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Repetidos testes de HIV feitos por Não Soropositivos

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 849 visualizações 4 minutos leitura

Repetidos Testes de HIV Feitos por Não Soropositivos

Por que tantas pessoas fazem repetidos testes de HIV, mesmo sem estarem em risco?

É uma pergunta frequente e uma realidade que vejo todos os dias. Muitos indivíduos soronegativos, que não tiveram comportamentos de risco, continuam procurando serviços de saúde para realizar repetidos testes de HIV. Mas o que motiva essas pessoas a se testarem tantas vezes? O que alimenta esse ciclo de medo e insegurança?

O medo e a culpa como motivadores

A resposta, muitas vezes, está enraizada em um episódio passado. Uma experiência de vulnerabilidade, um comportamento de risco ou, em alguns casos, fantasias e medos irracionais. Esses sentimentos desencadeiam um intenso sentimento de culpa, que acaba sendo aliviado temporariamente pelo resultado negativo do teste. Para essas pessoas, testar-se repetidamente é uma forma de tentar lidar com esse medo constante da infecção.

HIV como castigo: uma visão distorcida

A visão do HIV/AIDS como um castigo ainda faz parte do imaginário social. Muitas pessoas carregam o estigma de que o HIV seria uma “punição” por um comportamento considerado “errado” ou “imoral”. Infelizmente, esse tipo de pensamento é alimentado por certos grupos, incluindo alguns “orientadores espirituais”, que já afirmaram que a AIDS seria a “vingança de Deus”.

Essa mentalidade cria um ciclo de medo e vergonha. As pessoas acabam acreditando que a infecção pelo HIV seria uma espécie de “castigo” por suas ações. É um pensamento que não só atrasa a compreensão correta da doença, mas também prejudica a saúde mental de quem convive com o medo constante de estar infectado.

Os repetidos testes de HIV e a eterna busca pelo diagnóstico

Conheço pessoas que repetem seus testes de HIV várias vezes, sempre com resultados negativos. O problema não está nos exames, que são extremamente confiáveis, mas no medo enraizado e, em alguns casos, no que chamo de “janela imunológica eterna”. Essas pessoas nunca acreditam no resultado negativo. Mesmo após o período da janela imunológica, continuam vivendo com a ansiedade e a dúvida.

Testar-se repetidamente não resolve o problema emocional. Na maioria das vezes, o medo não está relacionado à realidade de uma possível infecção, mas sim à culpa e ao medo inconsciente que persistem.

A origem do estigma e o impacto na saúde mental

Durante os primeiros anos da epidemia de HIV, a doença foi associada a grupos marginalizados, como homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas. Essa associação com “transgressões” sociais criou um estigma que ainda persiste em muitos casos. Mesmo sabendo que o HIV pode afetar qualquer pessoa, a imagem do vírus como uma “peste” ou “ira divina” ainda está presente no imaginário popular.

Este estigma aumenta a angústia e a culpa daqueles que temem o HIV, mesmo quando suas ações não os colocam em risco. Ao procurar repetidos testes, eles estão, na verdade, tentando se livrar da ansiedade causada por esses sentimentos.

Desejos, curiosidades e comportamento de risco: quem nunca teve?

A verdade é que todos nós, em algum momento, já experimentamos curiosidades, desejos ou comportamentos que podem ser considerados de risco. Isso faz parte da natureza humana. Mas a realidade é que, com o tempo, aprendemos com nossas experiências e passamos a adotar práticas mais seguras.

Se você viveu um comportamento de risco no passado e já passou pela janela imunológica com um resultado negativo, é hora de parar de procurar “pelo em ovo”. Cuide-se daqui em diante e valorize o fato de que muitos, infelizmente, não tiveram a mesma oportunidade de obter um resultado negativo.

A importância de buscar ajuda emocional

Em muitos casos, essa busca constante por testes de HIV é o reflexo de conflitos emocionais mais profundos. O medo da infecção pelo HIV pode estar associado a desejos reprimidos, culpa inconsciente e outros fatores psicológicos que precisam ser tratados. Não é incomum que essas pessoas acabem se colocando, de forma inconsciente, em situações de risco, em uma tentativa de lidar com a ansiedade.

É fundamental que essas pessoas procurem ajuda psicológica e psicoterapêutica. O acompanhamento psiquiátrico pode ser necessário em alguns casos, para lidar com a angústia e evitar que a busca pelo “castigo” se transforme em uma autossabotagem.

Minha experiência de apoio

Ofereço meu apoio através do WhatsApp, reconhecendo que, assim como eu, essas pessoas estão passando por momentos de grande vulnerabilidade. Entendo profundamente o que é lidar com o medo, a culpa e a ansiedade em torno do HIV, e sei que muitas vezes, o maior desafio não é o vírus, mas os fantasmas que ele evoca em nossas mentes.

Conclusão

Se você faz repetidos testes de HIV e sempre obtém resultados negativos, é hora de refletir sobre a raiz desse medo. O HIV não é um castigo, e a janela imunológica tem um fim. Se o seu teste deu negativo após o período correto, você está livre dessa preocupação. Agora, cuide-se, adote práticas seguras e procure apoio emocional, se necessário. Há muitas pessoas, como eu, dispostas a ajudar.

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Sempre disse: Há vida com HIV, mas aprendi uma nova: Hey, você aí… Não desista! Resista, persista e insista, a resiliência é fruto cotidiano da labuta diária!

 

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