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Uma carta as travestis.

by Claudio Souza DJ, Bloqueiro

Eu vivi, uma boa parte de minha vida, na noite. Comecei minha carreira de DJ ainda aos 17 anos na extinta boate Louvre, nas proximidades do 178 da Major Sertório.

Lá imperava uma lei: Sem travestis.

Man wearing woman clothing on white

Man wearing woman clothing on white

Esta lei tinha uma brecha para as travestis da Nádia Kendall, que se vestiu de mulher em São Paulo pelo final da década de 5º (Um dos homens mais corajosos que conheci) e encontrou-se na antiga Boca do Luxo, quando ela era na Bento Freitas, depois do Governador Laudo Natel resolveu “dar um fim à exploração de lenocínio na rua José Paulino… (sim, sim, onde hoje viceja um comércio de roupas, havia um comércio de álcool e corpos), junto com luxúria e lascívia (me lembrei de Maria Pera naquela série “o primo Basílio”, onde ela literalmente roubou a sena.

Estas eleitas, as que podiam frequentar a Boca do Luxo participavam de duas companhias de shows. “Lês Girls” de Nádia Kendall, que não pode sobreviver mais três ou quatro meses, até que “aparecesse” a Terapia Combinada, que logo depois foi renomeada para coquetel e, finalmente, alguém com juízo estabeleceu que é TARV – Terapia Anti Retro Viral (eu ainda me lembro dela, sem nenhuma noção de si. torturada em todo o corpo pela Zoster (…), e a Companhia de Bruno Garbin e Grande Elenco, e eu não posso deixar de citar Eulo de Almeida – o melhor humorista que eu já, colocando-o a par e passo com José de Vasconcelos, Le Blanc (a pessoa em questão vive, hoje, outra vida e eu não vou lhe levantar o passado, mesmo porque, é passado… e havia a “Poderosíssima” Phedra de Cordova.

travestis

Para citar um exemplo, havia um homem, que acabou naturalmente banido dali, que “escolhia uma moça” e dava a ela um dia de gala (sic) e tudo o que ela desejasse ter, não importando (não importando mesmo) o preço (ele podia muito e tudo começava com uma Dom Perignon que, respeitadas as correções monetárias  custavam, no Louvre e No Le masque, duas casas em que trabalhei, algo em torno de R$ 3.000,00 e, no Vagão Plaza, onde eu também fui DJ, cerca de R$ 5.000,00, que ele pagava em dinheiro vivo, e os mais fleumáticos ou sensíveis, em “espécie”.

Bem, depois eles iam para o Aeroporto, um dos lugares que nós, os bobos e sonhadores da noite, íamos tomar o café da manhã, em Congonhas. Dali ele a levou e comprou para ela tudo que o dinheiro e todos os cartões de crédito dele poderiam pagar, e podiam muito até que, lá pelas 15:00 ele a levava para casa, dava-lhe um vestido de noiva, dizia a ela para entrar num caixão (Brrrrrr), e elas, as duas ou três que caíram nessa, e fechar os olhos.

O tempo passava, e nada acontecia e esta é, naturalmente, uma situação incômoda e, francamente, dinheiro nenhum do mundo me poria nesta condição… Aí ela abria os olhos e via o homem, com uma máscara aterradora e uma faca imensa. A pobre entrava em desespero e gritava totalmente desesperada e ele a retinha no caixão com uma mão e ria, num escárnio, daquela pobre criatura até que, embasbaquem-se, ele tinha um orgasmo prolifero em esperma que ele ainda passava no rosto na moça que, a esta altura, devia estar clamando por Maria de Magdalena.

Este home fez isso com mais duas pessoas e, na quarta tentativa tiraram-no do carro, ao qual atearam fogo e o espanca-lo como ele bem merecia. 

Drag queen with spectacular makeup, glamorous trashy look, posing happily and charming camera from sideways angle

“Back Uf Always, Back Up often”

“Faça Back Up sempre, faça back frequentemente”

E pude restaurar o site.  Bem, isso não importa.

 Eu peço perdão por ter vindo até aqui nesta balada porque meu intuito era responder a um cidadão, que beijo na boca não transmite HIV. O fato é que na página da janela imunológica, bem no começo, há uma imagem e, ao que me parece, ninguém a observa. E… Veja bem, eu não me importo em responder, ou já teria trancado a possibilidade de comentar ali e, sobretudo, não deixaria meu ZAP à disposição, mesmo porque há um interminável número de perguntas e respostas similares e vocês poderiam encontrar, com algum trabalho de pesquisa na página, a resposta que procuram. Não farei isso, trancar os cometários e muito menos tirar meu ZAP de lá e acabei por me lembrar de algo. O HIV não se transmite pelo beijo desde que sua boca esteja saudável. Uma gengivite pode tornar esta condição um tanto pior, se houver, por exemplo, contato com sangue da boca da outra pessoa e, desta forma, teríamos de imaginar um cenário bastante surreal onde duas pessoas com gengivite e sangramento na boca (com a dor que isso propicia) e outra (que teria de ser louca) resolveram se beijar!

Então amigo, olhe a imagem abaixo, que é a mesma que está também no início do post.

Voltando à travestis eu me recordo de um “evento” que me causou e causa até hoje, extremo pesar. Provavelmente ela era nova na área e ninguém avisou a ela que a esquina da Major Sertório com a Bento Freitas era ponto proibido. Ela não sabia disso e, por era nova na área, área sempre “governada por um cafetão filho da puta” que deve ter feito uma cobrança inicial (isso era praxe) e ele, só por maldade, pode ter dito a ela que ficasse “ali”

“Ali” ela não ficou três minutos antes de ser “escalada e concitada a sair. Tola, ela não saiu e o resultado disso que mais de vinte pessoas começara a espanca-la e, em menos de um minuto já estava inconsciente e eles. Loucos, começaram a chutá-la. Eu pensei em fazer algo… certamente eu seria massacrado também e, na sequência, banido de lá.

Felizmente havia um tira de bom coração que deu três tiros para o alto e, todos parados, ele disse: AFASTENSE DELA PORQUE NESTE AQUI AINDA TEM TRES E A 9mm TEM DEZ NO PENTE E UMA NA AGULHA.

Os bastardos inglórios acabaram sendo identificados, presos e, o que ocorreu com eles, embora eu deteste esta coisa de tortura, foi merecido. 

Eu comecei este texto alguns dias atrás, quando vi um vídeo no Facebook onde, dentre todas as barbaridades cometidas contra aquela pessoa, aquele ser humano, aquela travesti me deu asco e eu resolvi me manifestar.

Não gosto da fruta, mas isso não me dá o direito de perseguir ninguém. Eu me lembro que na mesma rua mais de dez anos depois, fui eu mesmo alvo de insultos, pedradas e do grito que eu nunca poderei esquecer quando já ia venerando pela Marquês de Itu, em direção à praça da República, onde tudo começara, cerca de trinta e quatro anos atrás, quando cai…

 

Bem, falar demais não é bom e eu já expressei quase tudo o que tenho a dizer.

 

Eu, como homem, e até mesmo como um Dandy , peço perdão àquela travesti que eu não poderia ter ajudado e a cada uma que eu vi o que aconteceu e sei como aconteceu.

Eu peço perdão a vocês e digo: Eu não sou o único homem que e envergonha destas barbaridades e, creiam, pode parecer estranho, mas o mundo está mudando e chegará o dia em que vocês serão respeitadas como seres humanos e eu vos digo, copiando e colando Alceu Valença eu digo:

 

Tu vens!… Tu vens!… eu já escuto os Teus Sinais!…

Tu vens!… Tu vens… e eu Te anuncio nos Sinos das catedrais!…

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