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Meninas de 13 a 19 anos são as mais expostas ao HIV por concordarem em transar sem camisinha

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 703 visualizações 4 minutos leitura

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ÉPOCA

Editoria: Pág.

Dia / Mês/Ano:

Saúde & Bem-Estar

 

23/NOVEMBRO/07

22/11/2007 – 21:17 | Edição nº 496

Brincando de roleta russa

 

Meninas de 13 a 19 anos são as mais expostas ao HIV por concordarem em transar sem camisinha

Thiago Cid
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O Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde divulgou nesta semana seu boletim anual sobre o avanço da doença no Brasil. No relatório, um dado chama a atenção: a única faixa etária em que há mais mulheres do que homens doentes é dos 13 aos 19 anos. E não é um fenômeno recente. Desde 1998 o número de garotas contaminadas é maior. Atualmente, a proporção de jovens com HIV é de 10 meninas para cada seis meninos. Para explicar esse índice, ÉPOCA entrevistou Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Responsável pelo mais completo mapeamento da vida sexual do brasileiro, a psiquiatra afirma que "a decisão de não usar preservativo não vem da falta de informação, mas da vontade boba de agradar o parceiro."

ÉPOCA – Por que apenas na faixa etária dos 13 aos 19 anos o número de mulheres contaminadas é maior?
Carmita Abdo – A resposta depende de alguns fatores. Primeiro da própria anatomia. É mais fácil uma mulher contrair Aids. Afinal, ela recebe o esperma do parceiro, logo é mais fácil pegar a doença. O homem pode ter relações sem preservativo e ainda assim não ser contaminado. Claro que o risco é enorme, e se ele insistir nesta postura, acabará doente. Nesta idade, a mulher é mais suscetível às imposições do parceiro. Por medo de perdê-lo, ela abre mão de sua segurança. O pior é que quanto mais relações sem preservativo ela têm sem contrair doença nenhuma, mais relaxada ela fica na prevenção. Há um estudo que mostra que apenas 35% das mulheres usam camisinha em todas as relações. E o uso esporádico é como brincar de roleta russa.

ÉPOCA – Falta informação sobre a prevenção?
Carmita – Não. O que mais há hoje em dia são campanhas de conscientização nas escolas, tanto da rede pública quanto privada. O que se verifica mesmo é essa vontade de agradar o parceiro. Nas camadas mais pobres, muitas meninas vêem na relação amorosa, e por conseqüência no sexo, uma alternativa de mudança de vida. Querem sair do ambiente familiar conflituoso, da casa cheia. E para ter a sua própria casa e família, ela não pode contrariar o parceiro. Aliás, nessas camadas da população, as meninas sonham em engravidar do namoradinho. O que também ocorre, embora o percentual seja baixo, são meninas que pensam que a pílula protege de doenças sexualmente transmissíveis.

ÉPOCA – A iniciação sexual precoce tem relação com o alto índice de garotas contaminadas?
Carmita – Com certeza. A vida sexual dos jovens começa cada vez mais cedo. A média das meninas é 15 anos. Nessa idade, elas são muito influenciáveis. E além da falta de poder de negociação com o parceiro, aqui no Brasil muitas meninas têm pudor em se tocar. Isso quer dizer que não utilizariam também o preservativo feminino. A idéia de inserir algo na vagina pode soar como algo depravado. O pior é que os homens que se recusam a usar preservativo são justamente os mais perigosos. Se ele não usa com uma parceira, é bem provável que não tenha usado com a anterior. E o homem tem uma tendência a ter mais parceiras.

ÉPOCA – Mas por que o índice de meninas contaminadas não é igual ao de meninos?
Carmita – Provavelmente porque essas meninas estão tendo relações com homens mais velhos. Nesses casos, a pressão deles pode ser mais intensa. E maior o desejo da menina em agradar e conquistar o parceiro mais velho. Se o parceiro não tem a iniciativa, elas deixam acontecer.

ÉPOCA – O que é recomendável para diminuir este índice?
Carmita – Mais do que conscientização – porque elas sabem do risco que correm – o que é preciso é valorizar a mulher. Melhorar sua auto-estima, mostrar que a vida deve ser um projeto mais amplo. Ensinar que o futuro não está nas mãos de um namorado que irá conduzi-la pela vida, mas que é possível ter um emprego e ser independente. É preciso dar perspectivas para que ela mesmo construa sua vida. E para as que têm melhores condições sociais, ensinar que namorado algum tem mais valor que a vida dela. Se ele se recusa a usar preservativo, ele está sendo egoísta e não a quer bem. É preciso mostrar a estas meninas que elas devem ser a prioridade, sempre.


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