Chuvas na vida de moradores de rua
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Chuvas na vida de moradores de rua

Chuvas na vida de moradores de rua é o Inferno de Dante para um Santo. A vida de um morador de rua é uma b***a.

E quem sempre teve onde dormir, não faz ideia!!!

As Chuvas na Vida de um Morador de rua

Publicar algo assim, às vésperas do natal, é algo deliberado.

Quero te forçar você a olhar aquela pessoa que todas as manhãs te estende as mãos

E que todas as tardes, quando ela novamente te estende as mãos, você possa refletir :

E se fosse eu ali, sem esperanças, se P**** nenhuma? Pode ser você ainda amanhã!

E se olhares, de si para si, ou me responder por alguma via que és bom no que fazes e és insubstituível!

Eu te digo uma coisa bastante sagaz:

“Os cemitérios estão repletos de insubstituíveis”.

E veja, a vida de um morador de rua, por mais esperto que seja depara-se com a crise:

Onde eu vou dormir hoje:

Creia, o morador de rua tem, sempre, ou quase sempre, um lugar.

Um lugar “mais ou menos seguro”. 😳😳😳

Este lugar em que o morador de rua “se hospeda” é uma calçada”.

Sabe aquela soleira de uma loja que é um pouco mais recuada?

É ali!

Até o dia em que alguém manda criar, em uma serralheria, um “dispositivo” com “inumeráveis pequenas lanças!

E se foi a caminha! 😡😡😡

Bom, eu tive duas histórias bastante perturbadoras com esse fenômeno chamado chuvas!

As Chuvas na vida de moradores de rua é o Inferno de Dante para um Santo são apenas Fenômeno Climato/Atmosféricos? Não!

Uma delas tem relação com uma viagem que eu fiz para Santos, na intenção de trabalhar como estivador. Os estivadores riram de mim!

Mas não é desta ocasião que eu quero tratar agora neste texto. O fato é que, para contar a vocês o que eu vou contar agora, é preciso explicar.

Antes, tenho que explicar todo o meu modus vivendi, que acabei por desenvolver, em face à absoluta falta de opção!

As Chuvas e você, morado de rua, como Parte da decoração

Chega um momento, quando se vive na rua, que você “passa a fazer parte da decoração”. E, explicando o facilmente explicável, eu passei a ser parte dessa “decoração”.

Todas aquelas pessoas que, junto comigo, viviam nas ruas ou aqueles que, de uma forma ou de outra, passavam o dia inteiro na rua eram conhecidos como:…

…O Povo da Rua. Porque, as Chuvas na vida de moradores de rua é o Inferno de Dante para um Santo.

E fazer parte desta irmandade tinha vantagens e desvantagens. A pior dessas desvantagens era ser bastante conhecido por parte dos investigadores de polícia e pelos soldados da Polícia Militar que, precisando, absurdo entre absurdos, estes eram os desvarios do Delegado José Wilson Richett, levavam até mesmo àqueles que já eram conhecidos, mesmo sabendo que nenhum deles (inclusive eu) representavam perigo, risco ou ameaça à sociedade, para a delegacia do 3º Distrito Policial, ali na Rua Aurora.

Abuso de Poder. Mesmo estes paspalhos sumiam em dias e noites de chuvas!

Em noites como aquela, ou aquela triste sequencia das quatro noites, narrada no blog, eu pediria que me averiguassem para eu sair daquilo!

Não me orgulho disso. Eu era tão conhecido a ponto de poder dizer ser um habituê! Eu fazia, sempre que visto, parte da cota diária de pessoas que eles precisavam levar para “averiguação”.

Para situar os mais jovens e aqueles que, sem saber direito, se dizem ser de extrema direita.

Santa paciência com a ignorância desses idiotas!

Nem os grandes militares do País querem tal coisa!

Naquele era o tempo, quando qualquer investigador ou policial que olhasse para a pessoa e visse nela “a possibilidade de ser um criminoso”, já tinha o justo direito de interpelar.

Pedir seus documentos e, em face de uma carteira de trabalho sem um registro corrente e atualizado, levar para o Distrito Policial, a título de averiguação.

Eu mesmo o fui. Fui levado com a maldita carteira assinada

Distorções Sistemáticas

Com isso, ocorriam distorções e nem sempre a pessoa que era colocada dentro do camburão era realmente uma pessoa que estava com a carteira de trabalho sem registros.

Eram menores de idade ou mulheres que estivessem transitando pela Avenida Rio Branco, já que essa avenida era bastante conhecida, naquela época, pelo maior índice de profissionais do sexo por metro quadrado. Só de lembrar, me dá nos nervos!

Não obstante, mulheres que nada tinham a ver com aquilo e que moravam na região, eram levadas por esses insanos (melhor colocação) e colocadas em uma cela para averiguação. Uma mulher que não tinha a menor noção de como proceder quando alguém lhe dissesse:

O Sapato, a cama e o boi

-“Joga o sapato no boi”.

As encarceradas dormiam no chão. O chão era a cama, como você ousaria pisar, com sapatos vindos das ruas, a “cama destas pessoas”. A coisa começava a feder ali mesmo, naquele momento. Mas…

Vejam vocês!!!!!!

E não foi apenas uma e não terá sido duas mulheres que foram presas para averiguação e ficaram desesperadas. Muitas delas haviam saído apenas e tão somente para ir até o mercadinho ao lado e voltar rápido, pois haviam deixado em casa, a panela de pressão em fogo baixo.

Pois bem creio que os parágrafos acima fala bastante sobre o que é estado de direito.

A a relação de direitos humanos violados.

Naqueles tempos, era muito difícil.

Falar de Direitos Humanos!

Alguém ter a coragem de defender os direitos humanos era preciso ter balls!!!.

Mas eu cito, por exemplo, Dom Evaristo Arns*. Um ícone entre gigantes.

O que não faltam hoje são pessoas defendendo os direitos humanos, levantando bandeiras que considero ambíguas e duvidosas. Para uma experiência, quando a Comissão da Mulher Advogada me ajudou a sair de um problema duríssimo, eu tive a necessidade de ajuda da Comissão de Direitos Humanos da OAB. E o representante dela foi prolixo e listo em me dizer: Não vamos ajudar você não!

Eu fiquei P. da Vida
Foi assim que me sentiu naquele momento, com vontade de dizer VTMNC

Sobre este tema, dei algumas pinceladas iniciais no texto anterior a esse, onde eu reconheço a legitimidade de se defender direitos humanos de pessoas que estão em estado de total e completa vulnerabilidade.

Pessoas que são incapazes de tomar decisões adequadas para sua própria sobrevivência, e que já estão em evidente condição de vida similar à escravidão!

Na época em que eu vivi nas ruas, tal coisa não existia.

Mesmo sendo um menor de idade. Ninguém que tivesse juízo, abrigaria um menor vindo dos lugares em que eu costumava frequentar. Lugares que, naqueles dias, eram conhecidos como “puteiros”.

Prostíbulos Eu Frequentei-os

Eram prédios que, por alguma razão que eu não consigo discernir, acabavam depreciados e desvalorizados. Seus proprietários (eu não entendo bem como era que eles se consorciaram) fizeram acordos para que cada apartamento tivesse, por finalidade, a exploração do lenocínio*.

O que eu sei, de verdade, é que esses prédios já estavam com essas funções plenamente estabelecidas, na época que eu os descobri.

A frequência com que eu visitava esses lugares, tornou-me conhecido como um p**eta! , pessoa que frequentava esses prédios, sem a menor intenção de contratar os serviços de qualquer profissional do sexo, mas para tirar algum proveito e algum prazer, é claro, dos artifícios que essas moças se utilizavam, no afã de conquistar o cliente!

O Menor de Idade que foi apenas uma vez para a FEBEM!

Mas eu era menor e, digamos que eu já levava algum jeito com as mulheres… O que eu acabei conseguindo foi a simpatia dessas moças e, até mesmo, dos proprietários e das proprietárias desses apartamentos!

Desta forma, eu acabei sendo transformado em uma espécie de office-boy destes “estabelecimentos comerciais”.

Da mesma maneira, eu também me tornando conhecido dos funcionários desses prédios que,  em geral, eram pessoas com mais de 60 anos, esquecidas pelo “Sistema de Previdência Social, e que, sem recursos para ganhar suas vidas, acabavam trabalhando nesses lugares como ascensoristas, faxineiros e porteiros.

O Sistema, sempre o Sistema

Eles eram filhos de um sistema econômico que parece estar tentando se restabelecer nesse país!

Mas, como eu não estou aqui para falar coisa nenhuma a respeito de política, eu volto a minha história pessoal, onde quem me salvou a vida, em uma determinada noite, foi um desses porteiros. Ele sabia, sim, que Chuvas na vida de moradores de rua é o Inferno de Dante para um Santo!

Uma dessas vítimas infelizes do sistema macabro e sádico de capitalismo que parece defender apenas, a bem da verdade, aquele 1% dos mais ricos da nossa sociedade, tão solidários que mereciam estar é encarcerados na solitária.

Creio que eu tinha 14, talvez 15 anos e eu ainda ia comer muita merda na vida.

Eu sei sim o porque e digo que este porquê me pôs no Inferno

O fato aconteceu em uma determinada noite, na qual, eu nem sei direito porquê, estava impossibilitado de aparecer nos prédios, onde eu poderia dizer que era “o meu território”.

Naquela noite estava chovendo a cântaros e eu não tinha a menor ideia de como fazer para me abrigar. Uma chuva que alguns diriam ser Deus quem mandava, mas aquela, pensava eu, fora o diabo quem mandou!

Chuvas Não sei. Era uma chuva só que não dava um minuto de trégua

O importante disso tudo é que eu, de tentativa em tentativa, acabei batendo na porta de um desses porteiros e pedi para entrar. Como já era mais de meia-noite e as atividades do edifício haviam sido encerradas, era o que me restava na tentativa de me abrigar da chuva.

O prédio tinha uma porta dessas de metal bastante barulhenta, pois quando bati nela, com o punho cerrado, ouvir-se o som em quase todos os quarteirões do centro (hoje chamado de centro antigo) da cidade de São Paulo.

A porta de metal também tinha uma janelinha que permitia, para quem estivesse tomando conta do prédio durante a noite, ser aberta ou entreaberta e olhar quem batia nos horários em que o estabelecimento já estava fechado, afim de saber se deveria ou não abrir a bendita porta!

O Diálogo: Tire-me das Chuvas, por Deus

E por essa portinhola, um homem colocou seus olhos para fora e perguntou o que eu queria.

-” Eu preciso entrar! Está chovendo demais! Estou com muito frio”.

-“Eu não posso deixar você entrar! Se eu deixar você entrar e a polícia der uma batida aqui, eles me prendem e eu nunca mais saio da Casa de Detenção!”

Aqui entre nós, provavelmente, aquele homem já havia vivido coisas parecidas e estava coberto de razão. No entanto, eu também estava coberto de razão e de água!

A Decisão Final: Se tenho de morrer, que eu morra aqui, diante de sua porta

Respondi a colocação dele mais ou menos assim:

  • “Se você não abrir a porta, eu vou acabar morrendo aqui! E como não tenho mais a quem recorrer, eu vou sentar aqui do lado de fora e ver o que me acontece. Pois, com toda a certeza, eu vou morrer!”

Eu preciso colocar aqui que eu não disse exatamente nesses termos, mesmo porque, creio eu, não tinha tal vocabulário. Mas, de fato, ali me sentei e ali mesmo permaneci, porque o cansaço estava muito violento e eu já estava um bocado molhado.

Melhor Morrer? Ou seria melhor ser um quiabo no prato de churrasco?

Creio que, naquele momento, eu entendi que era melhor morrer do que continuar vegetando daquela forma!

Mas isso não durou sequer três minutos. Aquele homem, eu nem sei o porquê, abriu a porta e, apontando para mim, indicou que eu caminhasse em direção ao elevador.

A porta do elevador estava aberta, mas o carro do elevador não estava ali. Este senhor ordenou que eu entrasse e me deu uma espécie de “forração para outros carpetes, aquela coisa mal feita que gera coceiras até em um tatu ou crocodilo, sei lá!!!”.

Ele me disse para não dar um só pio. Caso o elevador fosse chamado outra vez, ele ordenaria que eu saísse.

Se você não conseguiu entender bem o que aconteceu, coloco aqui em poucas letras, o que é que realmente estava acontecendo comigo.

As Chuvas, o Poço e o Mofo fizeram do Meu sistema imunológico uma Tropa de Elite

Deitei-me no poço do elevador que estava repleto de lixo, com um cheiro de mofo infernal. Eu não me lembrava das baratas ou do risco de uma mordida ou uma mega urinada de um rato. Só fiquei ali, olhando o carro do elevador, a mais ou menos uns 50 cm distantes de mim.

Sabia que se não estivesse ali, eu estaria na rua e, na rua, naquela noite, com aquele frio e aquela chuva, eu certamente morreria.

Duas décadas depois, fui diagnosticado como uma pessoa infectada pelo HIV. Se não fosse aquele homem, vítima de um sistema que, de tão perverso não será encontrado algo similar no próprio inferno, eu não teria chegado até aqui e, com toda certeza, não estaria aqui escrevendo essas coisas à vocês.

Flashback: Na verdade, a noite daquelas chuvas valeu!

Olhando para trás, revivendo aquela noite e sentindo aqui muito vivo, aquele cheiro de novo, tudo o que sei, percebo e acredito é que Deus me deu naquela noite, ou durante aquela noite, uma espécie de treinamento para o meu sistema imunológico que, daquele dia em diante se tornou algo muito parecido com uma Tropa de Elite!

E tudo isso, amigos que me leem e inimigos que me leem e me detestam, são coisas e fatos pelos quais eu sou grato a Deus! Certamente eu não teria tido a chance de estar aqui se meu sistema imunológico não tivesse sido tão bem treinado como ele foi naquela noite!

Quanto mais eu olho para trás, mais eu entendo certas coisas e, tenha certeza, mais grato a Deus eu fico.

Portanto, meus amigos leitores e meus sempre bem vigiados detratores, tenham certeza de uma coisa: Tudo é como Deus deseja.

Sua Opinião é importante! Por favor, faça sua resenha sobre este texto!

Muito Obrigado


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