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Estigma HIV e AIDS

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 1,2K visualizações 7 minutos leitura

Estigma, HIV e AIDSEstigma HIV e AIDS tem sido, em minha vida, uma constante. No ano 2000 eu assumi uma posição, tornei-me uma pessoa vivendo com HIV publicamente. Os preços que paguei, e ainda pago por isso, tiveram suas cobranças feitas no campo da vida social

Estava pensando um pouco aqui, eu penso, pouco, para não queimar mais neurônios que o habitual. Pensava neste ponto do texto

Estigma HIV e AIDS ⇿ Como As Pessoas Com HIV O Enfrentam? Enxugando Gelo…

“No estigma, um sistema de crenças é realmente compartilhado pelo estigmatizador e os estigmatizados. O estigmatizador teme tornar-se o tipo de pessoa que odeia, e a pessoa estigmatizada sente [que] [em]vergonha… O estigma tem controle sobre as pessoas: é o que é tão tóxico e injusto em tudo isso”.

Recebo, em meu WhatsApp (+55 11 940 675 078), a pessoas que, por uma razão ou outra, passaram a acreditar que podem ter contraído HIV. Estas pessoas, muitas vezes, fazem dezenas, e até mesmo centenas de testes contra a presença de HIV e nunca conseguem aceitar o resultado não reagente.

Elas acreditam que “merecem ter o vírus”. Para elas, o HIV é castigo.

…É Por Minha Esposa E Minha Filha… Eu mereço (Ter HIV)

 

Estigma HIV e AIDS é uma constante em minha vida. Em algum ponto, no passado, eu assumi uma determinada postura esta fala veio de “um consulente”.

A esposa estava grávida e refratária, como em alguns casos acontece, a relações sexuais com o marido. Creio que isso é quase antropológico e tem, lá no fundo, alguma relação com o instinto reprodutor temporariamente consumado; mas, nestas ilações, reconheço que viajo.

Bem, nosso amigo e personagem (personalidade) não pode conter-se, e eu entendo isso, afinal o casal tinha 27 e 26 anos, e recorreu-se dos serviços de uma profissional que, eu não entendo este ponto, fez o trabalho sem preservativos. Preocupo-me com estas moças e quer dirigir-me brevemente a elas.

Falando para as profissionais do Sexo:

“Moças, por mais que vos possa parecer que – ele não tem AIDS, que não tem cara de quem tem isso”, quem vê cara não vê AIDS!. E veja, por mais que os R$ 100,00, R$ 300,000 ou R$1.000,00 a mais para não ter de usar o preservativo, não compensa absolutamente nada daquilo que você poderá fazer com este “cash”!

 

Sei bem o que digo, após quase trinta anos de vida com HIV! Bem, este moço que disse isso para mim nada diferente do que segue abaixo disse:

“Esta é uma doença de gente má, de caráter ruim, de índole duvidosa que trai a esposa ou o esposo, dentre outras coisas”!

E preciso citar Sílvia Almeida, viúva, mãe de três filhos:

O HIV não muda o caráter das pessoas

E ele não está sozinho nesta linha de pensamento. Quando as pessoas vêm até a mim, ou ficam “lá”, ensimesmadas com seus medos, tudo aquilo que elas dizem, ou pensam, e temem contra si, em geral, é exatamente aquilo que pensam de mim (nós) como pessoa (pessoas) vivendo com HIV ou AIDS.

Somatizando AIDS

Tenho, em minha cabeça, um texto sobre HIV/AIDS e somatizações que, um dia, juro, publicarei, mas vejam, sei de pessoas que “têm TODOS OS SINTOMAS da AIDS”! E estão vivas, sem tratamento, depois de quatro anos!

A ficha não cai?

Entristece-me chegar a estas conclusões, mas eu não estou escrevendo estas coisas com base em um achado! São falas, falas e falas, iguais no contexto, embora diferentes no conteúdo que mostram muitas coisas e, dentre elas, também, um total e completo desconhecimento dos fatos sobre a AIDS e negando somatização, mesmo quando claramente referendada.

NÃO ESTOU LOUCO(A) E somatização não faz isso.

Ignorância em meio à informação

Muitas vezes as pessoas que me procuram mostram-me, claramente, que nada sabem sobre HIV/AIDS e, nos dias de hoje, além do meu blog, com mais de 650 posts, há uma plêiade de sites muito bons em meio a outros tantos muito ruins.

As pessoas passam a acreditar que contraíram HIV há menos de três meses e começam a “manifestar” sinais de doenças oportunistas. Agora há pouco, na manhã de 17 de abril de 2021, ouvimos a BAND fazer uma matéria de quase 30 minutos sobre AIDS. Nunca vimos isso na TV antes!

Matéria bastante elucidativa, mereceria, creio, um horário melhor. Mas eles devem repeti-la, espero.

A AIDS, o Grande Estigmatizador, demora a Surgir

O fato é que ela mostra o que quase ninguém mostra. Entre o momento em que uma pessoa contrai HIV até o momento em que o ciclo de vida do HIV consumiu recursos orgânicos até à deficiência imunológica, AIDS, podem passar-se de dez a vinte anos sem tratamento.

Outro dia falava com uma moça, que me bloqueou (cancelamento?) quando descobriu meu lado humano, e percebi-a estupefata quando lhe disse que poderiam ser necessários, no mínimo, cinco anos para começar a haver complicações. Eu a sondei e, de fato, ela não tinha a menor ideia a respeito.

Estigma HIV e AIDSEsta ignorância, endêmica, multiplica sofrimentos, espalha medos, gera testagens até diárias em algumas pessoas, consumindo preciosos recursos econômicos, enquanto cerca de, no mínimo, 100.000 pessoas portam HIV e não o sabem!

Enfim, o estigma contra HIV/AIDS ajuda a complicar, em muito, as coisas. E esclarecer, esclarecer e esclarecer é dever de todos, todos e todos.

 

Portanto, muitas vezes, sinto-me assim:

Enxugando o gelo.

Cláudio Souza

Se você gostou deste texto, talvez possa gostar deste: Enxugando o Gelo

Ou deste: AIDS e Legalidade Sonegada.

 


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