O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é dividido em dois tipos: HIV-1 e HIV-2. O HIV-2 foi descoberto em 1986, cerca de cinco anos após o HIV-1 ter sido identificado como o causador da AIDS. O HIV-2 está restrito, principalmente, à África Ocidental.
Embora o HIV-2 compartilhe algumas características com o HIV-1, ele difere em termos de origem, composição genética, distribuição, virulência e patogenicidade, além de ser menos responsivo a certos medicamentos antirretrovirais utilizados para tratar o HIV-1.
Origem do HIV-2
A zoonose é uma doença infecciosa transmissível de animais não humanos para humanos. Existem mais de 200 tipos conhecidos de zoonoses, representando uma grande porcentagem das doenças novas e já existentes em humanos.
Ligação Animal
Acredita-se que o HIV tenha origem zoonótica:
- HIV-1: Pensa-se estar relacionado aos chimpanzés e gorilas.
- HIV-2: Suspeita-se que tenha origem ligada ao macaco fuliginoso.
Um dos maiores desafios para a criação de uma vacina contra o HIV é a variabilidade genética excepcional do vírus. Além de existir em dois tipos distintos, há diversos subtipos, alguns dos quais são mais virulentos ou resistentes a medicamentos, tornando a busca pela cura um desafio contínuo.
Distribuição do HIV-2
Das 38 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, cerca de 1 a 2 milhões têm HIV tipo 2. A maior parte das infecções por HIV-2 está concentrada na África Ocidental e em países com fortes laços coloniais ou socioeconômicos com a região, como França, Espanha e Portugal, além de ex-colônias portuguesas, como Angola, Moçambique, Brasil e Índia.
O HIV é transmitido de uma pessoa infectada para outra através de fluidos corporais, como sêmen, sangue e secreções vaginais, com métodos comuns de transmissão sendo sexo anal e vaginal desprotegidos e compartilhamento de agulhas.
Nas últimas duas décadas, a prevalência do HIV-2 diminuiu em alguns países da África Ocidental, como Senegal, Gâmbia e Guiné-Bissau, embora as razões para essa redução não sejam claras. No entanto, também houve um aumento nas infecções duplas, em que uma pessoa contrai HIV-1 e HIV-2. Estima-se que 15% das infecções por HIV na África Ocidental envolvam ambos os tipos.
Prevalência do HIV-2 nos Estados Unidos
O primeiro caso de HIV-2 nos Estados Unidos foi relatado em 1987. Atualmente, menos de 1% das pessoas com HIV nos EUA têm o HIV-2.
Virulência e Patogenicidade
O HIV-2 é geralmente menos virulento e progride mais lentamente do que o HIV-1, estando associado a:
- Cargas virais mais baixas
- Declínio mais lento na contagem de células CD4
- Taxas de mortalidade reduzidas
A transmissibilidade sexual do HIV-2 também é menor. Embora as pessoas com HIV-2 possam progredir para a AIDS, uma parte significativa delas apresenta um controle viral de longo prazo. Esse controle tem sido um modelo promissor para a pesquisa de uma possível cura funcional.
Transmissão de Mãe para Filho
O HIV-2 apresenta menor taxa de transmissão perinatal que o HIV-1, com uma taxa estimada de 0,6% a 0,8%.
Diagnóstico
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam o teste inicial com um imunoensaio de combinação antígeno/anticorpo aprovado pela FDA. Um teste reativo é seguido por um exame que diferencia HIV-1 e HIV-2. É importante notar que alguns exames comuns para HIV-1, como o Western Blot e os testes de RNA e DNA, não detectam o HIV-2 de forma confiável e podem gerar resultados falso-negativos.
Tratamento
Para evitar a progressão da doença e a transmissão do HIV-2, recomenda-se que a terapia antirretroviral comece logo após o diagnóstico. Muitos medicamentos antirretrovirais para o HIV-1 também são eficazes no tratamento do HIV-2, mas alguns, como os inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos (NNRTIs) e o inibidor de fusão enfuvirtida, são ineficazes para o HIV-2. A primeira linha de tratamento inclui dois NRTIs e um inibidor de transferência de cadeia da integrase (INSTI), como bictegravir ou dolutegravir.
Mesmo com a eficácia reduzida do tratamento, a taxa de mortalidade entre pessoas com HIV-2 é 50% menor do que entre aquelas com HIV-1.
Importância do Monitoramento
Pessoas com HIV-2 em terapia antirretroviral devem ser monitoradas quanto aos níveis virais para avaliar a resposta ao tratamento.
A Cura Funcional
A cura funcional para o HIV permanece indescritível, mas a pesquisa continua avançando, inspirada em casos de controle viral como o dos portadores de HIV-2.
Traduzido por Cláudio Souza.
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