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Mídia tenta expor mulher como mercadoria neste carnaval e em outras épocas do ano

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 1,3K visualizações 6 minutos leitura

skolvcm1*Mabel Dias escreveu para Carta Capital que, justamente nesta semana, semana do carnaval (hoje é 13 de Fev. de 2015), época em que a violência contra a mulher é ainda mais  frequente (impressiona-me e envergonha-me ser homem e ter de concordar com isso!…), com todos os “pretextos possíveis e imagináveis”, a “cervejaria SKOL” teve a infeliz idéia de criar _peças publicitárias_ que tendem a “justificar” a violência masculina contra as mulheres. Posters e cartazes dizendo “esqueci o não em casa” e “topo antes de saber a pergunta” são algumas das frases espalhadas na metrópole paulistana.

A publicitária Pri Ferrari e a jornalista Mila Alves, que com um senso crítico e atencioso se aperceberam que a campanha incentiva visivelmente  a “perda de controle“, durante um período em que registra-se altíssimo índice de violência sexual, desde beijos forçados a estupros consumados e decidiram-se a marcar com algumas intervenções nas peças publicitárias (SIC), acrescentando outras palavras para reforçar o respeito e a não violência às mulheres.

A reação e intervenção de grupos feministas foi constrangedora para a referida marca de cerveja, que acabou por retirar a campanha das ruas paulistas. Uma belíssima vitória das mulheres, mesmo que o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – Conar – tenha permanecido silêncio absoluto a respeito da situação.

A máxima no imaginário popular e machista é que, quando uma mulher diz “não”, ela está querendo dizer “sim”. Isso é usado como justificativa para os crimes de violência, entre eles o de estupro, que acontecem com mais intensidade no carnaval.

Uma outra faceta deprimente desta violência é a que ocorre neste período, os beijos forçados nos blocos, considerado estupro pela legislação brasileira.

E assim mesmo a emissora afiliada da Rede Globo no Estado da Bahia lançou uma enquete que beira ao ridículo em um de seus telejornais, inquirindo se o beijo forçado deveria ser proibido ou não; é inaceitável que um veículo formador de opinião venha a tomar tal posição perante uma questão seríssima.

A enquete chegou às redes sociais e causou grande furor negativo.

A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), por exemplo, afirmou que “este é o tipo clássico de jornalismo que só ajuda a agravar mais o machismo da sociedade e a visão da mulher como posse do homem”.

Com relação à intervenção de Pri Ferrari na mal-fadada campanha da Skol, Ferrari postou a ação em seu perfil no Facebook, onde teve mais de 20 mil curtidas mais de 7500 compartilhamentos!

A iniciativa chegou até a Ambev, responsável pela fabricação da cerveja e da peça publicitária em si; um dos diretores da empresa ligou para a publicitária e informou que iriam montar uma “força tarefa” para retirar todas as peças publicitárias das ruas.

Entretanto, tais estereótipos ,construídos pelas propagandas de cervejas não têm só na Skol seu exemplo. São incontáveis as ações de grupos feministas contra o machismo explicito exibido nas peças publicitárias. A marca Itaipava traz, desde o mês de janeiro, mulher  explicitamente como mercadoria em suas peças publicitárias.Cenas que são clássicas do machismo: uma mulher que pouco fala, dona de um bar, vestida com roupas minúsculas, que serve aos homens e que tem o nome de “Verão”, em uma alusão a estação do ano.

No texto “A cerveja e o assassinato do feminino”, a doutora em Sociologia da Universidade de Brasília (UNB) Berenice Bento afirma que “nesses comerciais não há metáforas. A mulher não é “como se fosse a cerveja”: é a cerveja. Está ali para ser consumida silenciosamente, passivamente, sem esboçar reação, pelo homem. Tão dispensável que pode, inclusive, ser substituída por uma boneca de plástico, para o júbilo de jovens rapazes que estão ansiosos pela aventura do verão”.Berenice Bento considera que, mesmo com a luta do movimento feminista, ao pautar a violência contra as mulheres como uma das piores mazelas, a estrutura hierarquizada das relações entre os gêneros ainda é muito presente. Revela as múltiplas fontes que alimentam o ódio ao feminino.

A publicidade das cervejas no Brasil retratam bem isso. E não se pode dizer que isso é _natural_, uma “brincadeirinha”. É o retrato do machismo que mata mulheres e meninas. Retrato de uma sociedade que precisa ser transformada, e que atitudes como as de Pri Ferrari e Mila Alves, ou como das mulheres da Rede Mulher e Mídia, que estão sempre atentas e combativas às violações à imagem da mulher na mídia.

*Mabel Dias é jornalista e integrante do Intervozes

Nota do Editor de Soropositivo Web Site:

O original desta matéria pode ser lido no link abaixo, onde estão publicadas fotos das intervenções feitas nas “peças de publicidade”. Eu observo atentamente este “peçonhar” constante da mídia com relação às mulheres e abomino a prática em qualquer instância. Mulher não é objeto e nem propriedade. Ou você pensa assim de sua mãe e sua esposa? Muita desta violência sexual redunda em gravidez não desejada (onde o _homem_ desaparece, ou em AIDS, para se tornar uma lástima ainda maior…

E, claro, há os casos de estupro dentro do matrimônio, pois no momento em que a mulher não está bem para manter uma relação sexual, o”macho real” abre as plumas, empavona-se em indignação e parte para cima da mulher, dando vazão aos seus instintos mais baixos (porque amor isso não é) instintos, para terminar, três minutos depois (além de tudo um galo) saciado em sua perversão, pensando, É MINHA MULHER E FAÇO COM ELA O QUE EU QUISER.

E eu nem digo às mulheres vilipendiadas desta forma que reajam e chutem o “saquinho”do babaca porque, depois, a agressão dele seria dez vezes maior. Por mais que eu pense, não sei como tirar a mulher deste labirinto de machismo, misoginia e opressão. Portanto, faça o que tem de ser feito, vá a uma delegacia da mulher, apresente queixa, pois nem mesmo você poderá remover a queixa depois e o nosso amiguinho vai ver o sol nascer quadrado e, muito provavelmente, lavando a roupa de um “protetor” e dormindo no canto da cama, como dizia o saudoso Bezerra da Silva.

\Malando é malandro. Mané é mané

http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/no-carnaval-a-midia-promove-violencia-contra-as-mulheres-7089.html

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