dos cânce­res de vul­va e 70% dos cânce­res va­gi­nais, bem co­mo 85% dos ca­sos de câncer anal.

Sin­to­mas
O HPV po­de per­ma­ne­cer no or­ga­nis­mo sem qual­quer sin­to­ma por me­ses e até anos. Os tu­mo­res ma­lig­nos, por ex­em­plo, po­dem de­mo­rar de 10 a 20 anos pa­ra se de­sen­vol­ve­rem.

Contágio
A pro­ba­bi­li­da­de de contágio também é al­ta, va­ria de 50% a 80%, e o vírus po­de ser trans­mi­ti­do mes­mo que es­te­ja la­ten­te (sem ma­ni­fes­tação visível).

Va­ci­na

A va­ci­na qua­dri­va­len­te con­tra o HPV é ad­mi­nis­tra­da em três do­ses, com apli­cação in­tra­mus­cu­lar. A pri­mei­ra po­de ser apli­ca­da em da­ta es­co­lhi­da, a se­gun­da é ad­mi­nis­tra­da dois me­ses de­pois da pri­mei­ra e a ter­cei­ra, seis me­ses após a pri­mei­ra.

COR­REIO BRA­ZI­LI­EN­SE – DF | SAÚDE
DST, AIDS E HE­PA­TI­TES VI­RAIS
09/04/2012



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Claudio Souza DJ, Bloqueiro e Escritor
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