Claudio Souza DJ, Bloqueiro
Esta é uma pergunta interessante de se responder. Contudo, é bem provável que eu não esteja mais vivo. Da mesma maneira que é provável que eu esteja vivo. Só que com 70 anos.
E eu me pergunto se estarei saudável, levando em conta que Sou portador de HIV desde 1994, quando a mim foi dada uma expectativa de vida de mais de seis meses e, portanto, chego, trinta anos depois, com a certeza que não sabemos de nada e que nada, na realidade está sob nosso controle.
Este controle é uma ilusão, os médicos podem pouco e o que podem é tentar evitar que determinados males cresçam.
Chegarem aqui tendo 30 anos de vida com AIDS e mais cinco de minha adolescência, nas ruas de São Paulo, pode-se dizer que a maioria do tempo as apostas não viam grande coisa em mim, por isso eu era a “pule do azarão” e só quem teve coragem de apostar em mim, de verdade, e foram muito poucos, tiveram uma grata surpresa
Porque posso dizer que, não obstante, estou aqui, vivo, com sessenta anos, com sorologia positiva, na verdade, um caso de AIDS por 30 anos.
Minha geração foi a primeira que passou dos 50 vivendo com HIV., Portanto, Pouco se sabe a respeito do envelhecimento das pessoas com HIV.
Meu pai me disse uma vez que para morrer, basta estar vivo. Se levarmos em conta número de crises e desencontros que tive com o meu pai ao longo de todo o mundo, vida, esta é uma das raras vezes em que lhe dou razão. Este mesmo pai disse a mim que eu morreria antes dos trinta, nas mãos de bandidos ou da polícia, pois nem para bandido eu servia.
Engano dele, posto que vive na noite, como DJ, por 15 anos e estava entre mulheres de reputação ambígua e duvidosa e tive de circular, dentro de normas de conduta entre seus cafetões, bem como policiais corruptos, delegados também corruptos e, no fim, saí de lá devido ao preconceito contra pessoas com HIV que, em 1994 era infernal, cafetões e policiais corruptos. Nunca tive nenhum problema com eles e o que arruinou tudo foi meu diagnóstico, que meu pai se recusou a amparar simplesmente porque eu não era como ele e não lavava o p88 depôs de cada mulher, lá na antiga boca do luxo, lá no Bom Retiro.
E, depois, me deram seis meses de sobrevivência e realizei tanta coisa, um blog, soropositivo.org, mantido online e ativo por vinte e quatro anos, quando me deram seis meses de sobrevivência
E a morte é uma realidade plausível a qualquer pessoa, me repito, estamos todos à mesma distância da morte e sim, esta é uma grande verdade, da qual Nenhum de Nós pode escapar!
Esta inevitabilidade me gera um temor existencial. Ao longo da minha vida e eu saí de casa aos 12 anos, tendo morado nas ruas por quase 5, estou acostumado.a lutar para sobreviver hoje e viver outro dia para lutar!
E diante desta realidade, a inexorabilidade da morte, eu não tenho como lutar, não há como sobreviver nesta luta, exceto por condescendência dela. E senão, vejamos:
- Duas embolias Pulmonares
- Nove pneumonias
- um enfarto
- duas meningites
Isso é só uma parte de meu histórico médico. E aprendi a lição! Procuro viver de forma saudável, E procuro manter bons hábitos de vida. Eu faço academia, esteira e musculação, busco manter uma alimentação saudável, que nem sempre é fácil.
E Já diminui o meu consumo de cigarros a no máximo 10 cigarros por dia eram 40. Pretendo parar. Porém a grande verdade é que cada um de nós e todos nós estamos juntos à mesma distância da morte. Algo pode acontecer no próximo segundo e eu nem mesmo termino essa frase, isso porque estou em casa em segurança.
Pois bem, acabei e ouvir na TV que um motorista de caminhão teve um mal súbito, bateu em três carros e ainda atropelou seis ciclistas. Quantas pessoas foram envolvidas no mal-súbito dele. Perdi a bem pouco tempo, uma pessoa querida para a morte.
Reconheço que querer que ela ficasse conosco mais tempo na Terra seria, na menor das hipóteses, egoísmo.
Lutando contra o câncer há tanto tempo…
Então ele decidiu parar de tentar, parar de tentar. Isso porque ela queria morrer em casa. Ela faleceu na última sexta-feira, por volta das 6 da amanhã, diante do televisor Assistindo desenho animados e rindo a valer, conta a mãe dela que de repente, ela percebeu um silêncio e foi lá olhar. Nossa amiga já tinha partido. Conversando com minha esposa, chegamos a conclusão óbvia, que não somos nada. Não temos controle de nada. Em tudo o que podemos fazer é viver da melhor maneira possível. Contudo, gostaria de chegar aos 70 anos mentalmente saudável e fisicamente saudável. Morando ainda em Santos, uma cidade que me acolheu tão bem! Se isso vai acontecer, nada posso dizer. Torço e espero, sempre, pelo melhor, aceito que recebo, faço com isso o melhor que posso para viver mais alguns minutos, ou nada!
Se existe algo que não podemos controlar é o futuro!
E para isso, faço o meu melhor. Há 1 ano, tenho ido à academia 3 vezes por semana.
Feito exercícios cardiovasculares e musculação Nos últimos seis meses ganhei cinco quilos de massa muscular e, porque não se sabe tudo na vida, aprendi que minha esposa gosta de músculos fortes.
E é verdade, mas ganhei massa muscular e uma grande capacidade cardiovascular e respiratória. Não sou um atleta, mas muitos atletas morrem atropeladas na que esqueceram de olhar antes de atravessar a rua. Então digitando um texto para o computador ele é um cretino. Ele não sabe de pontuação. Você fala frase, chega no que nós temos que parar porque tem gente pior… … portanto, não há garantia.
Para sintetizar, quero estar fazendo as três coisas que mais amo, que é estar tocando como DJ, escrevendo e cuidando de meu blog, com minha esposa mara, a meu lado.
Amo estar vivo e, repito, a morte é um terror existencial para mim
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