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Como abordar a questão da morte com os pacientes infectados pelo HIV?

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 1 Comentário 776 visualizações 5 minutos leitura
She is going your way. Lost time is never found again.

Everybody Dies… sooner or later

Falar sobre a finitude da vida, seja a do outro ou a de si próprio, não é tarefa fácil na atualidade, pois vivermos como se fôssemos imunes à condição de mortais, em um pacto coletivo de silêncio sobre este assunto, talvez na tentativa de mantê-la afastada, entre os mortos, e não chamá-la aos vivos. Mas, de repente, ela se impõe, torna-se presente através do adoecimento e de doenças sem cura e obriga o seu sujeito a nomeá-la. Impõe-se também à família do doente, a seu médico e demais profissionais que o acompanham. No entanto, é o sujeito que vivencia seu morrer, a finitude de sua existência, que pode dizer-nos como e quando pode falar e ouvir falar sobre sua própria finitude.

Abordar a morte com o paciente de forma que possibilite escuta e compreensão dos seus sentimentos, exige que o profissional esteja capacitado a ouvir sobre a condição de mortal do ser humano, sem excluí-lo e, portanto, remetendo – se também à sua mortalidade.

A pessoa com AIDS tem seu sofrimento intensificado pelo temor de como se dará o seu morrer. Nesse sentido, cada um, de forma diferente, antecipa em suas fantasias que doenças terá e o quanto será sua dor física e emocional decorrentes destas, ou seja, a vulnerabilidade que a AIDS, em especial, provoca.

É importante, portanto, estar atento às necessidades e possibilidades do paciente para falar sobre o assunto, respondendo às questões levantadas por ele, pois o paciente sinaliza ao profissional o que lhe é possível e em que momento. Poderá ainda, repetir inúmeras perguntas sobre seu estado de saúde/doença, e estas devem ser novamente respondidas. Outros podem não fazer perguntas, agir como se não estivesse acontecendo com eles, não querendo saber ou mesmo não entendendo o que lhe está sendo dito, o que pode indicar não só dificuldades de compreensão mas também um ausentar-se de cena, como uma forma de aguentar e lidar com seu morrer e com seu falecimento. Faz-se necessária uma avaliação psicológica para que se possa entender e discriminar melhor o que está acontecendo.

Ao falar com o paciente sobre sua morte deve-se ressaltar as (im)possibilidades de tratamentos existentes, assim como dividir a responsabilidade com o paciente, a família e/ou alguém delegado pelo paciente, nas decisões das terapêuticas e procedimentos adequados nas diferentes fases de evolução, principalmente na fase avançada da doença.

claudio felizNota do Editor de Soropositivo Web Site: Eu vi a morte de perto tantas vezes que me acostumei com a proximidade dela e, como sou espírita, minha compreensão deste fenômeno  é completamentemaroca diferente. O berço reinicia e o túmulo desdobra… Isso me deixa em paz e eu penso que se todos pudessem, e eu sei que ninguém pode pensar com a cabeça de outro, analisar a vida e a morte com tal simplicidade, já não haveria, para alguns, tantas razões para temer uma coisa que todos nós teremos, mais dias, menos dias, de enfrentar.

A morte, às vezes, pode ser um alívio para aquele que parte e, nós, os que ficamos, não deveríamos, como eu vejo aqui, ali, lá e acolá se deixar embevecer pelo vinho da amargura, bem apropriadamente chamado de vinagre e procurar fazer um balanço da vida da pessoa que partiu. Sim, eu sei, é difícil para um pai perder uma filha ou um filho de três anos…. mas… talvez esta criança tenha vindo a este mundo com um propósito simples, que é o de iniciar uma outra fase na família que fica, ou adestra-los na resignação e n a resiliência (há tanta criança precisando de um lar, eu mesmo mendiguei, em inglês, na porta do Hilton hotel: “Hey you! Adopt me!” I’m starving, I’m a homeless – tudo inútil! O desprezo com que me olhavam doía mais que a fome- enquanto ele alça vôos, pata o ainda mais alto, cuja clareza, agora, nos ofuscaria os olhos… Enfim, eu sei que falar sobre tudo isso é fácil, mas quando eu penso em perder a Mara, morro de medo. E quando penso em partir antes dela, temo deixá-la desprotegida.

O ideal, e eu trabalho muito neste sentido, é que Deus, num dia de bom humor, encontre uma maneira, sei-lá, Ele é tão Criativo! É o Criador… e, neste dia de bom humor Ele invente uma piada cósmica estarrecedora para todos, mas repleta de felicidade para nós que, depois de analisarmos certos eventos, como passar as férias de verão na mesma praia, termos estados na mesma quermesse e sabemos que era MESMO A MESMA QUERMESSE porque houve, lá, na quermesse, uma espécie de corre e corre, e eu, não sei bem, mas aquela fogueira acabou mal e, creiam ou não, temos 52 dias de diferença na data do nascimento que, está claro para mim, e está clara para ela, que o Lulu Santos se inspirou em nós dois, que fomos feitos um pro outro, podes crer…

Eu ouso dizer que partiremos juntos, numa situação que chocará a todos, mas que nos levará juntos (lágrimas) para onde quer que mereçamos estar.

Um dia, talvez, eu vos conte sobre  um lugar que eu conheço e que se chama “Dois Sóis”

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Sempre disse: Há vida com HIV, mas aprendi uma nova: Hey, você aí… Não desista! Resista, persista e insista, a resiliência é fruto cotidiano da labuta diária!

 

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