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Comida é Remédio: Abordagem Inovadora no Tratamento do HIV

Comida não é só nutrição. Comida É Vida

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
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Comida é Remédio

Um ensaio clínico concluiu que refeições e produtos de mercearia adaptados do ponto de vista médico, combinados com educação nutricional, podem reduzir hospitalizações e melhorar a saúde física e mental das pessoas com HIV. No entanto, a intervenção não produziu melhorias em termos de carga viral não suprimida, de acordo com um relatório publicado no Journal of Infectious Diseases.

O “Estudo Mudando a Saúde através do Apoio Alimentar para o HIV” (CHEFS-HIV) foi conduzido pela Dra. Kartika Palar, da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), em parceria com o Project Open Hand, uma agência de nutrição sem fins lucrativos com sede na Baía de São Francisco. O ensaio comparou uma intervenção intensiva, medicamente adaptada, que combina o apoio alimentar com as necessidades médicas e de saúde — uma abordagem “Comida é Remédio” — com os serviços alimentares padrão prestados pelo Project Open Hand.

O estudo investigou se essa intervenção poderia ajudar a reduzir a não supressão viral entre os participantes como desfecho primário. Além disso, explorou o impacto da abordagem “Comida é Remédio” nos seguintes resultados secundários: segurança alimentar, sintomas de depressão, adesão à terapia antirretroviral, hospitalizações e a frequência de relações sexuais sem preservativo nos últimos três meses.

Por que o Estudo CHEFS-HIV foi Realizado

Entre as pessoas com HIV, a insegurança alimentar em países de renda elevada está associada a dietas de má qualidade, problemas de saúde mental, comportamentos sexuais de risco, menor adesão à terapia antirretroviral, contagens de células CD4 mais baixas, carga viral mais elevada e aumento da mortalidade. Tanto a insegurança alimentar quanto o HIV afetam desproporcionalmente minorias étnicas e pessoas de baixos rendimentos.

Os investigadores já haviam avaliado a abordagem “Comida é Remédio” em um estudo piloto com 52 pessoas com HIV e/ou diabetes, resultando em melhorias na segurança alimentar, sintomas de depressão e adesão aos antirretrovirais. No entanto, como esse estudo era pequeno, não tinha grupo de controle e não avaliou a carga viral, seus resultados justificavam uma investigação mais aprofundada.

A Estrutura do Estudo CHEFS-HIV

O Estudo CHEFS-HIV recrutou 191 participantes entre 2016 e 2017. Os clientes soropositivos do Project Open Hand puderam participar se tivessem pelo menos 18 anos de idade, falassem inglês ou espanhol, tivessem capacidade para armazenar e aquecer alimentos perecíveis e tivessem um rendimento familiar inferior a 200% do nível de pobreza federal dos EUA, refletindo a insegurança alimentar (para uma única pessoa, na época do estudo, o rendimento deveria ser inferior a US$ 23.760).

Noventa e três participantes foram designados para o braço de intervenção, que forneceu “Comida é Remédio” durante seis meses. Esse grupo recebeu:

  • Refeições e mantimentos adaptados: Três refeições por dia, projetadas para atender às necessidades energéticas diárias (entre 1965-2359 calorias/dia). O plano alimentar variava semanalmente e era composto por alimentos com baixos níveis de açúcares refinados e gorduras saturadas, incluindo frutas e vegetais frescos, proteínas magras, gorduras saudáveis e grãos integrais.
  • Educação nutricional: Incluiu uma sessão individual de aconselhamento nutricional no início e no final do estudo, uma chamada de avaliação aos três meses e três aulas de nutrição em grupo, abordando tópicos como HIV, nutrição, porções, leitura de rótulos e demonstrações de culinária.

Os outros 98 participantes foram designados para o grupo de controle, que recebeu mantimentos ou refeições preparadas suficientes para uma ou duas refeições por dia e teve reuniões breves com nutricionistas a cada seis meses, mas sem a componente educacional.

Resultados do Estudo

A maioria dos participantes eram homens com idade igual ou superior a 50 anos, pertencentes a minorias étnicas, com nível de escolaridade superior ao ensino médio. Muitos (30%) haviam usado drogas ilícitas nos últimos 30 dias e 60% relataram problemas de saúde mental. O tempo médio desde o diagnóstico de HIV foi de 22 anos, e 40% dos participantes tinham diabetes, hipertensão ou doenças cardiovasculares.

No início do estudo, 36% dos participantes não tinham carga viral suprimida e a pontuação média de qualidade de vida foi de 52,4 (em uma escala de 0 a 90). Além disso, 63% dos participantes apresentavam insegurança alimentar, 46% sintomas de depressão e 22% relataram não tomar corretamente mais de 10% de suas doses de antirretrovirais. Cerca de 8% haviam sido hospitalizados nas últimas semanas, e 61% relataram usar preservativo durante o sexo.

Após seis meses, 88% dos participantes permaneceram no estudo, o que indica uma alta taxa de retenção. As taxas de carga viral não suprimida diminuíram em ambos os grupos, mas não houve diferença significativa entre eles nesse parâmetro.

No entanto, o grupo “Comida é Remédio” apresentou resultados positivos em outras áreas:

  • O risco de insegurança alimentar grave foi reduzido em 77%.
  • O risco de sintomas graves de depressão foi reduzido em 68%.
  • Houve uma diminuição no consumo de alimentos gordurosos e uma melhora na adesão à terapia antirretroviral.
  • As taxas de sexo sem preservativo diminuíram significativamente.
  • A proporção de hospitalizações caiu de 11% para 5% entre os participantes do grupo “Comida é Remédio”, enquanto aumentou de 6% para 11% no grupo de controle.

Conclusão

A Dra. Palar e seus colegas argumentam que programas como “Comida é Remédio” podem melhorar significativamente a saúde física e mental das pessoas que vivem com HIV, além de impactar comportamentos de risco, como o sexo desprotegido. Esses programas também podem ajudar a reduzir as hospitalizações, o que reflete uma melhoria geral na saúde dos participantes.

No entanto, como destacou o Dr. Seth Berkowitz, da Universidade Johns Hopkins, em um comentário de acompanhamento, esses programas são tentativas de mitigar os efeitos de condições sociais adversas, mas não abordam as causas profundas dessas injustiças sociais. Para realmente enfrentar esses problemas, seria necessária uma reforma mais ampla das instituições sociais que distribuem poder e recursos nos EUA.


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