Início » Quando amor e medicina vencem medo e preconceito 28/11/2009

Quando amor e medicina vencem medo e preconceito 28/11/2009

por Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Publicado Atualizado em 0 Comentários 686 visualizações 5 minutos leitura

 

Avanços da ciência dão a casais em que um tem HIV e o outro, não, o direito de sonhar

POR PÂMELA OLIVEIRA

 

 

Rio – Tereza conheceu Antônio há 18 anos. Dois anos depois, estavam namorando. Cristina e André estão juntos há 6. Os dois casais quase tiveram suas histórias interrompidas com a descoberta do HIV. Tereza, que recebeu o diagnóstico de AIDS na década de 90, chegou a ter certeza de que morreria em pouco tempo, e temia perder Antônio, que não tem o vírus. Cristina, abandonada pela família na emergência de um hospital público após o diagnóstico, há 5 anos, enfrentou a desconfiança do marido, que queria saber a origem da doença. Apesar da falta de explicação, André, que não tem o vírus, esteve ao lado de Cristina por todas as noites em que ela esteve internada. E agora divide com ela a felicidade de terem passado juntos a “pior fase”.

 

 

 

Ao descobrir que Tereza tinha HIV, Antônio teve medo de ter sido o responsável por contaminá-laHoje, a formação de casais sorodiscordantes – como são chamados os pares em que uma pessoa tem HIV e outra não – já não é impossível ou rara, segundo o Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A ciência tem garantido cada vez maior sobrevida aos pacientes com HIV e, junto com o amor, está vencendo a batalha e permitindo aos casais o direito de fazer planos para o futuro. “Ele é a única pessoa que sabe que tenho o vírus. É o nosso segredo. Achamos melhor não contar para nossas famílias para evitar preconceitos e mágoas. Minha mãe não entenderia”, diz Tereza, 49 anos. “Eu não teria suportado tudo sem ele.

 

 

De repente, emagreci muito, perdi cabelo, e o médico disse que era AIDS. Estávamos juntos e choramos muito, muitas vezes”.

 

 

PROJETO DE VIDA

 

 

Antonio, 68, conta que seu maior medo ao saber que Tereza estava com o vírus era a possibilidade de ter sido a origem da contaminação. “Quando vi que meu resultado era negativo, fiquei aliviado porque não tinha sido eu. Em nenhum momento pensei em deixá-la. Passei a me sentir responsável por ela. Ela passou a ser meu projeto de vida e é muito bom ver que ela está bem e que conseguimos”, diz. “Por mais de uma vez eu achei que ela estava indo, mas felizmente estava errado. Agora, ela que vai ter que cuidar de mim porque estou ficando velho”, brinca.

 

 

Cristina, 40, conta que estava saindo do coma após passar mal, quando soube que estava com AIDS. Além do abandono da família, enfrentou outro problema: seus pais acusavam André de ter transmitido o vírus. “Não tive a oportunidade de escolher para quem contaria. Minha mãe ficou meses sem falar comigo. Se não fosse o André, eu teria ficado largada no hospital. Foi ele quem passou as noites ao meu lado, sentado num banco. Ele insistiu para que eu procurasse tratamento”.

 

 

A história de Ana Paula, 26 , é diferente. Há 8 anos, o ex-marido morreu com AIDS. Ela fez o teste, que deu positivo. Depois de muitas decepções, encontrou João. “Contei que tinha HIV e que não queria namorar. Estava cansada de ouvir os caras dizendo que não se importavam e sumirem depois. Mas João insistiu tanto que me dobrou”.

 

 

CAMISINHA é usada por 90% dos casais

 

 

A decisão de contar ao parceiro a descoberta ou a contaminação pelo HIV é um dos momentos mais difíceis. Segundo os médicos, ela é permeada de medos, inseguranças e dúvidas. “É uma decisão delicada. É diferente de falar que tem outra doença, como o câncer, por exemplo, porque o HIV é transmissível sexualmente. Há medo do abandono, de ser julgado. A gente tenta auxiliar a revelação porque pelo menos para o parceiro sexual é importante”, afirma a psicóloga Sandra Filgueiras, que faz parte do projeto de pesquisa de casais sorodiscordantes da Fundação Oswaldo Cruz.

 

 

O trabalho, que começou em 2000 e já conta com quase 100 casais, tem como objetivo estudar quais os fatores que aumentam ou reduzem o risco de transmissão. “Cerca de 90% dos casais usam PRESERVATIVO de forma consistente, ou seja, em todas as relações sexuais”, diz o psicólogo Nilo Fernandes, responsável pelo aconselhamento do projeto. Geralmente, o paciente positivo tem mais medo de contaminar o outro. “O negativo é quem costuma insistir para abrir mão do PRESERVATIVO quando sabe que a carga viral do outro está baixa e acredita que tem menos risco de se infectar. Há casos em que o casal já fez sexo antes de saber da doença e acredita que não vai pegar. Mas isso não é garantia”, diz a o acadêmico de medicina Bruno Linhares, que faz parte do projeto de casais sorodiscordantes do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe).

 

 

 

 

O DIA ONLINE-RJ

Editoria: Pág. Dia / Mês/Ano:

29/NOVEMBRO/09

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